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Curiosidades / Inglaterra

Mulheres da Era Vitoriana tinham uma curiosa arma secreta contra o assédio

E era tão eficiente que acabou banida

Redação Publicado em 31/08/2019, às 08h00

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Crédito: Reprodução
Crédito: Reprodução

Os dois brutamontes saltaram ao bonde de Chicago e se postaram atrás do condutor, exigindo o dinheiro das passagens. O motorista estava prestes a ceder quando uma feroz figura lançou-se em seu resgate. Perfurados e rasgados nas mãos e na face, os ladrões saltaram do bonde em movimento.

Finda a confusão, ele conheceu sua salvadora: num vestido longo que ia até os punhos e não mostrava nem as canelas, sua figura comprimida por espartilhos, com um chapelão de meio quilo na cabeça e manchada do sangue inimigo, a jovem Sadie Williams tinha em mãos o maior inimigo dos maníacos, assaltantes e, vez por outra, ladras de marido: o alfinete de chapéu.

No final do século 19, a moda ditou chapéus cada vez maiores e mais elaborados. Sobre sua cabeça, as moças tinham que equilibrar não só o chapéu como laços de seda, véus de tafetá, flores, penas de pavão, tufos de avestruz e até frutas falsas. Ou melhor, não precisavam equilibrar: era tudo preso pelo alfinete de chapéu, que atravessava de lado a lado o acessório e o prendia aos cabelos, por grampos e presilhas.

Alfinetes da época / Crédito: Wikimedia Commons

Quanto maior o chapéu, mais robusto tinha que ser o alfinete. Para trespassá-lo, precisava ser afiado. Na virada do século 19 para o 20, os alfinetes podiam medir mais de 30 centímetros e ter um pomo de marfim, joias ou metal na base. Era, enfim, uma espada. Toda mulher que seguisse a moda andava armada.

Sangue no alfinete

No início, histórias como a de Sadie foram celebradas. Em 1903, o New York World contava o caso de Leoti Baker, que defendeu-se de um homem que tentou agarrá-la num coche com seu alfinete, rasgando seus braços. “Se as mulheres de Nova York toleram tarados, as do Kansas, não!”, bradou.

A simpatia não foi longe. No fim da primeira década do século 20, estava estabelecido um verdadeiro pânico das assassinas do alfinete. Jornais traziam histórias de pessoas mortas por acidentes ou conflitos banais, como um caso em Chicago em que uma esposa enfrentou a amante do marido num verdadeiro duelo de esgrima.

E havia uma parte política: sufragistas passaram a usar de sua arma para enfrentar a polícia. “Se as mulheres querem usar cenouras e galos em sua cabeça, é problema delas, mas, quando o assunto é carregar espadas, têm que ser impedidas”, afirmou um anônimo numa reunião do conselho municipal de Chicago, em 1910.

“Se os homens de Chicago querem tirar nossos alfinetes, primeiro devem deixar as ruas seguras”, retrucou a representante do clube das mulheres. Leis foram aprovadas no mundo todo limitando o comprimento dos alfinetes. Muitas mulheres preferiram enfrentar a lei do que os assediadores desarmadas. A arma secreta acabaria aposentada pela moda, quando chapelões ficaram para trás, na Primeira Guerra.