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'A Grande Onda de Kanagawa': 5 curiosidades sobre a obra

Uma das pinturas mais famosas do Japão, a obra de Katsushika Hokusai se tornou um grande ícone artístico

Éric Moreira Publicado em 30/04/2023, às 17h00

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'A Grande Onda de Kanagawa', de Katsushika Hokusai - Domínio Público via Wikimedia Commons
'A Grande Onda de Kanagawa', de Katsushika Hokusai - Domínio Público via Wikimedia Commons

Quando se pensa em algumas das pinturas mais emblemáticas produzidas ao longo da História da Arte, muita gente direciona o olhar rapidamente para um dos maiores polos artísticos do mundo: a Europa. E isso não é à toa, visto que, de fato, foi lá que surgiram grandes artistas como Michelangelo, que pintou 'A Criação de Adão', Leonardo da Vinci, com a 'Mona Lisa' e Edvard Munch, pintor de 'O Grito'.

No entanto, essa visão eurocêntrica da arte é muito proveniente do processo colonizatório que grande parte do mundo — em especial as Américas — sofreu, que colocava os europeus em uma espécie de pedestal e modelo a ser seguido. Prova disso é o fato de que, fora do Velho Continente, outras obras também abalaram a Arte, ao ponto de até mesmo influenciar esses pintores 'modelos'.

Esse é o caso de uma das pinturas mais famosas provenientes do Japão, 'A Grande Onda de Kanagawa', feita por Katsushika Hokusai. Confira a seguir algumas curiosidades sobre a obra:

'A Grande Onda de Kanagawa', de Hokusai
'A Grande Onda de Kanagawa', de Hokusai / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

1. Verdadeiro foco

Embora muita gente pense que 'A Grande Onda de Kanagawa' seja uma pintura simples, que retrate apenas as turbulentas águas do arquipélago japonês, a obra se trata, na verdade, de uma vista diferente do Monte Fuji, a mais alta montanha do Japão. Produzida por volta de 1830, é apenas uma de uma série de 46 xilogravuras de Hokusai que, apesar do número, são chamadas de 'Trinta e seis Vistas do Monte Fuji'.

Primeiro, é importante compreender o contexto: na época, a grande montanha — que é, na realidade, um vulcão ativo, mas com baixo risco de erupção — era vista pelos japoneses como uma espécie de divindade, que causava medo pelo risco de expelir lava, ao mesmo tempo que a neve em seu topo também era fonte de água. De acordo com a BBC, alguns até mesmo pensavam que o Monte Fuji guardava o segredo da imortalidade.

De fato, é possível observar a montanha na pintura. Ao fundo, bem ao fundo, de maneira bem discreta. A obra nada mais é que um entre muitos possíveis olhares sobre aquele impressionante monte. Apesar da grande gama da 'Grande Onda' no Ocidente, na época em que as xilogravuras foram produzidas, a que mais se popularizou foi 'Fuji Vermelho'.

'Fuji Vermelho', de Katsushika Hokusai
'Fuji Vermelho', de Katsushika Hokusai / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

2. Idade de Hokusai

Um fato sobre o conjunto de obras de Hokusai que nem todos imaginam, é que o artista japonês já tinha pelo menos 70 anos de idade quando as produziu. E conforme ele mesmo escreveu em um livro de memórias, quando tinha 76 anos, estava convencido de que seu melhor trabalho ainda não tinha surgido.

"Desde os 6 (anos), eu tive uma queda por copiar a forma das coisas. A partir dos 50, as minhas imagens foram publicadas...", escreveu, referindo-se a outras obras que produzira que já vinham sendo publicadas — em suma, figuras de animais, plantas e paisagens. "Mas até os 70 anos, nada do que desenhei era digno de menção."

Aos 73 anos, fui capaz de desvendar o crescimento de plantas e árvores, e a estrutura de aves, animais, insetos e peixes. Portanto, quando eu completar 80 anos, espero ter progredido cada vez mais, e nos 90, me aprofundar no princípio subjacente das coisas, de modo que aos 100 anos eu tenha alcançado um estado divino em minha arte. Assim, aos 110, cada ponto e cada linha serão como se estivessem vivos", definiu ainda como metas, no livro.
Autorretrato de Hokusai, aos 83 anos de idade
Autorretrato de Hokusai, aos 83 anos de idade / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

3. O azul

Como já mencionado, a obra de Hokusai não só é admirada atualmente por pessoas de diversos lugares do mundo, como até mesmo na época em que foi descoberta — não na época em que foi produzida, afinal, o Japão ainda era praticamente isolado do restante do mundo. 

Um elemento da 'Grande Onda de Kanagawa' que chama a atenção logo de imediato é o tom de azul empregado nas águas retratadas. Aquele é o azul da Prússia, um pigmento que não existia naquela região, mas era importado. E esse mesmo tom de azul, assim como as formas empregadas na obra, podem ser notadas, por exemplo, em 'A Noite Estrelada', de Vincent van Gogh.

'A Noite Estrelada', obra mais famosa do pintor neerlandês Vincent van Gogh
'A Noite Estrelada', obra mais famosa do pintor neerlandês Vincent van Gogh / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

4. Preço baixo

Hoje em dia é super comum encontrarmos pinturas de artistas famosos à venda por preços exorbitantes, muitas vezes beirando a casa dos milhões, dependendo da obra. Porém, embora 'A Grande Onde de Kanagawa' seja, de fato, uma obra apreciadíssima há séculos, sabe-se que o preço de venda de cada impressão de Hokusai foi avaliado em 16 mons — o equivalente a somente dois pacotes de macarrão.

Isso porque o pintor japonês considerava que uma arte barata, mas impressa em abundância e padrões técnicos refinados, teria a chance de se tornar lucrativa. Afinal, muitos usaram a obra como item decorativo.

5. Não é um tsunami

Sabe-se que o Japão se encontra em uma região do planeta muito assolada por terremotos e tsunamis. E por isso, também associado ao fato de muita gente pensar que 'A Grande Onda' se trata de uma representação com enfoque nas águas do mar, muito já se teorizou sobre a possibilidade de a pintura mostrar um tsunami.

Porém, "podemos ter certeza de que não é um tsunami", segundo o especialista em hidrodinâmica do Imperial College London, Chris Swan, à BBC. "Tsunamis são ondas geradas por eventos sísmicos, muitas vezes em águas profundas. Quando isso acontece, a onda tem uma crista muito longa, o que não é o caso da imagem."