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Curiosidades / Personagem

Cacareco: o curioso rinoceronte que recebeu 100 mil votos na Câmara dos Vereadores

Em 1959, o animal disparou na frente de muitos candidatos e chamou atenção no cenário internacional

Vinícius Buono Publicado em 19/07/2020, às 09h00 - Atualizado em 02/10/2022, às 00h00

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Cacareco, o vereador animal - Divulgação/ALESP
Cacareco, o vereador animal - Divulgação/ALESP

Muito antes de eleger um palhaço com o maior número de votos da história, São Paulo já havia demonstrado sua insatisfação com a política (e aqueles que participam dela ativamente) em 1959, quando um candidato inusitado foi o mais votado para a Câmara dos Vereadores da cidade: o rinoceronte Cacareco.

Cacareco, que, apesar do nome masculino, era fêmea, foi um rinoceronte emprestado do Zoológico do Rio de Janeiro para o de São Paulo em meados da década de 1950.

O exótico animal logo caiu nas graças do povo paulistano, inclusive do então governador, Jânio Quadros, responsável pelo pedido de empréstimo. Ao ver a repercussão, Quadros teria dito que o animal era um forte candidato ao Governo de São Paulo.

Ele errou, mas não por muito. O que aconteceu, na realidade, foi um absurdo número de votos para a Câmara dos Vereadores: entre 90 e 100 mil. Na época, o pleito ainda era realizado por cédulas de papel, onde os eleitores escreviam o nome do candidato de preferência. Como os votos destinados a Cacareco foram contabilizados como nulos, ficou difícil de saber o número exato. 

O que se sabe é que foi muito mais do que qualquer outro dos 450 candidatos às 45 cadeiras da câmara municipal da maior cidade do país. Cacareco não chegou, obviamente, a ser empossada, mas o escritor Stanislaw Ponte Preta satirizou no jornal Última Hora que o Partido de São Paulo estava planejando substituir o prefeito de São Paulo, Adhemar de Barros, pelo simpático animal.

O presidente do país à época, Juscelino Kubitschek, limitou-se a dizer que aguardava as interpretações do povo.

O destino de Cacareco

Apesar da forte campanha popular, ela foi devolvida ao zoológico do Rio dois dias antes da eleição. Lá, veio a falecer três anos depois, com apenas oito anos de idade (rinocerontes costumam viver até 45 anos).

Seu lugar na história, porém, estava garantido, sendo homenageada, inclusive, por um partido político satírico canadense, o Rhinoceros Party (Partido Rinoceronte), que dizia ser o sucessor espiritual do bicho.