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Desventuras / Seita Moon

Moon: O que é a seita que estaria por trás da renúncia de ministro do Japão

A seita Moon é conhecida por seus casamentos em massa, com pessoas de vários países

Redação Publicado em 24/10/2022, às 18h17 - Atualizado em 08/11/2022, às 14h34

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Casamento em massa realizado pela seita Moon - Divulgação / Youtube / AFP
Casamento em massa realizado pela seita Moon - Divulgação / Youtube / AFP

Daishiro Yamagiwa, ministro da Revitalização Econômica, chamou atenção nesta segunda-feira, 24, ao renunciar o cargo. Ele tem encarado críticas por supostos vínculos com a seita Moon. Em conversa com à imprensa, Daishiro, indiretamente, disse que pretende evitar que as suspeitas 'afetem o debate parlamentar'. 

Depois que o ex-primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, foi morto com tiros durante um comício, em juho deste ano, a “seita Moon” virou alvo da mídia do país. O assassino, Tetsuya Yamagami, de 41 anos, planejou matar Abe pois “odiava” a Igreja da Unificação, nome do movimento religioso que ele acreditava que o político fazia parte, segundo informações da polícia.

Yamagami acredita que o grupo tirou doações importantes de sua mãe, o que resultou em uma situação financeira complicada de sua família. A igreja em questão é acusada de exigir doações “excessivas” dos fiéis, além de usar táticas de recrutamento tortuoso e fazer uma “lavagem cerebral”, enganando aqueles que buscavam dinheiro.

O presidente da filial japonesa do grupo, Tomihiro Tanaka, confirmou a participação da mãe do suspeito na organização desde 1998. Desde 2002, ela se encontrava com dificuldades financeiras, mas Tanaka afirmou que “as doações são voluntárias” e que existe uma campanha de intolerância religiosa e ódio contra o grupo.

Abe como membro?

Tomihiro ainda afirmou que Abe “nunca” fez parte da instituição, seja do conselho ou somente um membro comum. Porém, desde a morte do político, o governo japonês vem enfrentando diversas acusações de influência da seita Moon no alto escalão da administração pública. Fumio Kishida, o atual primeiro-ministro japonês, se viu com um problema em mãos.

Shinzo Abe - Crédito: Getty Images

Em meio à controvérsia de que quase metade de sua equipe, assim como muitos parlamentares do partido no poder, o Partido Liberal Democrata (PLD, direita nacionalista), terem participado de eventos organizados pela Moon e recebido dinheiro e ajuda em campanhas eleitorais, Kishida reorganizou seu governo e rompeu todos os vínculos com a igreja.

Nobuo Kishi, irmão de Shinzo Abe substituído no cargo – por motivos de saúde -, revelou que, em suas campanhas eleitorais, membros da seita Moon serviram como voluntários.

Origem da seita

Sun Myung Moon (1920 – 2012) foi o criador da organização, que afirmava que, quando tinha 15 anos, teve uma visão na qual Jesus pedia a ele que continuasse sua missão no mundo. O objetivo é que a humanidade atingisse certo tipo de estado de purificação e ficasse livre do pecado.

Em 1954, Myung então fundou uma igreja em Seul e adotou um viés político explicitamente anticomunista, ganhando assim a simpatia do regime militar da Coreia do Sul. Devido a esse viés, o novo líder religioso alcançou não somente políticos sul-coreanos, mas também chefes de Estado estrangeiros, como o presidente norte-americano Richard Nixon.

Nos anos 1980, a Igreja também manteve vínculos com a Frente Nacional, um movimento de extrema-direita. As ligações com o alto escalão ajudaram a organização a se tornar um verdadeiro império econômico em múltiplos setores, tais como alimentos, construção e automóvel. Dessa forma, Moon se tornou um bilionário.

Dentre os investimentos do fundador da organização, a mídia foi um dos principais. Ele investiu em um hotel e montadora na Coreia do Norte, em uma estação de esqui e em um time de futebol. Ademais, ele possuía uma empresa de distribuição de frutos-do-mar que fornece sushi para restaurantes japoneses em todos os EUA, e outros negócios na Coreia do Sul.

Tradição diferente

A instituição é conhecida, principalmente, pelas cerimônias de casamento que reúnem inúmeros casais, que ganharam fama nas décadas de 70 e 80, reunindo pessoas de países diferentes que não se conhecem. Quem os unia por fotos e perfis parecidos era Moon, na tentativa de construir um mundo com religião multicultural.

Casamento em massa feito pela seita Moon - Crédito: Divulgação / Youtube / AFP

A Igreja afirma que evangeliza em cerca de 200 países e reivindica 3 milhões de adeptos, contudo, especialistas dizem que a influência teria diminuídos desde os anos 1980, segundo o Uol. Hoje, o grupo é controlado por Hak Ja Han, viúva do fundador, a segunda esposa com quem teve 10 filhos.

No Brasil, Moon mantinha uma escola para alunos do ensino infantil ao médio, na cidade de Jardim, no Mato Grosso do Sul. A Igreja da Unificação prometeu, desde que as denúncias foram iniciadas no Japão, impedir que doações “excessivas” acontecessem e afirmou que "respeitaria a independência e o livre arbítrio dos fiéis”.


Você sabia?

A Casa Branca carrega a história de um queijo que intriga gerações. Essa curiosidade é tema do podcast 'Desventuras', que tem narração de Vítor Soares, professor de História.

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