Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Desventuras / Dom Sebastião

Morte precoce, lenda e impostor: Veja 5 curiosidades sobre o rei Dom Sebastião

Nascido em meados do século 16, o rei Sebastião I de Portugal herdou o trono muito jovem — e se tornou uma figura lendária entre os portugueses

por Giovanna Gomes

ggomes@caras.com.br

Publicado em 29/11/2023, às 21h03

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Retrato do rei Dom Sebastião - Wikimedia Commons/Cristóvão de Morais
Retrato do rei Dom Sebastião - Wikimedia Commons/Cristóvão de Morais

A monarquia portuguesa enfrentou, no século 16, um período de grande instabilidade e que atingiria o ápice da insconstância na ségunda metade do século com a morte precoce de Dom Sebastião I, então com 24 anos de idade.

Sem que houvesse herdeiros, o trono do jovem rei — morto em batalha em Alcácer-Quibir em agosto de 1578 — passaria, pouco tempo depois, para Filipe II, rei da Espanha, dando início ao período que ficou conhecido como União Ibérica.

A seguir confira algumas curiosidades sobre Dom Sebastião e entenda como ele se tornou uma figura lendária entre os portugueses:

1. Rei aos 3 anos

Conhecido pelos cognomes "o Desejado" e "o Adormecido", Sebastião I, nascido em 20 de janeiro de 1554, foi acompanhado com grande expectativa pelo povo português enquanto crescia. Afinal, a mortalidade infantil era, infelizmente, alta na época.

Além disso, a monarquia se encontrava em uma situação bastante instável: o rei, João III, estava doente e seu único herdeiro, D. João Manuel, havia falecido antes mesmo de conhecer seu filho, que ainda estava no ventre da mãe.

Assim, Dom Sebastião, a criança que já nasceria órfã de pai, era o único que poderia assumir o trono. E isso ocorreu quando era um menino de apenas três anos de idade, após João III sucumbir à doença.

D. Sebastião ainda criança / Crédito: Wikimedia Commons/Alonso Sanchez Coello

2. Morte precoce

Sebastião cresceu saudável, mas, para o infortúnio da monarquia portuguesa, acabou não se casando e faleceu muito jovem, aos 24 anos, ao combater os mouros em 1578 durante a batalha de Alcácer-Quibir, no norte da África. Sem haver herdeiros, uma verdadeira crise de sucessão se instaurou.

A próxima pessoa a assumir a Coroa seria Dom Henrique, um tio-avô do jovem governante. O homem, no entanto, já era um senhor de idade — um cardeal — que não pôde se casar.

Após seu falecimento — que ocorreu apenas dois anos mais tarde —, aconteceu o que todos temiam: a coroa foi passada para Filipe II da Espanha, um reino rival.


3. Sebastianismo

O historiador André Belo, autor do livro "Morte e Ficção do Rei Dom Sebastião", explica ao Aventuras na História que, na época da morte do rei, não existiu questionamento por parte da população de Portugal. Porém, seriam criadas teorias conspiratórias a respeito do corpo de Sebastião nunca ter sido encontrado — o que não é verdade. Essa conspiração recebeu o nome de sebastianismo.

Dom Sebastião está associado a esta derrota, mas também a uma tentativa para, através da lenda, de uma certa forma, superar a derrota e transformá-la em outra coisa", explica ele.

O pesquisador ressalta que não "existe margem para dúvidas" a respeito da morte do monarca, afinal, o acontecimento foi confirmado pelos relatos históricos de uma série de testemunhas oculares que participaram do conflito em Alcácer-Quibir.

O rei Filipe II, da Espanha / Crédito: Wikimedia Commons/Sofonisba Anguissola

4. Motivações por trás da lenda

O escritor identificou duas motivações principais por trás do reforço dessa lenda popular pelas pessoas da época. A primeira é política, numa tentativa de evitar a reivindicação do trono por Filipe II

Houve quem alimentasse, em meios próximos do poder, a dúvida e o rumor de que o rei estaria vivo, como forma de adiar a decisão sobre a sucessão, uma forma de ganhar tempo: houve um aproveitamento político do rumor, da falsa notícia", explicou ele. 

A segunda motivação, por sua vez, é mais sentimental, e surgiu entre indivíduos que perderam seus entes queridos na batalha de Alcácer-Quibir.

Alimentar a crença de que Dom Sebastião ainda estava vivo e poderia retornar, poderia oferecer conforto: afinal, se ainda existisse esperança para o monarca, também havia para seus amigos e familiares que foram para o continente africano e não retornaram.


5. O sebastião italiano

Após a morte do rei, houve casos de pessoas que disseram ser D. Sebastião. Essas histórias terminaram, na maioria das vezes, com os farsantes sendo condenados à morte.

Um desses impostores, o "Sebastião Italiano", foi um homem que ganhou grande notoriedade e sua farsa teve uma duração muito maior do que poderia ser esperado: cinco anos. Apesar disso, a mentira era óbvia, afinal, ele não falava português e era bem diferente do monarca falecido, tendo cabelos escuros em vez de claros.