Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Notícias / Brasil

60 anos do comício na Central do Brasil é marcado por ato com viúva de Jango

Em 13 de março de 1964, mais de 200 mil pessoas se reuniram em frente à estação da Central do Brasil, reivindicando reformas no país

Redação Publicado em 13/03/2024, às 19h16

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Maria Thereza Goulart, ao lado de seu marido, João Goulart - Divulgação
Maria Thereza Goulart, ao lado de seu marido, João Goulart - Divulgação

Esta terça-feira, 13, marca o aniversário de 60 anos do comício na Central do Brasil, evento no qual o então presidente da república, João Goulart, mais conhecido como Jango, anunciou a implementação de uma série de reformas para o país. Em uma nova entrevista, sua viúva, Maria Thereza Goulart, relembrou o que se tornou um dos momentos mais marcantes de sua vida.

Primeiro, porque foi uma expectativa muito grande do que poderia acontecer; um momento em que me senti muito orgulhosa de estar do lado do meu marido; e a preocupação, o pânico, o pavor que eu sempre tive de multidão. Foram três coisas importantíssimas. Acho que foi um dos momentos mais marcantes da minha vida", explicou a ex-primeira-dama à Agência Brasil.

Ainda nesta terça-feira, os 60 anos do comício serão lembrados em um ato na Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Antes da manifestação, o Museu Virtual Rio Memórias irá inaugurar sua exposição virtual e física, “Rio 64 - a capital do golpe”, sobre o período que precedeu o golpe que resultou na implementação da ditadura militar no Brasil.

Durante o comício, que reuniu mais de 200 mil pessoas na Central do Brasil duas semanas antes do golpe militar, Jango anunciou que encaminharia ao Congresso projetos de reformas que visavam mudanças significativas no país, como uma reforma agrária e a nacionalização de refinarias de petróleo privadas. 

Porém, partidos de direita e setores conservadores da sociedade alegaram que tais propostas indicavam uma inclinação de Jango para o comunismo, e, como resultado, ele foi deposto em 1º de abril de 1964. Posteriormente, sua família foi exilada do Brasil.

Ele faz uma abertura, falando da questão da democracia. Havia as forças reacionárias - militares, empresários, a própria igreja - que diziam que Jango ia levar o país ao comunismo, que era subversivo. 'Estou na praça do povo, falando em nome do povo. Subversivo é quem quer dar um golpe em um governo constitucionalmente eleito'", relembrou o presidente da ABI, Otávio Costa, à Agência Brasil.

Memórias

Ainda durante a conversa com a Agência Brasil, a viúva de Jango relembrou as consequências dos fatos ocorridos depois do comício. “Perdemos a nossa pátria, nossos sonhos, os amigos. Eu perdi meu pai e minha mãe. Para mim, foi muito marcante. Sempre me lembro muito de meus pais porque, quando fui para o exílio, eu perdi minha mãe, com 58 anos de idade, depois meu pai”, disse ela. 

Conforme repercutido pelo UOL, Maria Thereza Goulart ressalta que não entende aqueles que defendem a volta da ditadura militar ao Brasil: 

Acho horrível. Sinceramente, não entendo como as pessoas podem pensar dessa maneira, embora admito que cada pessoa tem o seu modo de pensar, de agir e de falar. Mas eu fico realmente impressionada como elas conseguem se adaptar nesse modelo de que não importa a ditadura. Eu não consigo acreditar", concluiu a viúva. 

Sobre a mostra

A exposição “Rio 64 - a Capital do Golpe” abrange o período entre 1º de janeiro de 1964 e 15 de abril do mesmo ano, quando o general Humberto Castelo Branco assumiu a presidência do Brasil como o 26º presidente e o primeiro durante a ditadura militar.

Lívia Sá Baião, idealizadora do Rio Memórias, informou à Agência Brasil que a exposição destaca outros eventos históricos desse período, como o discurso de João Goulart durante uma reunião de sargentos no Automóvel Clube em 30 de março de 1964, as declarações do governador do então estado da Guanabara, Carlos Lacerda, e outros acontecimentos significativos.

Tem todo o contexto cultural da época. Foi o ano em que o surf chegou ao Rio, que a atriz francesa Brigitte Bardot veio ao Brasil, que os Beatles estavam fazendo muito sucesso, as músicas mais tocadas eram deles, a Bossa Nova ainda estava no auge. Enfim, todo o contexto histórico, cultural e intelectual também está na exposição", disse Lívia.

Além da abertura da exposição física, em cartaz até o dia 13 de abril, uma versão virtual está disponível no site Rio Memórias, onde os visitantes podem acessar na íntegra as memórias apresentadas na mostra física, além de outros eventos.