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Notícias / Chico Xavier

'Adulteração' em obras de Chico Xavier causa polêmica com Federação Espírita

Segundo grupo de amigos e estudioso do médium, foram encontradas adulterações em 117 de suas obras que foram relançadas pela Federação Espírita Brasileira (FEB)

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 29/02/2024, às 12h05

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O médium Chico Xavier - Divulgação/ Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo
O médium Chico Xavier - Divulgação/ Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo

Publicado em 1944, ou seja, há 80 anos, 'Nosso Lar' se tornou o maior best-seller psicografado por Chico Xavier. A obra inspirou adaptações cinematográficas, como Nosso Lar 2, que estreou em janeiro passado. 

+ O que a alma desencarnada de Marilyn Monroe disse em psicografia de Chico Xavier?

Nos últimos anos, porém, os livros escritos pelo médium vem sendo centro de uma enorme polêmica. Afinal, conforme repercutiu O Globo, um grupo de amigos e estudiosos que conviveu com Chico constatou adulterações em 117 de suas obras que foram relançadas pela Federação Espírita Brasileira (FEB) — considerada a entidade máxima do espiritismo.

O grupo, que conta com nomes importantes do espiritismo, como o médium Carlos Baccelli e Sonia Barsante, avalia que os livros em questão devem ser retirados das prateleiras, visto que os prejuízos doutrinários da leitura seriam maiores que os financeiros. Outros até defendem a incineração das obras. 

O compromisso digno com a vida e obra de Chico Xavier vale mais que muitos milhões", aponta o pesquisador Nuno Emanuel ao O Globo. 

Por outro lado, Geraldo Campetti, vice-presidente da FEB e responsável pela editora que distribui as obras de Xavier, aponta que não existe justificativa para se desfazer das edições.

"Isso evidentemente não vai acontecer. E é um absurdo sem tamanho. A gente tem que ter, no mínimo, bom senso para pleitear as coisas. Não tem cabimento as obras serem retiradas do mercado. Evidentemente, elas beneficiam milhões de pessoas no Brasil e no mundo". 

Ponto de discussão

A grande discussão em torno das novas edições é que elas apresentam mudanças que descaraterizam os textos originais do médium. As alterações mais graves estariam presentes na coleção 'O Evangelho por Emmanuel'

Em um trecho do volume 6, por exemplo, a tradução escolhida por Emmanuel diz: "Que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra"; enquanto a tradução da FEB, de 2012, aponta: "Que cada qual saiba tratar a própria esposa com santidade e respeito"

Segundo nota dos pesquisadores: "O Vaso — título com termo que não está na outra tradução; palavra usada quatro vezes do texto; com significado de corpo; trocar 'vaso' por 'esposa' no versículo escolhido pela FEB, perde-se todo o sentido do comentário de Emmanuel". 

Não são alterações. É muito mais grave. Em termos jurídicos são adulterações", afirma Nuno Emanuel.

"Basta consultar leis básicas de direito autoral e moral. A FEB reuniu todos os livros, de várias editoras, em que Emmanuel cita centenas de trechos evangélicos do Novo Testamento, para em função da tradução que ele escolheu, fazer os respectivos comentários. O que a FEB fez? Eliminou a tradução de Emmanuel. Substituiu-a por duas traduções: uma da FEB para cinco volumes e outra católica para outros dois volumes. Ambas as traduções bem diferentes do livro original de Emmanuel, com centenas de palavras diferentes. Resultado: o que Emmanuel comenta perde todo o sentido", continua. 

A discussão começou com o relançamento da coletânea 'O Evangelho por Emmanuel', da FEB, a partir de 2014 — o sétimo volume só foi concluído em meados de 2019. Assim, as alterações foram alvo de interesse de um grupo de dez estudiosos.

Em 2022, os advogados da família de Chico Xavier acionaram a FEB na Justiça. Em um acordo, mantido sob sigilo, decidiu-se que as mudanças nas republicações teriam que ser aprovadas por uma comissão de representantes da União Espírita Mineira e da própria FEB.