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'Alexandre, o Grande' da Netflix é detonada por ministra grega: "Ficção"

Lina Mendoni, ministra da Cultura da Grécia, falou sobre a série em meio ao debate sobre a sexualidade do conquistador: "baixo conteúdo"

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 20/02/2024, às 08h55 - Atualizado às 10h18

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Antigo mosaico retratando Alexandre, o Grande, e sua versão em 'Alexandre: O Nascimento de um Deus', interpretado por Buck Braithwaite - Domínio Público via Wikimedia Commons / Divulgação/Netflix
Antigo mosaico retratando Alexandre, o Grande, e sua versão em 'Alexandre: O Nascimento de um Deus', interpretado por Buck Braithwaite - Domínio Público via Wikimedia Commons / Divulgação/Netflix

Um dos grandes lançamentos da Netflix neste começo de ano, 'Alexandre: O Nascimento de um Deus', que narra a trajetória de Alexandre, o Grande, tem causado uma enorme polêmica por conta do debate sobre a sexualidade de um dos maiores conquistadores da História.

"As relações entre pessoas do mesmo sexo eram a norma em todo o mundo grego", diz o professor Lloyd Llewellyn-Jones, da Universidade de Cardiff, no País de Gales, no primeiro episódio da produção. "Os gregos não tinham uma palavra para homossexualidade ou para ser gay. Simplesmente não estava em seu vocabulário. Havia apenas ser sexual".

O debate em torno do assunto ganhou as redes sociais e também gerou críticas da ministra da Cultura da Grécia, Lina Mendoni, que chamou o programa de "ficção de qualidade extremamente baixa" e de "baixo conteúdo, repleto de imprecisões históricas".

Na trama, é abordado que Alexandre, o Grande se envolveu com homens — o que é muito discutido por pesquisadores há anos. A principal relação seria com o líder militar Heféstio Amíntoro, seu companheiro mais próximo.

Heféstio realmente não era apenas um companheiro querido, mas talvez o maior amor [de Alexandre]", explica a Dra. Salima Ikram, da Universidade Americana do Cairo, durante participação na série documental.

O debate

Na Grécia, repercute o The Guardian, um artigo opinativo no jornal Eleftheros Typos chamou o programa de "uma distorção da verdade" e culpou o filme de Oliver Stone, Alexandre (2004), por iniciar "uma campanha de propaganda sobre a homossexualidade de Alexandre".

Dimitris Natsiou, presidente do partido político cristão ortodoxo de extrema-direita Niki, chamou a série de "deplorável, inaceitável e anti-histórica" e disse que seu objetivo era "transmitir subliminarmente a noção de que a homossexualidade era aceitável nos tempos antigos, um elemento que não tem base".

Questionada por Natsiou sobre a atração, Mendoni disse que o documentário da Netflix está "repleto de imprecisões históricas, demonstra o desleixo do diretor e a pobreza de cenário".

Não há menção nas fontes de que isso ultrapasse os limites da amizade, conforme definido por Aristóteles", continuou sobre a relação entre Alexandre e Heféstio.

"Mas você saberá que o conceito de amor na antiguidade é amplo e multidimensional. Não podemos interpretar nem as práticas nem as pessoas que agiram há 2.300 anos com base nas nossas próprias medidas, nas nossas próprias normas e pressupostos. Alexandre, o Grande, durante 2.300 anos, nunca precisou, nem precisa agora, da intervenção de qualquer protetor não solicitado da sua memória histórica ou, ainda mais, da sua personalidade e posição moral".

Quando Natsiou perguntou se o governo tomaria medidas contra a Netflix, a ministra apontou que tal medida seria inconstitucional — visto que a constituição do país protege a liberdade artística desde o século 19.

"O Ministério da Cultura não exerce censura, não pratica ações que resultem em processo ou proibição, não manipula, não limita, não controla a divulgação de informações e ideias nem de forma preventiva nem repressiva", afirmou.

"A inspiração dos artistas, a interpretação pessoal e o julgamento dos indivíduos não podem, evidentemente, ser submetidos a um regime regulatório e de controle, nem podem ser governados pelos tribunais ou arrastados para eles. Em vez disso, é avaliado e julgado por cada um de nós, pela comunidade internacional. É assim que a Netflix também é avaliada", finalizou.