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Notícias / JFK

Biden perdoa agente secreto que tentou revelar conspiração para assassinar Kennedy

John Fitzgerald Kennedy foi morto em 22 de novembro de 1963

Fabio Previdelli | @fabioprevidelli_ Publicado em 26/04/2022, às 17h09 - Atualizado às 21h52

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Os presidentes americanos John Fitzgerald Kennedy e Joe Biden - Wikimedia Commons e Getty Images
Os presidentes americanos John Fitzgerald Kennedy e Joe Biden - Wikimedia Commons e Getty Images

Nesta terça-feira, 26, o presidente norte-americano Joe Biden anunciou as primeiras concessões de clemência de seu governo. Entre os nomes perdoados pelo Democrata destaca-se o de Abraham W. Bolden, atualmente com 87 anos. 

Bolden foi primeiro agente negro do Serviço Secreto escalado para cobrir a Casa Branca em 1961, quando tinha apenas 26 anos. Ele foi escolhido a dedo pelo então presidente John Fitzgerald Kennedy.

Em 1964, Abraham foi acusado de suborno e acabou demitido por ter tentado vender um arquivo confidencial do governo por cerca de 50 mil dólares. No entanto, ele sempre negou o crime, afirmando que foi perseguido por tentar expor a má conduta dentro da agência, algo que será explicado mais abaixo. 

Abraham W. Bolden foi primeiro agente negro do Serviço Secreto/ Divulgação/ Geoffrey Black

"A América é uma nação de leis e segundas chances, redenção e reabilitação", declarou Biden ao perdoar as condenações de Bolden e outras duas pessoas: Betty Jo Bogans, 51, de Houston, Texas; e Dexter Eugene Jackson, 52, de Athens, Geórgia.

Na ocasião, o presidente norte-americano também anunciou a redução das sentenças de outras 75 pessoas, sendo que a maioria delas cumpre delitos por porte de drogas de baixo nível, segundo aponta a BBC. 

Ajudar aqueles que cumpriram sua pena a retornar para suas famílias e se tornarem membros contribuintes de suas comunidades é uma das maneiras mais eficazes de reduzir a reincidência e diminuir o crime”, completou Biden

O escolhido de JFK

Enquanto ainda atuava como 35º presidente da história dos Estados Unidos, John Fitzgerald Kennedy escolheu Abraham Bolden para atuar no Serviço Secreto da Casa Branca, o que tornou o ex-patrulheiro rodoviário o primeiro negro a proteger um presidente dos EUA.

Na ocasião, aponta a BBC, JFK o apresentou como "o Jackie Robinson do Serviço Secreto", em referância ao primeiro afro-americano a atuar na Major League Baseball (MLB), na chamada era moderna. 

Bolden, como já dito, foi acusado de aceitar suborno para vender arquivos secretos. Porém, ele alega que tudo não passou de uma represália pelo fato de delatar exemplos de má conduta dentro do órgão, como agentes bebendo em horário de trabalho e o uso de veículos oficiais para o transporte de mulheres. Abraham também apontou que sofreu preconceito por conta de questões raciais. 

Seu primeiro julgamento acabou sendo suspenso, mas uma segunda audiência culminou com sua condenação a 15 anos de prisão, sendo que ele cumpriu 39 meses na prisão federal e passou dois anos e meio em liberdade condicional. 

O assassinato de JFK

Outro ponto que chama a atenção na carreira de Bolden é o assassinato de John Kennedy, que foi morto em 22 de novembro de 1963, após ser baleado enquanto participava de uma carreata em Dallas.

Um ponto que chama a atenção é que, segundo exposto pelo diretor Oliver Stone em seu novo documentário: ‘JFK Revisited: Through the Looking Glass’ (2021), antes de ser assassinado por Lee Harvey Oswald, de acordo com a versão oficial da Comissão Warren, outras duas conspirações para assassinar Kennedy foram descobertas, conforme detalha matéria publicada pela equipe do site do Aventuras na História. 

JFK no momento em que é atingido por um tiro (cena mostrada no filme JFK - A Pergunta Que Não Quer Calar) / Crédito: Divulgação/ Warner Bros

Paul Bleau, professor da St. Lawrence College Quebec City, explica que, exatamente 20 dias antes de Kennedy ser morto em Dallas, um informante que se identificou apenas como “Lee” avisou o FBI que quatro cubanos iam para Chicago atirar no presidente.

O FBI passou os detalhes para o Serviço Secreto, que frustrou os planos do grupo. Bleau aponta que o caso de Chicago tem tantas semelhanças com o que aconteceu em Dallas que “não dá para chamar de coincidência”. 

Entretanto, o Serviço Secreto não informou a Comissão Warren — que investigou o assassinato de JFK — sobre os eventos em Chicago. Bolden, inclusive, segundo aponta o professor, notou não apenas como a segurança estava relaxada em Chicago, como também declarou que foi feito de tudo para manter essa conspiração “totalmente secreta”.

Quando Abraham tentou entrar em contato com J. Lee Rankin, o conselheiro geral da Comissão Warren, ele acabou sendo preso, acusado de aceitar suborno. 

Em sua autobiografia, ‘The Echo From Dealey Plaza: The True Story of the First African American on the White House Secret Service Detail and his Quest for Justice after the Assassination of JFK’, Abraham Bolden afirma que havia sido condenado com base na palavra de dois falsificadores conhecidos, um dos quais, mais tarde, admitiu no tribunal que havia cometido perjúrio ao testemunhar contra sua pessoa.