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Notícias / Neandertais

Como os neandertais fabricavam 'cola sintética' há 200 mil anos?

Estudo recente revelou que os hominídeos primitivos empregavam um método surpreendentemente complexo de fabricação

Ingredi Brunato Publicado em 01/06/2023, às 16h46 - Atualizado às 16h46

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Imagem meramente ilustrativa com réplicas de ferramentas pré-históricas coladas com alcatrão - Divulgação/ Paul Kozowyk
Imagem meramente ilustrativa com réplicas de ferramentas pré-históricas coladas com alcatrão - Divulgação/ Paul Kozowyk

Muito antes dos Homo sapiens da Pré-História descobrirem como usar resina de árvore como cola no processo de confecção de suas ferramentas há 100 mil anos, os neandertais já fabricavam aquela que, até onde sabemos, é a primeira supercola sintética já criada: o alcatrão de bétula. 

As primeiras evidências dos hominídeos usando o material para grudar objetos foram encontradas na Itália, datando de 200 mil anos atrás, o que aponta para uma possível vantagem cognitiva por parte dos neandertais em relação à nossa espécie. 

Ao longo dos anos, no entanto, a comunidade científica vem debatendo de que forma o alcatrão de bétula de fato foi produzido: se de maneira complexa, o que sugeriria que esses povos primitivos seriam muito mais inteligentes do que imaginávamos previamente, ou através de métodos mais rudimentares — como a simples extração dessa substância de locais onde ocorreram incêndios. 

Um estudo publicado na revista científica Archaeological and Anthropological Sciences no fim do último mês de maio, por sua vez, afirma que encontrou a resposta para a questão. 

A pesquisa 

Os responsáveis pelo artigo recente executaram cinco técnicas da Idade da Pedra de produção da cola sintética para, então, realizarem análises químicas comparando seu resultado com os vestígios encontrados em antigos assentamentos neandertais da Alemanha.

O que eles descobriram é que o alcatrão de bétula utilizado possuía uma composição compatível com o de um material criado através de um intrincado processo de destilação realizado abaixo do solo. 

Nele, para extrair a substância pegajosa das árvores conhecidas como bétulas, é adicionado calor a pedaços de troncos enterrados em um buraco, gerando um ambiente de restrição de oxigênio. 

Ilustrações mostrando dois métodos diferentes de fabricação do alcatrão de bétula, um no subsolo e outro na superfície / Crédito: Divulgação/ Archaeological and Anthropological Sciences

Essa falta de oxigênio é particularmente importante, pois ela deixa uma "assinatura química" no alcatrão, o distinguindo de amostras da cola que foram criadas na superfície. 

"Descobrimos que os neandertais não usavam o método mais simples para produzir alcatrão. Em vez disso, eles destilaram alcatrão em um ambiente subterrâneo criado intencionalmente que restringia o fluxo de oxigênio e permanecia invisível durante o processo", explicaram os pesquisadores no artigo científico.

"É improvável que esse grau de complexidade tenha sido inventado espontaneamente. Nossos resultados sugerem que os neandertais inventaram ou desenvolveram esse processo com base em métodos anteriores mais simples e constituem um dos indicadores mais claros da evolução cultural cumulativa no Paleolítico Médio europeu", conclui o estudo.


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