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Notícias / Bruxas

Historiadora revela que julgamentos de bruxaria na Noruega duraram até o século 18

A pesquisadora está estudando os julgamentos de pessoas que pertenciam ao povo Sámi após o período de “caça às bruxas”

Isabelly de Lima Publicado em 04/04/2024, às 10h45

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Pintura ilustrando o período de "caça às bruxas" - Domínio público
Pintura ilustrando o período de "caça às bruxas" - Domínio público

A história dos julgamentos de bruxas na Noruega durante os séculos 16 e 17, que resultaram na morte de centenas de pessoas, muitas delas da comunidade Sámi, está sendo investigada minuciosamente por Anne-Sofie Schjøtner Skaar, historiadora da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU).

Schjøtner Skaar está mergulhando em relatos de missionários e registros de tribunais do condado de Nord-Trøndelag para entender como esses casos foram gradualmente encerrados.

“Aprendi a escrita gótica na Universidade de Oslo quando escrevi minha tese de mestrado sobre bruxaria em Mora e Rendalen no século 17. Agora consigo ler a escrita gótica muito bem, mas leva tempo para examinar todos os documentos”, relatou ela, em comunicado.

Durante os séculos 16 e 17, os julgamentos de bruxas eram marcados por práticas ilegais de tortura para obtenção de confissões, apesar de tais métodos serem oficialmente proibidos.

No entanto, não era incomum fazer vista grossa para a lei em casos de bruxaria; a tortura era usada e as 'bruxas' condenadas eram forçadas a dar o nome de seus cúmplices", relata Skaar. "A letra da lei era interpretada e praticada de forma muito diferente, e isso levou a muitos julgamentos de bruxas durante o período".

Lei estrita

No final do século 17, legisladores começaram a seguir a lei de forma mais estrita, o que tornou mais difícil apresentar casos de bruxaria ao tribunal. Schjøtner Skaar questiona como um crime imaginário poderia ser provado sem confissões obtidas sob tortura.

À medida que as acusações de bruxaria diminuíam, os missionários assumiam um papel mais proeminente na região, substituindo o sistema judicial.Thomas von Westen, conhecido como “Apóstolo Sámi”, foi um desses missionários importantes, cujas ações visavam cristianizar os Sámi, mas muitas vezes resultavam na demonização de sua cultura.

Schjøtner Skaar descobriu relatos de Sámi ainda associados à “feitiçaria do demônio”, apesar da mudança no sistema judiciário. Von Westen e outros missionários impunham a cristianização da população Sámi, confiscando seus tambores cerimoniais e proibindo práticas tradicionais.

O caso de Trefot, uma mulher pedinte acusada de lançar feitiços, é mencionado nos registros do tribunal entre 1711 e 1712, exemplificando a persistência das acusações de bruxaria mesmo após mudanças no sistema judicial, segundo a revista Galileu.