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Ilha de Santa Helena deve devolver restos mortais de 325 africanos escravizados

Território ultramarino britânico pode enfrentar ações legais após falhar em honrar plano de enterro; restos mortais foram encontrados durante projeto em aeroporto

Éric Moreira Publicado em 27/03/2024, às 09h54

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Fotografia tirada na Ilha de Santa Helena - Getty Images
Fotografia tirada na Ilha de Santa Helena - Getty Images

Em 2008, escavações durante obras no aeroporto da Ilha de Santa Helena — aquela em que Napoleão Bonaparte viveu durante seu exílio — revelaram os restos mortais de 325 pessoas de origem africana, anteriormente escravizadas, e que não foram enterrados adequadamente. Agora, o território ultramarino britânico é instado a devolver estes restos aos seus reinos ancestrais da África.

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Segundo o The Guardian, foi elaborado um plano diretor para que os restos mortais não só recebessem um "reenterro digno", como também uma memorialização destes indivíduos.

"Como uma jovem africana encontrando algo que ela nem sabia ela perdeu – encontrando um pedaço de sua identidade, de sua história – ainda estou tentando entender o quão global e ao mesmo tempo quão pessoal é todo esse sítio significativo", comenta Annina van Neel, co-autora da ação legal, ao The Guardian.

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Origem

Ainda conforme divulgado pelo The Guardian, os enterrados foram vítimas da "passagem do meio", estando entre os mais de 25 mil africanos retirados de navios negreiros ilegais portugueses, e colocados em quarentena em Santa Helena, em meio aos esforços pela abolição da escravidão pelos britânicos no século 19.

No entanto, mesmo que estes tenham sido considerados "africanos libertados", muitos foram enviados para as Índias Ocidentais Britânicas, onde trabalharam em nome da coroa como trabalhadores contratados. Porém, aqueles que permaneceram em Santa Helena, e morreriam lá, foram confinados em condições superlotadas e insalubres.

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Por isso, em apoio às reivindicações recentes sobre os restos mortais, o Soad (Estado da Diáspora Africana) e a ICHC (Comissão Internacional do Património e Cultura), que ajudaram nos pedidos à Ilha de Santa Helena, dizem estar em uma "ação diplomática de classe" sobre o caso, em uma tentativa de se estabelecer "diálogo aberto". No caso, os destinatários têm 30 dias para responder, e caso isso não aconteça, os grupos estão "prontos para levar este assunto aos tribunais internacionais".

"Apelamos às nações ocidentais e entidades relacionadas para que restituam e devolvam os bens culturais, obras de arte e restos mortais roubados, saqueados e pilhados que foram levados ilegalmente e devolvam aos legítimos proprietários legais e legítimos", afirmam as cartas. "Também fazemos este apelo em relação aos restos mortais humanos de índios africanos e indígenas americanos que estão depositados sem cerimônia em cemitérios ocidentais, como na Ilha de Santa Helena, por exemplo."