Usando um detector de metais, o estudante revisitou um lugar onde os arqueólogos locais já haviam desistido de explorar
Wallacy Ferrari, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 17/11/2021, às 12h14
No ano de 2003, uma equipe de arqueologia localizou vestígios da presença de um antigo exército romano na região montanhosa de Tiefencastel, no cantão de Graubünden, localizado no sudeste da Suíça. Porém, com a expansão urbana ao redor e ação do tempo, acreditaram que a área já teria sido limpa de quaisquer artefatos histórico.
A teoria foi aceita e corroborada pelos 15 anos seguintes, até que um explorador amador decidiu averiguar; Lucas Schmid era estudante de odontologia e aproveitou um equipamento de detecção de metais para passear nos locais onde a passagem do exército foi confirmada anos antes.
Em algumas expedições voluntárias, os primeiros apitos iniciaram, apontando presença de fragmentos de metal enterrados. O estopim veio com o encontro de uma adaga, confeccionada com prata e latão incrustados, próximo a uma colina, sendo o começo de uma operação para entender do que se tratava o item e se existiam outros ao redor. Tal feito também explica o fato de ter sido encontrada a apenas 30 centímetros abaixo da superfície.
Após o achado, Lucas entrou em contato com arqueólogos locais, que recolheram o material e passaram a averiguar a área ao redor para examinar possíveis itens próximos. Conduzido para pesquisa laboratorial, a datação do item apresentou características de confecção de oxidação de aproximadamente 2 mil anos.
Sua origem teve relação com um ato histórico dos legionários romanos; assim como outras quatro adagas já encontradas em antigos territórios dominados pelo grupo, enterrar a arma de combate tratava-se de um sinal de gratidão pela vitória após os tempos sombrios de conflito.
Para a alegria dos pesquisadores, a tentativa do jovem de explorar a região com calma garantiu novos achados; ao longo do mês seguinte à descoberta, a equipe conseguiu explorar cuidadosamente 35 mil metros quadrados ao redor do local onde a adaga foi encontrada, revelando novas descobertas.
Dentre as novas descobertas após a iniciativa de Lucas, o grupo de especialistas localizou pontas, estilingues de chumbo, partes de escudos, moedas e travas das sandálias de sola pesada - chamadas de "caligae" em latim - semelhantes as usadas em chuteiras de futebol, mas aprimoradas para combate.
As análises dos itens prosseguiram ao longo de 2019 e o estudante foi agraciado pela contribuição, sendo reconhecido pelo cuidado e interferência sem ferir o local. Entrevistado pelo portal LiveScience, ele explicou a sensação de auxiliar com a classe científica local e levantas evidências sobre tal passagem histórica.
"Suspeitei que todo o sítio ainda não havia sido pesquisado meticulosamente, estava claro para mim que mais artefatos poderiam ser esperados. [...] Eu não esperava encontrar um item tão importante neste lugar bastante improvável", afirmou.
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