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Notícias / Lucas Terra

Mãe de Lucas Terra desabafa em dia de júri de pastores, 22 anos depois

Lucas Terra tinha 14 anos quando fora estuprado e queimado vivo há mais de 20 anos

Redação Publicado em 25/04/2023, às 13h21 - Atualizado em 26/04/2023, às 11h49

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Lucas Terra, a vítima do crime - Arquivo pessoal
Lucas Terra, a vítima do crime - Arquivo pessoal

22 anos depois, a mãe de Lucas Terra, adolescente de 14 anos que foi estuprado e queimado vivo em 2001, desabafou na última terça-feira, 25, dia que marca o júri de dois acusados do crime: Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva.

Ao g1, Marion Terra destacou os mais de 20 anos de impunidade e o abuso do tempo de espera para que a justiça seja feita. 

"São 22 anos de impunidade, de abuso do tempo de espera. Esperar para que haja o julgamento de uma criança, todos esses anos, é ferir a nossa família todos os dias. Hoje, eu sinto como se não fosse uma vitória, porque quando passa muito tempo ela perde o efeito, mas eu quero que eles sejam julgados e que tenham pena máxima", disse ela. 

A cruel morte do garoto ocorreu em março de 2001, quando flagrou dois pastores se relacionando sexualmente no tempo da Igreja Universal do Reino de Deus, localizada no bairro Rio Vermelho, Salvador. 

Violentado sexualmente, Lucas Terra foi colocado em uma caixa de madeira e queimado vivo. O episódio ocorreu em um terreno baldio localizado na Avenida Vasco da Gama.

"O meu filho não teve direito à defesa. Era uma criança de 14 anos, estava ali porque amava Cristo. Ele era um evangelizador, ele falava de Jesus todos os dias. Ele dizia: ‘mãe, esse bairro aqui da Santa Cruz é um poço de almas, de vidas para eu trazer para Cristo’", desabafou Marion. 

Terceiro nome

Além dos pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva, um terceiro nome também foi envolvido e condenado. Se trata de Silvio Galiza, que teve a pena reduzida e encarou a liberdade condicional em 2012. Na época do crime, foi apontado como principal responsável pela morte e também foi quem denunciou os outros dois pastores. 

O júri foi iniciado nesta terça-feira no Fórum Ruy Barbosa. É esperado que acabe na sexta-feira, 28. Eles são acusados de homicídio, qualificado por motivo torpe e também ocultação de cadáver. 

Em nota repercutida pelo veículo, a defesa dos pastores disse acreditar na inocência de ambos e que não existem provas ou indícios contra eles. Já a Igreja Universal do Reino de Deus disse que "está completamente convicta quanto à inocência de Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda". Eles ainda são pastores nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro.

"Não foi um crime nas ruas de Salvador. Envolve três templos da Igreja Universal: Pituba, Rio Vermelho e Santa Cruz. Como podem esses homens acharem que, em 22 anos, eles vão tirar o direito meu de julgamento? Acabou para eles. Eu tenho certeza que eles saem daqui condenados. Condenados pela sociedade baiana, que não vai deixá-los impunes", disse a mãe de Lucas Terra. 

Violência sexual

Ao mesmo tempo, o Ministério Público da Bahia, que ofereceu a denúncia, não disse se os pastores irão a júri pelo crime de abuso sexual. Quando o corpo foi descoberto, o Departamento de Polícia Técnica não indicou violência sexual durante a necropsia. 

Um dos advogados da defesa, Ricardo Sampaio, disse que eles tem provas que o estupro, de fato, ocorreu. "A gente vai criar um certo resguardo, porque é a tese da acusação. A gente não vai adentrar, nesse momento. Uma coisa eu posso dizer: existem provas suficientes de que eles praticaram o crime, sejam elas testemunhais ou de outras naturezas", explicou. 

Infelizmente, o pai de Lucas, Carlos, faleceu em 2019 e não presenciará o júri popular. Durante anos, ele fez protestos e cobrou por justiça no caso e o júri dos dois pastores. "Toda nossa caminhada foi feita um amparando outro. Hoje a me sinto sozinha aqui, mesmo com meu filho [irmão de Lucas]. A companhia dele, que nunca desistiu de lutar – ele sempre acreditou, dizia para mim: ‘Marion, mesmo que demore, mesmo que seja até o último dia da minha vida, nós vamos lutar para que esses homens sentem no banco dos réus'", destacou Marion.