Há exatos 85 anos, lojas judaicas e sinagogas eram atacadas por nazistas; antissemitismo ainda gera preocupação na Alemanha
O dia 9 de novembro é uma importante e delicada data no calendário alemão. Se por um lado a população celebra a reunificação do país depois da Queda do Muro de Berlim, há exatos 34 anos; por outro se recorda o ponto de partida do Holocausto: a Noite dos Cristais.
Em 1938, há exatos 85 anos, a devastação assassina foi sancionada pelo Estado através dos pogroms nazis. O Kristallnacht, ou a Noite dos Cristais, refere-se às vitrines quebradas de lojas judaicas e sinagogas que foram atacadas por membros das alas paramilitares do partido nazista, as SA e SS, e outros alemães.
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"O dia 9 de novembro marca não só o prelúdio brutal dos crimes nacional-socialistas, mas lembra-nos que a perseguição e a tentativa de aniquilação dos judeus europeus começaram à vista de todos, nas cidades e nos centros das cidades, sob o olhar de vizinhos, colegas, e amigos", escreveu Petra Bahr, bispo protestante de Hanôver e membro do Conselho de Ética Alemão, em um comentário ao Die Zeit.
Embora as duas datas sejam importantes para a história alemã, a Noite dos Cristais ainda predomina na memória coletiva do país, aponta o The Guardian. Por esse motivo, o 9 de novembro não foi escolhido como feriado nacional unificado da Alemanha em 1990.
Além disso, esta quinta-feira, no 85º aniversário do Kristallnacht, a data traz uma reflexão sobre a eclosão da guerra no Oriente Médio, mostrando como sua influência duradoura reflete atualmente — principalmente pelo aumento de ataques antissemitas em várias partes do mundo.
Em um discurso numa sinagoga de Berlim, o chanceler Olaf Scholz disse que estava "envergonhado e indignado" com uma recente onda de incidentes antissemitas na Alemanha, alertando que Berlim não toleraria tal ódio.
Essencialmente, trata-se de cumprir a promessa feita repetidamente nas décadas desde 1945… A promessa de 'nunca mais'", disse ele.
Ao longo do dia, diversas cerimônias devem lembrar a Noite dos Cristais, que marcou o início do ódio racial apoiado pelo Estado, o que abriu as portas para o Holocausto — onde cerca de 6 milhões de judeus foram assassinados.
Em 9 de novembro, gangues organizadas de bandidos destruíram cerca de 7.500 empresas judaicas e mais de 1.200 sinagogas. Entre 1.000 e 2.000 judeus alemães foram assassinados, alguns se mataram e outros 30.000 foram sequestrados.
