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Novo estudo revela detalhes e sabores complexos de antigos vinhos romanos

Novo estudo descreve que os antigos romanos conheciam diversas técnicas para a produção de vinhos, podendo variar sua aparência, cheiro e sabor; confira!

Éric Moreira Publicado em 23/01/2024, às 11h50

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Fotografia tirada durante estudo de análise de cerâmicas para vinhos romanos - Reprodução/Facebook/Antiquity Journal
Fotografia tirada durante estudo de análise de cerâmicas para vinhos romanos - Reprodução/Facebook/Antiquity Journal

Uma das bebidas mais antigas e consumidas no mundo, o vinho possui uma história bastante longa e relativamente imprecisa. Os gregos antigos já o consumiam, e acreditavam ter sido criado pelo deus Dionísio; já os cristãos, acreditam que o criador foi Noé. Fato é que vinhos foram consumidas em várias culturas ao longo da história, mas poucos se destacaram tanto na produção quanto os romanos.

Segundo o Heritage Daily, foi durante o período romano que foram registrados avanços tecnológicos notáveis ​​e uma crescente consciência da vinificação, conhecimentos estes que se espalharam por todo o grande império, que se estabeleceu por grande parte da Europa e, por isso, influenciou nos vinhos de várias nações diferentes. 

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E esses conhecimentos foram tão bem disseminados e até mesmo registrados, que são conhecidos hoje escritos de autores romanos clássicos — incluindo Catão, Columela, Horácio, Paládio, Plínio, Varrão e Virgílio — que dão luz à importância do vinho na cultura romana. Isso além de oferecer uma série de vislumbres das técnicas de vinificação e das práticas vitícolas na época.

A partir desses registros, uma equipe de pesquisadores desenvolveu um novo estudo em que foram comparados potes de barro romanos chamados dolia, utilizados na fabricação, fermentação, armazenamento e envelhecimento dos vinhos. E assim foi descoberto que os romanos não só dominaram a produção de vinho, como também conheciam técnicas que podiam influenciar até mesmo em sua aparência, cheiro e sabor. Confira!

Antigas dolias romanas / Crédito: Foto por PePeEfe pelo Wikimedia Commons

Estudo

Segundo os autores do estudo, publicado na revista Antiquity, a motivação para a pesquisa foi o fato de que "nenhum estudo examinou ainda o papel destes vasos de barro na vinificação romana e o seu impacto na aparência, cheiro e sabor dos vinhos antigos".

Foi então que Dimitri Van Limbergen, da Universidade de Ghent, e a Dra. Paulina Komar, da Universidade de Varsóvia, decidiram conduzir um projeto em que comparavam dolias romanas e recipientes contemporâneos de produção de vinho.

É importante mencionar que na Geórgia, uma antiga república soviética na interseção da Europa com a Ásia que esteve sob o controle romano entre os séculos 1 a.C. e 7 d.C., produtores de vinho utilizam recipientes de barro conhecidos como qvevri para fermentação das bebidas, conferindo cores, aromas e sabores distintos ao produto final — o que é um processo bastante similar ao dos romanos antigos. 

E sabe-se que não só o material utilizado para o qvevri influencia nas alterações do vinho, como também o formato do recipiente: sua base estreita serve para limitar o contato dos sólidos da uva com o vinho em maturação, o que aumenta sua longevidade e lhe confere uma cativante tonalidade laranja, muito valorizada na antiguidade. O que certamente também era conhecimento utilizado pelos romanos.

Ao enterrar a dolia no solo, a temperatura e o pH puderam ser controlados, estimulando a formação de leveduras superficiais e de um composto químico chamado sotolon. Isto confere ao vinho um sabor ligeiramente picante com aromas de pão torrado e nozes", pontuam os pesquisadores, no caso dos romanos.

Além do mais, ao contrário do que ocorre com os recipientes metálicos utilizados na produção industrial de vinhos de hoje, os feitos de barro possuem grande porosidade, o que possibilita também a oxidação ao longo do processo de fermentação. E a natureza rica em minerais da argila acrescenta uma sensação de ressecamento na boca, o que também era valorizado pelo paladar romano.

Logo, o que o estudo conclui é que, de fato, os romanos detinham de um grande número de técnicas que poderiam influenciar na produção de vinhos, e através de ajustes na forma, tamanho e composição da argila da dolia, além da forma como armazenavam, aumentava o controle com relação ao produto final. Além de que a variedade de sabores, cheiros e cores também era bastante vasta.

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"O valor de identificar paralelos, muitas vezes inesperados, entre a vinificação moderna e antiga reside tanto em desmascarar a suposta natureza amadora da vinificação romana quanto em descobrir traços comuns em procedimentos de vinificação milenares", afirma, por fim, Van Limbergen.