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Notícias / Saúde

O que se sabe sobre 1º transplante renal de porco em um humano?

No Massachussets General Hospital, nos Estados Unidos, o médico brasileiro Leonardo Riella realizou um marco na medicina

Redação Publicado em 21/03/2024, às 17h12

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Leonardo Riella, médico brasileiro que liderou o transplante - Reprodução/Redes Sociais/X/@MassGeneralNews
Leonardo Riella, médico brasileiro que liderou o transplante - Reprodução/Redes Sociais/X/@MassGeneralNews

Nesta quinta-feira, 21, o Massachussets General Hospital, em Boston, nos Estados Unidos, anunciou o primeiro transplante de rim de um porco, geneticamente modificado, para um paciente humano vivo. O procedimento histórico foi liderado pelo médico brasileiro Leonardo Riella

Essa é a primeira vez que um transplante desse tipo foi conduzido em um paciente vivo. Em 2021, um grupo de especialistas de Nova York realizaram um procedimento semelhante, durante uma pesquisa, num paciente com morte cerebral. 

Conforme repercutido pelo G1, a cirurgia é um marco na história da medicina, além de representar um avanço para as milhares de pessoas na fila por um transplante de rim. Segundo a equipe médica do Massachussets General Hospital, o paciente se recupera bem. 

Toda semana, temos que retirar pacientes da lista de espera porque ficam muito doentes para fazer um transplante durante a diálise. A disponibilidade oportuna de um rim poderia dar a oportunidade a milhares de pessoas de obter um tratamento muito melhor para a insuficiência renal do que a diálise.”, explicou Leonardo Riella, o médico brasileiro que liderou o transplante.

A pesquisa

O estudo que possibilitou a realização do xenotransplante, ou seja, a implantação de um órgão animal em humanos, era realizado há, pelo menos, cinco anos pelo hospital, em colaboração com a empresa eGenesis.

Apesar da semelhança entre órgãos suínos e humanos, a possível rejeição do tecido estranho pelo sistema imunológico se mostrou o maior desafio. Logo, os pesquisadores concluíram que o melhor plano de ação seria retirar genes suínos que prejudicavam a resposta do corpo humano e acrescentar genes humanos. 

Ao longo dos cinco anos de pesquisa, uma série de combinações genéticas foram testadas antes da implantação em humanos. Antes disso, os órgãos também foram testados em macacos. Após resultados positivos, o FDA (Federal Drug Administration) aprovou a realização da cirurgia. 

O paciente 

Com a aprovação técnica do FDA, os médicos escolheram Richard “Rick” Slayman, um homem negro de 62 anos com doença renal em estágio avançado, para receber o órgão durante o procedimento realizado no último sábado, 16. 

Rick, que possui diabete tipo 2 e hipertensão, realiza diálise há sete anos. Em 2018, ele chegou a receber o receber um transplante de um rim de outra pessoa, mas o órgão parou de funcionar cinco anos depois e, desde então, ele voltou a depender de diálise.

Em uma nota divulgada pelo Massachussets General Hospital, o americano explicou que aceitou ser o primeiro paciente por querer ajudar outras pessoas com uma condição similar a sua, que também dependem de um transplante. 

Quando sugeriram um transplante de rim de porco, explicando cuidadosamente os prós e os contras desse procedimento, eu vi isso não apenas como uma forma de me ajudar, mas também como uma forma de dar esperança às milhares de pessoas que precisam de um transplante para sobreviver.”, disse Richard Slayman no comunicado do hospital. 

Após a cirurgia de aproximadamente três horas, os médicos estão confiantes com os resultados. O paciente continua internado em Boston, se não houver nenhuma complicação, ele deve receber alta nos próximos dias. 

Fila do transplante

A possibilidade de usar o órgão de um porco no transplante pode revolucionar a vida de milhares de pessoas. Aqueles que esperam pelo órgão dependem da hemodiálise, que na maioria das vezes é realizada diariamente. 

O transplante renal representa 92% da lista de espera por transplantes no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde. 

Durante uma coletiva de imprensa, o médico brasileiro enfatizou a importância do procedimento que utiliza rins de porcos geneticamente editados.

O Dr. Riella é professor associado de medicina e cirurgia na Harvard Medical School, e sua pesquisa é voltada a compreensão dos mecanismos de regulação imunológica e no desenvolvimento de novas terapias que promovam a tolerância de órgãos transplantados.

Estou firmemente convencido de que o xenotransplante representa uma solução promissora para a crise de escassez de órgãos", afirmou Riella.