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Notícias / Arqueologia

Primeiro forte inglês para comércio de escravizados é encontrado em Gana

Em 1663, rei Charles II concedeu à companhia o direito do monopólio no comércio de pessoas escravizadas na África

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 14/08/2023, às 13h32 - Atualizado às 15h32

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Representação do Fort Amsterdam, que foi construído em cima do Forte Kormantine - Domínio Público
Representação do Fort Amsterdam, que foi construído em cima do Forte Kormantine - Domínio Público

Por séculos, um mistério pairou em torno da localização do Forte Kormantine — construção inglesa estabelecida na África que foi usada, em um primeiro momento, para negociar ouro e depois para o comércio de pessoas escravizadas

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O local sumiu do mapa depois que holandeses ocuparam a região, que fica na costa de onde hoje é Gana. Agora, arqueólogos acreditam ter encontrado a construção original enterrada sob o Forte Amsterdam.

"Foi alucinante ver em primeira mão os restos, as pegadas de um edifício real subsumido sob um novo forte", disse Omokolade Omigbule à BBC. O estudante nigeriano de pós-graduação identificou uma pedra pertencente ao antigo forte durante os esforços de escavação.

Omokolade Omigbule durante as escavações/ Crédito: Divulgação

Liderados pelo professor da Universidade de Syracuse, Christopher DeCorse, a equipe de arqueólogos descobriu uma série de pistas históricas que sugerem que eles finalmente rastrearam o Forte Kormantine — o "primeiro posto avançado inglês estabelecido em qualquer lugar da África", pontuou DeCorse.

A descoberta

Segundo a BBC, a equipe encontrou camadas de plástico mais recente durante a escavação. Mas, quando o local foi escavado em uma profundidade maior, eles também acharam uma pederneira que parece datar do século 17, tigelas de tabaco cujo tamanho pequeno é indicativo de uma época em que o fumo era mais caro, cerâmica quebrada e a mandíbula de uma cabra — que pode ser a prova que os ingleses domesticaram animais.

No local também foi identificado uma parede de 6 metros de comprimento, um batente de porta, fundações e um sistema de drenagem de tijolos vermelhos. "Ver as marcas dessas forças externas na África em primeira mão e fazer parte de tal escavação me leva algumas centenas de anos atrás, parece que eu estava lá", disse Omigbule.

Tigelas de tabaco encontradas no local/ Crédito: Divulgação

Conforme explica o portal Archaeology, o Forte Kormantine foi construído pelos ingleses em 1631; sendo usado para negociar materiais preciosos, como ouro e marfim. Mas décadas depois, em meados de 1663, o rei Charles II concedeu à Company of Royal Adventurers of England Trading o direito do monopólio no comércio de seres humanos. 

O Forte Kormantine foi posteriormente utilizado como armazém para guardar mercadorias usadas para comprar pessoas escravizadas, assim como uma cela para africanos sequestrados antes de serem colocados em navios para o Caribe. 

No Caribe, o Conselho de Museus e Monumentos de Gana relata que variações de "Kormantine" tornaram-se sinônimos de pessoas escravizadas que eram difíceis de controlar.

Os ingleses, no entanto, acabaram sendo dominados pelos holandeses — que travaram uma "longa e sangrenta batalha" para tomar conta do local em 1665. Após isso, eles prontamente construíram seu próprio forte, o Forte Amsterdam, no local. 

Prof Christopher DeCorse liderando a equipe de arqueólogos em Gana/ Crédito: Divulgação

E foi justamente por conta disso que a localização exata do Forte Kormantine se tornou um ponto de interrogação para os pesquisadores. Mas, com sua provável descoberta, os arqueólogos continuaram expandido seu trabalho. 

A BBC relata que os pesquisadores passarão os próximos três anos escavando o local e, com sorte, esperam encontrar mais artefatos que ajudem a elucidar como era a vida naquela época.