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Notícias / Rússia

Renas eram domesticadas séculos antes do que se imaginava, revela estudo

Uma pesquisa de antropólogos — ao lado de nativos nenets da Sibéria — revelou a domesticação há 2.000 anos

André Nogueira Publicado em 16/06/2020, às 09h56

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Uso de trenós pelos nenets - Divulgação/Robert Losey
Uso de trenós pelos nenets - Divulgação/Robert Losey

Um estudo colaborativo da Universidade da Califórnia com comunidades indígenas nenets no Norte da Sibéria, — a partir de objetos encontrados pela Universidade de Alberta — revelou as primeiras evidências de domesticação de renas conhecida.

Pesquisadores descobriram que os arneses usados para treinar os animais já existiam na região há 2.000 anos. Os itens descobertos durante escavações em Ust’-Polui, na Rússia, foram datados por radiocarbono.

Peças do arnés / Crédito: Divulgação/YouTube

A equipe liderada pelo pesquisador Robert Losey viveu durante um mês com pastores de renas nenets na Sibéria, numa experiência etnográfica, e os indígenas identificaram às peças, até então não compreendidas, como partes de um arnês antigo.

"Não tínhamos certeza de nenhum desses artefatos — o que era esse material ou como funciona", disse em entrevista. "É apenas um monte de tiras, pedaços de chifres e giros, uma bagunça confusa”. Isso antecipou em quase 10 séculos a datação do primeiro treinamento de renas.

Segundo os nenets, às peças eram apenas para treinamento, produzidas de uma maneira que seria desconfortável para uso contínuo. “O animal aprenderia assim que o arnês está lá para parar de resistir; então você pode deixar de usar o equipamento de treinamento e usar um conjunto mais simples de arnês destinado a ser usado o tempo todo”, disse Losey.

Esqueleto de rena no local das escavações / Crédito: Divulgação/YouTube

Segundo o artigo publicado por Losey, a má datação se deu pelo foco demasiado dado pelos antropólogos às mudanças fisionômicas dos animais na compreensão de sua domesticação, enquanto faz-se necessário compreender a relação entre animais e humanos. 

“Não será necessariamente marcada por alterações morfológicas ou genéticas detectáveis. A domesticação é uma relação humano-animal que envolve práticas, materiais, socialização e, como destacamos aqui, destruição mútua", escreveu.

Ela afirma que se fez necessário para a descoberta o contato direto com comunidades mais próximas do uso daqueles artefatos. "Se você quiser aprender sobre como a domesticação ocorre, é fundamental conversar com pessoas que conhecem melhor esses animais."