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Notícias / Ciência

TDAH pode ter sido vantagem evolutiva em humanos primitivos, sugere estudo

Segundo novo estudo, características associadas ao transtorno do déficit de atenção com hiperatividade podem ter colaborado na busca por alimentos; entenda!

Éric Moreira Publicado em 21/02/2024, às 12h38

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Imagem ilustrativa com mulher distraída no trabalho - Imagem de Freepik
Imagem ilustrativa com mulher distraída no trabalho - Imagem de Freepik

Nos últimos anos, diagnósticos de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) vêm aumentando em vários países de todo o mundo. Porém, o que hoje é considerado um distúrbio negativo, que afeta negativamente a vida daqueles com o diagnóstico, pode ter sido uma importante vantagem evolutiva no passado, segundo novo estudo.

O TDAH é caracterizado principalmente por sintomas como dificuldade de concentração, impulsividade e desorganização. Porém, segundo novo estudo publicado na revista Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, algumas dessas características podem ter ajudado os humanos no passado.

David Barack, da Universidade da Pensilvânia e principal autor do estudo disse, segundo o The Guardian, que as novas pesquisas fornecem uma explicação potencial para o TDAH ser mais prevalente que o esperado devido a mutações genéticas aleatórias, além de explicar por que características como distração ou impulsividade eram comuns.

Se [essas características] fossem verdadeiramente negativas, então você pensaria que, ao longo do tempo evolutivo, elas seriam selecionadas contra", pontua. "Nossas descobertas são um dado inicial, sugestivo de vantagens em certos contextos de escolha."

+ O que acontece em um cérebro com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade

Testes

Para o estudo, Barack e sua equipe analisaram dados de 457 adultos em um jogo online de coleta de alimentos, no qual o máximo de frutas possível deveria ser coletado em oito minutos, ao passo que o número de frutas diminuí a cada vez que um arbusto era coletado.

No jogo, era possível que os participantes recolhessem bagas continuamente de seu local original, ou então mudar-se para um novo canteiro, o que poderia custar algum tempo. Vale mencionar que, dos 457 adultos envolvidos no experimento, 206 participantes tiveram resultados positivos de sintomas semelhantes aos do TDAH — embora seja enfatizado no estudo que isso não constitua um diagnóstico definitivo.

Após todos os dados serem coletados, os pesquisadores notaram que os participantes com pontuações mais altas na escala de TDAH costumavam passar períodos mais breves em cada parte de arbusto que aqueles com pontuações mais baixas, fazendo deles mais propensos a procurar frutos em um novo arbusto. Em paralelo, estes mesmos participantes também foram os que conseguiram mais pontos no jogo.

Embora o estudo possua limitações, incluindo o fato de os participantes sequer serem diagnosticados definitivamente com TDAH, os resultados chamam atenção por ir de acordo com outros trabalhos anteriores, que sugeriam que populações com estilos de vida nômades, que se beneficiaram da exploração, tendiam a ter genes mais associados ao distúrbio.

Michael J Reiss, professor de educação científica na University College London — não envolvido com o estudo recente — é autor de um destes trabalhos, tendo argumentado em artigo de 2017 publicado na BJPsych Advances que o TDAH pode ajudar em situações em que a atividade física e a rapidez na tomada de decisões era altamente valorizada. 

É ótimo ver as evidências experimentais de David Barack e colegas de que os participantes com pontuações elevadas para TDAH são mais propensos a mudar as suas atividades de procura de alimentos de forma que podem de fato ser caracterizadas como impulsivas. Em nosso passado evolutivo, esse comportamento às vezes pode ter sido altamente vantajoso", diz ao The Guardian. "O TDAH pode ser um problema sério, mas é um problema em grande parte devido aos ambientes atuais."