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Conheça palácios brasileiros com fama de mal-assombrados

No Brasil, muitos palácios carregam histórias medonhas, que incluem fantasmas

*Paulo Rezzutti Publicado em 16/10/2023, às 21h00

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Registro do Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro - Eduardo P.
Registro do Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro - Eduardo P.

Quando pensamos em fantasmas, o que vem em nossas mentes são filmes ou livros que têm como cenários antigos palácios da Europa. No entanto, aqui no Brasil, nós também temos palácios que carregam histórias medonhas. São esses palácios, fantasmas e suas histórias que eu apresento em vídeo exclusivo.

1. Palacete Bolonha, Belém

Vamos começar pelo norte do Brasil, onde um dos prédios mais bonitos de Belém do Pará é conhecido por suas histórias de arrepiar os cabelos. Tudo começou em 1905, quando o engenheiro paraense Francisco Bolonha se apaixonou pela pianista carioca Alice Tem Brink. Como prova de amor para a noiva, que precisaria se mudar para um lugar tão distante de sua terra natal, Bolonha mandou construir um palacete de cinco pavimentos no bairro de Nazaré que tem até um mirante e uma capela particular e contava com tudo que havia mais moderno na época, até um refrigerador elétrico. O Palacete Bolonha é um dos melhores exemplos da arquitetura da Belle Époque em Belém. O local mescla elementos art-nouveau com os neoclássicos e barrocos característicos do Ciclo da Borracha na região.

Existem várias histórias que explicam a fama de mal-assombrado do Palacete Bolonha. Uns dizem que, no lugar, poderia ser encontrada a fazenda de um senhor muito cruel que continuou mantendo pessoas escravizadas mesmo após a abolição. Assim, o local seria assombrado por espíritos desses escravizados, mortos após maus-tratos. Essa, entretanto, não é a única narrativa. Outra história alega que a região era um campo alagado, onde eram desovados cadáveres que seriam comidos por jacarés. Quando o charco foi drenado, teriam sido encontradas ossadas, mas, em vez de um enterro digno, teriam sido simplesmente descartadas. Também afirma que um morador, com interesse pelo sobrenatural, teria atraído espíritos ruins para a residência.

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Registro do Palacete Bolonha /Crédito: Portal de Turismo da ORM

Não importa o que tenha acontecido, os moradores de Belém, há muito tempo, associam o palacete aos eventos sobrenaturais. Alguns deles afirmam que quem passa na avenida em frente sente uma energia pesada vindo do casarão de 20 metros de altura. Há relatos de que antigos moradores ouviam gritos de agonia e correntes sendo arrastadas. Outros falaram sobre terem se deparado com corpos despedaçados de escravizados acorrentados nas paredes. Após a morte de Francisco Bolonha, o palacete foi sede da prefeitura de Belém por alguns anos, e os funcionários detestavam trabalhar no local. Portas e armários abriam e fechavam sozinhos, objetos sumiam ou mudavam de lugar. Além disso, o ambiente era tão opressivo, que todo mundo vivia nervoso. Após passar por vários donos, o Palacete Bolonha acabou abandonado nos anos 1960.

A reviravolta se deu em 1998: o imóvel foi tombado pelo patrimônio histórico e adquirido novamente pela prefeitura de Belém, que o abriu para visitação por alguns anos. Durante o período, turistas relataram eventos estranhos, como vultos que passavam de uma sala para outra e até mesmo a visão de uma mulher na banheira de mármore de um dos banheiros. Dizem que, se alguém tenta fotografar esse banheiro, tudo na foto sai borrado, exceto a banheira.

Quem tiver curiosidade para ver pessoalmente se essas histórias todas são verdadeiras, precisará aguardar um pouco. O Palacete Bolonha foi restaurado e reaberto como uma casa-museu. E aí, vão encarar uma visitinha?


2. Castelo da Fiocruz, Rio de Janeiro

O chamado Castelo da Fiocruz, localizado no Rio de Janeiro, foi idealizado pelo fundador da organização, o pesquisador Oswaldo Cruz, como sede do então chamado Instituto Soroterápico Federal, hoje Fundação Oswaldo Cruz, criado em 1900. A ideia era que o edifício fosse transformado no Palácio das Ciências, um símbolo da pesquisa em saúde pública no Brasil. O prédio começou a ser construído em 1905, no alto de uma colina na Fazenda Manguinhos, para substituir instalações um tanto improvisadas, que o instituto contava no local. Só ficaria pronto 13 anos depois, em 1918.

O projeto do arquiteto português Luiz Moraes Júnior foi responsável por um castelinho em estilo mourisco, que originalmente abrigava os setores de pesquisa e produção de vacinas e remédios, por exemplo. Como a Fazenda Manguinhos estava localizada longe da cidade e tinha um difícil acesso, o Castelo da Fiocruz contava com aposentos para abrigar os pesquisadores que quisessem dormir no local. E aí é que a coisa fica arrepiante. Segundo os funcionários da instituição, alguns desses pesquisadores, que já passaram para o outro lado, continuam frequentando o Castelo na forma de fantasmas.

O quinto andar, onde ficavam os aposentos dos pesquisadores, é alvo de relatos sobrenaturais por parte de funcionários. Quando todos vão embora, e o prédio está em silêncio, portas abrem e fecham sozinhas, mesmo após trancadas. Também acontece de o elevador ser chamado e, quando a porta se abre, não tem ninguém.

Na biblioteca, também viveria o fantasma de uma antiga bibliotecária, que, segundo quem trabalha na Fiocruz, é bem prestativo. Sempre que alguém precisa de um livro, ele surpreende o visitante. Vale mencionar que isso também foi relatado na época em que o prédio estava em reformas e os livros estavam todos amontoados, sem organização. Bastava dizer que queria um, e após a busca do fantasma, a obra aparecia do nada. Os acontecimentos na biblioteca são tão frequentes, que muitos se recusam a continuar frequentando o local e até pedem para ser transferidos para outro setor.

O Castelo da Fiocruz /Crédito: Jonas de Carvalho

Ainda há relatos de pessoas que se depararam com fantasmas no prédio. Há pelo menos dois: uma mulher muito gentil, que dá boa noite aos seguranças, e um homem de jaleco branco, que costuma passear pelo ambulatório e outros setores do prédio quando não tem mais ninguém. Uma história contada pelos trabalhadores da Fiocruz aconteceu, novamente, na biblioteca. Um funcionário do setor teve que levar o filho ao trabalho, entretanto, a criança era muito agitada e atrapalhava todo mundo. Em determinado momento, ele entrou no acervo, ficou um tempo e voltou quietinho. A criança explicou que um homem de branco pediu a ele que fizesse silêncio. Quando entraram na sala, não tinha ninguém, mas, a bronca do outro mundo funcionou, e o menino não deu mais nenhum trabalho o resto do dia.

Hoje, vale mencionar, o Castelo sedia áreas administrativas da Fiocruz, a Biblioteca de Obras Raras e está aberto à visitação.


3. Palácio Guanabara, Rio de Janeiro

Outro imóvel histórico no Rio de Janeiro que carrega uma história sinistra, é o Palácio Guanabara, atual sede do governo do Estado. O prédio tem uma longa e importante história: passou por muitos donos importantes até chegar ao proprietário atual. O local foi construído em 1853 como residência do português José Machado Coelho e acabou vendido para a princesa Isabel e o seu marido, o Conde d´Eu, em 1865. Com a mudança do casal, o imóvel ficou conhecido como Paço Isabel.

Após a Proclamação da República, em 1889, a família imperial foi banida do Brasil. Como resultado, o Paço Isabel foi confiscado pelo governo federal e recebeu o nome Palácio Guanabara. A família recorreu na Justiça, num dos processos mais longos da história do Brasil, todavia, perdeu definitivamente a causa em 2018, depois de quase 130 anos.

O Palácio Guanabara foi utilizado de inúmeras maneiras ao longo dos anos. Quando se tornou presidente da República, Hermes da Fonseca o adotou como residência oficial. No imóvel, sua primeira mulher, Orsina da Fonseca, faleceu em 1912. Já em 1920, o casarão recebeu o rei Alberto da Bélgica. Alberto seria alvo de uma morte trágica em 1934, ao sofrer um acidente durante a escalada de uma montanha. Outro residente do palácio, o presidente Washington Luís, acabou derrubado por um golpe de estado em 1930.

O Palácio Guanabara /Crédito: Eduardo P.

Seu sucessor, Getúlio Vargas, decidiu morar no imóvel após o golpe do Estado Novo, em 1937. No ano seguinte, o local foi atacado durante o Levante Integralista, entretanto, a polícia evitou a invasão. Com a queda de Getúlio em 1945, o local virou sede da prefeitura do Distrito Federal. Getúlio acabou se suicidando em 1954.

Durante os 14 anos em que foi sede da prefeitura, um cargo nomeado, passaram pelo Palácio Guanabara nada menos que nove prefeitos, que mudaram conforme as instabilidades políticas do país. Quando a capital foi transferida para Brasília, o imóvel abrigou o governo do estado da Guanabara e manteve a função depois que o estado foi incorporado pelo Rio de Janeiro. Isso, no entanto, não parece ter melhorado a sorte do casarão. De todos os governadores do Estado, eleitos por voto direto desde então, só Leonel Brizola não foi julgado por corrupção.

Percebeu uma coisa em comum entre todos eles? As desgraças parecem seguir os ocupantes do Palácio Guanabara. A culpa seria de uma maldição da época em que a princesa Isabel se preparava para morar no local. Durante a reforma da casa, um operário escravizado teria sido punido de uma forma tão cruel pelo feitor, que acabou morrendo. Entretanto, antes de morrer, o operário teria lançado uma maldição de que nenhum morador da casa teria tranquilidade. Pelo visto, isso vale também para os governantes que trabalham lá.

Confira mais histórias de palácios brasileiros, que carregam fama de amaldiçoados, no vídeo abaixo!