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Má reputação e conspiração: A infame trajetória do imperador romano Calígula

Após seus poucos anos no comando de Roma, Calígula conquistou uma má reputação que atravessou os séculos; entenda melhor a figura histórica com o auxílio do escritor Paulo Rezzutti

Ingredi Brunato Publicado em 10/02/2024, às 12h00

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Fotografia de estátua de Calígula - Domínio Público
Fotografia de estátua de Calígula - Domínio Público

Calígula foi um infame imperador que governou a Roma Antiga entre os anos de 37 d.C. até 41 d.C — um período curto, porém que já foi capaz de colocar seu nome na História. Com fama de cruel e até mesmo insano, o líder faleceu após uma conspiração para assassiná-lo

Em um vídeo do pesquisador e escritor Paulo Rezzutti em seu canal do Youtube, ele relembra a trajetória caótica de Calígula. Antes de se aprofundar nos eventos da vida do governante, porém, o autor pontuou que as informações que chegaram até a atualidade a respeito do odiado imperador romano são escassas, e, além disso, possivelmente enviesadas pela perspectiva de seus inimigos. A seguir, entenda melhor o que sabemos sobre a figura histórica de teor controverso! 

Chegada ao poder 

Caio Júlio César Augusto Germânico, mais conhecido pelo apelido de Calígula, nasceu em 12 d.C., vindo ao mundo no seio de uma família rica e influente da Roma Antiga, marcada por conexões com imperadores anteriores. 

Germânico, seu pai, era um general de grande renome, que detinha controle de uma parte considerável das tropas imperais. Ele veio a óbito por causas misteriosas (uma das teorias é envenenamento por chumbo, o que era comum no período) quando seu filho tinha apenas sete anos. 

O imperador da época, Tibério, que não era muito popular, via a família de Calígula com desconfiança pelo fato dela não apenas ter boa reputação, como fazer parte da linha de sucessão do trono.

A princípio, ele dificultou a vida deles, mas a certo ponto decidiu abandonar a política, indo viver na ilha de Capri. Em sua ausência, outras figuras de autoridade de Roma tomaram o controle, mandando exilar a mãe de Calígula e dois de seus irmãos, que morreram durante o período

Em uma reviravolta, o futuro imperador acabou vivendo com Tibério — que se afeiçoou ao menino e até mesmo o transformou em herdeiro, com o seu neto. Quando ele morreu, em 37 d.C., Calígula conseguiu, com a ajuda de alguns aliados poderosos, fazer com que a herança do homem fosse exclusivamente dele. Assim, subiu ao poder, e o melhor é que também contava com o apoio da população: 

Quando ele entrou em Roma, foi saudado pela multidão com adoração. Era chamado, por exemplo, de 'nossa estrela', e se esperava tudo de bom dele, afinal, era o filho de Germânico e, principalmente, ele não era Tibério", explicou Paulo Rezzutti em seu vídeo. 

Domínio 

Fotografia de estátua de Calígula / Crédito: Domínio Público

Um ponto curioso a respeito do governo de Calígula é que, durante seus primeiros sete meses, ele foi considerado um bom governante, e se destacou por sua postura de "conciliação e generosidade". 

Ele deu bônus aos militares, criou um esquema para ajudar pessoas afetadas por impostos excessivos e organizou espetáculos para o público, incluindo lutas de gladiadores", apontou Rezzutti

Após esse período, porém, o imperador adoeceu gravemente, e quase faleceu. Existem diversas especulações a respeito de qual enfermidade acometeu Calígula, mas o fato é que, depois que recuperou sua saúde, ele parece ter passado por uma mudança de personalidade. 

O imperador passou a condenar à morte e ao exílio todos os que considerava uma "ameaça" ao seu domínio, incluindo suas duas irmãs, que ainda estavam vivas. Seu único parente poupado de um desses dois destinos foi um tio manco, Cláudio, não visto por Calígula como alguém que deveria ser 'levado a sério'. 

Além disso, o jovem imperador torrou em apenas dois anos a fortuna deixada por Tibério para a administração do Estado por conta de seus gastos desenfreados com eventos de grandes proporções para o povo e luxos para si. 

A fim de contornar a crise financeira causada por esse incidente, Calígula usou métodos questionáveis para conseguir mais dinheiro: criou mais impostos, passou a colocar as vidas dos gladiadores a leilão durante disputas e até mesmo mandou matar cidadãos romanos sob falsas acusações para que pudesse confiscar suas posses. Através destas práticas escusas, ele conseguiu recursos para financiar diversas obras arquitetônicas. 

Fotografia de moeda romana que mostra Calígula / Crédito: Domínio Público

Em meio à sua crueldade (que, para alguns, era interpretada inclusive como loucura), o imperador também teve algumas conquistas, conforme explicado por Rezzutti

Ele mandou publicar os gastos públicos, coisa que Tibério nunca fez, reformou partes do sistema de impostos e criou um sistema de ajuda para pessoas que tinham perdido propriedades em incêndios. Também admitiu novos membros nas classes mais altas da sociedade romana e, mais importante, restabeleceu as eleições", comentou o pesquisador. 

Além disso, Calígula construiu dois incríveis aquedutos, expandiu os portos do império, finalizou o templo de Augusto (o primeiro imperador de Roma) e encomendou a construção de anfiteatros. 

Declínio 

O ego do governante, assim como sua incapacidade de conciliar com o Senado, foram alguns dos fatores que levaram ao seu assassinato. Uma das histórias mais famosas conta Calígula teria nomeado o próprio cavalo, Invictus, como senador, afirmando que ele era tão habilidoso quanto os membros do órgão que foram mortos ou exilados após suas ordens.

Já um bom exemplo de seu ego inflado é o fato que começou a "reivindicar o status de divindade", segundo comentado por Paulo Rezzutti: 

Calígula afirmava que o fato de ser um imperador o colocava no mesmo patamar dos deuses. Ele aparecia em público vestido como vários deuses, por exemplo Marte, Mercúrio, Apolo e até Vênus, e mandou construir templos a si mesmo, além de mandar substituir a cabeça de estátuas representando deuses pela sua própria", explicou o autor. 

Entre os romanos, imperadores apenas poderiam passar a ser considerados deuses após sua morte, de forma que a atitude de Calígula foi vista com ultraje por seu povo. 

O homem acabou assassinado a facadas por um grupo de membros da guarda pretoriana em 41 d.C. Sua esposa e filha também foram executadas. 

Pintura chamada 'O assassinato do imperador Calígula' / Crédito: Domínio Público 

A princípio, o Senado tentou governar sozinho, mas a decisão se mostrou pouco popular, de forma que eles acabaram elegendo Cláudio, o tio de Calígula, para subir ao trono. 

Para saber mais sobre a vida do líder romano, a explicação por trás de seu apelido e outros detalhes curiosos de sua trajetória que não foram citados nesta matéria, confira abaixo o vídeo de Paulo Rezzutti