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Imperador Heliogábalo: A história de um dos primeiros transgêneros da História

O pesquisador e escritor Paulo Rezzutti conta quem foi Heliogábalo, o imperador romano

Isabelly de Lima, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 28/06/2023, às 17h58 - Atualizado em 22/11/2023, às 13h39

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Busto de Marco Aurélio Antônio Heliogábalo - Wikimedia Commons, sob licença Creative Commons
Busto de Marco Aurélio Antônio Heliogábalo - Wikimedia Commons, sob licença Creative Commons

A transexualidade é ainda tema de diversas discussões na sociedade contemporânea, mas ainda que o termo em si seja relativamente novo (em relação à origem da denominação), o gênero não é. Muitas pessoas através da história ocidental foram consideradas o que hoje chamamos de transexuais.

O termo identifica uma pessoa, ele designa uma pessoa que nasceu com determinado sexo biológico, mas não se identifica com ele. Então, por exemplo, pode ser o caso de alguém que nasceu num corpo masculino, mas se identifica como mulher e vice-versa.

Não somente pessoas simples se identificavam como transexuais (com outro nome na época), mas também nomes conhecidos e importantes para o desenvolvimento do mundo. O pesquisador e escritor Paulo Rezzutti conta, em seu canal, a história de uma personalidade de grande notoriedade na Síria, mas principalmente na Itália.

O imperador romano Marco Aurélio Antônio Heliogábalo, era uma dessas pessoas que hoje podemos considerar transexuais, principalmente devido aos seus comportamentos durante a vida, já dando indícios de sua sexualidade desde muito jovem.

Vário Bassiano

Nascido em 204 d.C., Heliogábalo era conhecido como Vário Avítio Bassiano antes de se tornar o imperador de Roma. Ele nasceu e cresceu na Síria, em uma cidade que hoje é conhecida como Homs, mas que na época se chamava Emesa. O pesquisador Paulo Rezzutti explica que a família Bassiano era responsável pelo culto de uma divindade chamada Elagabal, que representava o sol.

Então, desde jovem, Heliogábalo se dedicou ao sacerdócio para esse deus. Cultuar e servir tal divindade era hereditário, então ele foi apenas mais um a seguir o caminho da família. No entanto, sua outra parte da família fazia parte da dinastia Severa, que governava, simplesmente, o maior império ocidental da época, o Império Romano.

Seu primo, o imperador Caracalla, é morto, e a avó de Heliogábalo inventa uma história dizendo que o menino era filho desse imperador, e assim, o então Bassiano é colocado no trono de Roma com apenas 14 anos de idade.

Moeda com a imagem de Marco Aurélio Antônio Heliogábalo - Crédito: Wikimedia Commons, sob licença Creative Commons

Diversão e problemas

Mas devido a sua pouca idade e experiência, claramente seu governo não foi dos melhores. “Obviamente que não deu certo. Ele estava mais disposto a se divertir do que a fazer política, a pensar em política. Para piorar a situação, ele leva esse culto para Roma. Uma outra coisa, ele tinha o costume de dormir tanto com homens quanto com mulheres”, diz Paulo.

De acordo com o pesquisador, os romanos não ligavam para esse comportamento até então, mas após um período, o imperador passou a obrigar o senado e os nobres romanos a assisti-lo cultuando o deus Eligabal.

As roupas utilizadas por ele para fazer isso eram totalmente femininas, além de fazer uso de maquiagem e acessórios de mulher, como tiaras e perucas. Conforme explicado por Rezzutti:

O escândalo maior foi que com o tempo, foi descoberto que não era só para venerar o Deus que ele se vestia de mulher. Todos os comportamentos dele no palácio e em público levavam a entender que ele tinha uma atitude feminina muito mais do que uma atitude masculina. Por exemplo, ele não queria ser chamado de senhor, ele queria ser chamado de dama”.
Pintura que retratava as festas no palácio de Heliogábalo - Crédito: Domínio Público

Casamento conturbado

O imperador não queria se envolver com nada que fosse de interesse de seu povo. Heliogábalo ainda se casou com seu amante, Hierócles. Ele demonstrava claramente para os senadores que o marido batia nele, então ele não tinha pudor nenhum de se mostrar com marcas roxas no senado e contar de suas brigas.

Mas isso ainda não estava sendo suficiente para o imperador. Paulo conta que “ele ofereceu metade do Império Romano para qualquer cirurgião que implantasse nele uma vagina, porque ele não se sentia confortável naquele corpo que era dele”. Assim, é possível denominá-lo um dos primeiros transgêneros da história.

Morte precoce

O imperador perdeu o apoio que tinha após esse anúncio acabou sendo morto com 18 anos em 222 d.C., por pretorianos que o atacaram, juntamente de sua mãe. Depois da morte, seus corpos foram arrastados pela cidade e jogados em locais diferentes, sendo o dele no rio e o da mãe, em um lugar qualquer.

Graças a seu comportamento, muitos associados ao então imperador foram mortos ou depostos de seus cargos. Inclusive, mulheres foram proibidas de atenderem reuniões do senado a partir de sua morte.


Canal de Paulo Rezzutti

Para saber detalhes da história do curioso imperador e de outras figuras históricas que também podem ser consideradas transexuais, confira o vídeo completo do pesquisador Paulo Rezzutti, em seu canal oficial no YouTube, no quadro ‘A História Não Contada’.

Confira o vídeo abaixo: