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Matérias / Personagem

A sanguinária saga de Ta Mok, o açougueiro do Khmer Vermelho

O general mais próximo de Pol Pot teve papel insólito durante o Kampuchea Democrático; e foi o último líder do regime a ser preso, em fuga na floresta

André Nogueira Publicado em 19/04/2020, às 09h00

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Ta Mok - Wikimedia Commons
Ta Mok - Wikimedia Commons

Poucas pessoas estiveram tão próximas a Pol Pot no círculo interno do Khmer Vermelho do que seu general, comandante dos massacres dos anos 1970, Ta Mok. Líder geral do exército do Camboja, ele não apenas foi responsável pela morte de milhões, como saiu ileso após a queda do Kampuchea Democrático. Sua fama no genocídio era tamanha que passou a ser apelidado de O Açougueiro.

Mais contraditório ainda é o fato de que Ta Mok, antes da carreira militar, quando era jovem, entrou para a vida eclesiástica, trabalhando como monge budista (bhikkhu) em Pali até os 16 anos. Quando deixou o templo, passou a militar na resistência contra a colonização francesa da Indochina e, depois, da ocupação japonesa.

Na sua vida política, se aproximou dos antifranceses, o que levou a se filiar ao Khmer Vermelho, movimento liderado por Pol Pot fora da capital Phnom Penh. Na instituição, que também tinha caráter militar, conquistou o posto de general ainda nos anos 1960, ao mesmo tempo em que assumia posições políticas de poder. Tornou-se chefe de gabinete do partido e membro do Comitê Permanente do Comitê Central do Khmer Vermelho.

Então, se aproximando do Pol Pot, passou a concentrar os seus poderes até se tornar líder do exército do Kampuchea, unidade política alternativa ao Camboja que, em 1975, tomou todo o território do país. A partir de 1973, ele encabeçou um atroz genocídio contra populações que se opunham ao projeto ou iam contra o padrão esperado pelo Khmer. Com isso, deficientes, estrangeiros e outros grupos foram cruelmente assassinados.

Ta Mok nos anos 1960 / Crédito: Divulgação/Facebook

Até a tomada de Phnom Penh, estima-se que 20.000 civis foram assassinados pelos exércitos de Ta Mok e Ke Pauk durante as conquistas, enquanto muitos outros eram submetidos ao trabalho escravo. Mais 30.000 foram mortos durante o domínio do Khmer Vermelho em Angkor Chey, por conta dos expurgos contra populações rurais entre 1975 e 1979.

Depois que o Khmer Vermelho foi derrubado pelas forças vietnamitas, Ta Mok manteve-se em posição privilegiada na resistência, passando a controlar a área norte da região dominada por Pol Pot, a partir da base Anlong Veng, nas montanhas Dângrêk. Nesse cargo, comandou ao menos 5.000 soldados contra a ocupação do país.

Assim foi até 1997, quando o partido se dividiu e Ta Mok se declarou comandante supremo de uma das facções. Ao lado de Pol Pot, foi preso por forças do novo governo cambojano no ano seguinte, mas fugiu junto ao antigo líder, fazendo-o seu prisioneiro e passando a viver na floresta por algum tempo.

Sua fuga durou até 6 de março de 1999, quando o Exército do Camboja o capturou na fronteira com a Tailândia, sendo o último líder do Khmer Vermelho a ser preso. Ta Mok foi mantido em reclusão por anos, mesmo contra as leis do país, e nunca foi julgado por seus diversos crimes, que iam de sonegação de impostos a crimes contra a humanidade.

Os crimes de Ta Mok atingiram, direta ou indiretamente, entre 1,7 e 2 milhões de cambojanos durante os expurgos do Khmer Vermelho, e mesmo que o general, durante uma entrevista à Nate Thayer em 1999, não tenha demonstrado nenhum arrependimento e declarado que matara apenas vietnamitas, não há dúvidas de que ele foi um dos mais sangrentos líderes militares do século 20, comandante do genocídio mais trágico do mundo comunista.

Casa de Ta Mok em Takéo / Crédito: Wikimedia Commons

Ficou entre o cárcere e hospitais militares (por conta de problemas no sistema respiratório) até 2006, quando morreu por complicações cardíacas após entrar em coma.


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