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Matérias / China

Yang Guifei: a triste saga da concubina da China imperial que se tornou mulher do próprio sogro

O relacionamento da bela Guifei com o imperador Xuanzong terminou em rebelião e tragédia

Vanessa Centamori Publicado em 22/04/2020, às 12h00

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Ilustração da história de Lady Young - Wikimedia Commons
Ilustração da história de Lady Young - Wikimedia Commons

Era uma vez na China imperial uma moça tão bonita que "se ela virou a cabeça e sorriu, lançou um feitiço profundo” e as “belezas dos seis palácios desapareceram do nada". Contava assim em seu poema o chinês Bai Juyi, cujos versos fizeram grande sucesso no ano 806, durante a Dinastia Tang. 

A linda jovem retratada pela Canção da Tristeza Eterna (também conhecida como Canção do Arrependimento Eterno) se chamava na vida real Yang Guifei (Lady Young). A história trágica de amor que ela teve com seu próprio sogro acabou não apenas inspirando o poema, como também serviu de exemplo mais tarde para a clássica obra O Conto de Genji, escrita no Japão, durante o século 11. 

Triste é que as obras ficcionais são meras versões romantizadas de uma narrativa bastante conturbada. A história real envolve a relação trágica de Lady Young com Xuanzong, considerado um dos melhores imperadores da história da China.

A jovem era esposa do filho do próprio imperador. Com o velho soberano, ela passou a ter uma tragetória de amor que virou o reinado de cabeça pra baixo. 

Ilustração do O Conto de Genji sendo escrito / Crédito: Wikimedia Commons 

O primeiro encontro

Xuanzong reinava seguindo exemplo de seus dois antecessores, Taizong (626-649) e a imperatriz Wu Zetian (690-704).O imperador da Dinastia Tang realizou enorme reforma nas leis, que acabaram dando certo e trazendo grande riqueza. 

Até que, por volta do ano 734 o líder político começou a pedir opiniões da esposa para tomar algumas decisões. Ela sugeriu a nomeação de um amigo da família como chanceler, um homem chamado Li-Linfu.

Após a morte da mulher, o imperador viúvo se afastou dos assuntos públicos e confiou cada vez mais o governo a Li-Linfu. Além disso, em vez de assumir os afazeres reais, Xuanzong se entregou à uma vida carnal, aproveitando a companhia de mais de 3 mil moças em seu palácio - todas mantidas lá contra a própria vontade. 

Ilustração do Imperador Xuanzong  / Crédito: Wikimedia Commons 

O rei, no entanto, ainda estava infeliz. Por sorte, logo conheceu no ano de 741 a esposa de seu filho, a senhorita Yang, de 19 anos de idade. Xuanzong, no auge dos seus 50 anos, ordenou que ela deixasse o marido e virasse a sua própria consorte. 

Mesmo com sua vida amorosa satisfeita, o soberano continuou negligenciando seus deveres de estado. Concordava com qualquer coisa que a sua amada pedisse. Atendeu vários dos desejos da consorte, que foi premiada com uma vida de extravagâncias. 

Ela tinha setecentos tecelões de seda e bordados que foram designados especificamente para fazer suas roupas. Toda vez que Lady Young andava a cavalo, o eunuco mais poderoso do palácio segurava o freio para ela.

Além disso, a moça amava lichias. Então, o imperador Xuanzong enviava decretos a oficiais em Lingnan e Chuan-dong (duas cidades longíquas, conhecidas por suas lichias) para entregar os frutos ainda frescos em cavalos velozes, especialmente à jovem.

Lady Young sendo auxiliada enquanto anda de cavalo / Crédito: Wikimedia Commons 

O declínio do governo 

Lady Young começou a pedir ao imperador que promovesse membros de sua família para posições importantes - mesmo que essas pessoas não pudessem fazer o trabalho.

Com isso, o progresso do governo de Xuanzong começou a desmoronar.Os familiares de Yang abusavam do poder, recusando-se a realizar suas tarefas reais importantes, e degradando a imagem do imperador.

Enquanto isso, uma política militar implantada por Xuanzong, que consistia em usar estrangeiros no exército, levou à promoção de alguns soldados para posições de comando muito altas. Li-Linfu explorou essa situação para colocar homens leais a ele no comando do exército.

O chanceler também aceitou subornos da família de Yang para indicá-los para cargos burocráticos de alto nível hierárquico. A antiga prosperidade do país começou a declinar, conforme as autoridades se divertiam e deixavam de lado suas responsabilidades.

Poster do filme japonês Princess Yang Kwei-Fei / Crédito: Wikimedia Commons 

A rebelião 

Um general turco, chamado An Lushan, amigo de Lady Yang, viu os abusos da família da jovem como um sinal de que Xuanzong não estava mais apto para governar. O soldado reuniu então uma das melhores tropas do exército chinês, instaurando uma rebelião contra a casa do governo, no ano de 755. 

O imperador apaixonado foi derrubado e An Lushan assumiu o comando. Um tempo depois, porém, a rebelião foi detida por forças de Tang, voltando Xuanzong ao poder da China. Só que a semente da revolta já havia sido plantada. 

Entre os anos 755 e 763, o país foi dividido e quase 36 milhões de pessoas morreram em uma guerra sangrenta. O imperador fugiu desesperado logo no início da disputa com Yang e sua família. 

O imperador e Lady Young com outros membros da família real / Crédito: Wikimedia Commons 

Desfecho trágico 

A fuga da família real estava sendo escoltada por militares. A culpa por toda aquela situação acabou caindo nas mãos de Yang e os comandantes do exército exigiram que ela fosse morta. 

Xuanzong recusou prontamente, mas como todos os seus homens concordaram em exterminar a jovem, o imperador não teve escolha a não ser obedecer. Preferiu o trono à paixão que tinha pela moça. Disse que se deixara seduzir e por culpa dela havia largado seus deveres. 

Lady Young se matou por enforcamento. O imperador, comovido pela morte - embora ele mesmo tenha permitido aquilo - não quis mais governar. Abdicou em favor de seu filho, Suzong, que passou a liderar a China. 

O filho comandou os exércitos Tang, mas não conseguiu derrotar An Lushan, por mais que tentasse. Suzong e o pai morreram por doenças duas semanas após o outro, em 762. A sucessão do trono ficou por conta de Daizong, o filho mais velho de Suzong, que finalmente restaurou a ordem.


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