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Matérias / Egito

Afinal, quem construiu as pirâmides do Egito?

Ainda hoje, muito se estuda para compreender construção das grandes e gloriosas pirâmides; entenda!

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 08/08/2023, às 16h34 - Atualizado em 09/11/2023, às 15h41

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Fotografia das Pirâmides de Gizé - Foto por Ricardo Liberato pelo Wikimedia Commons
Fotografia das Pirâmides de Gizé - Foto por Ricardo Liberato pelo Wikimedia Commons

Um dos mais gloriosos impérios que vigorou no mundo foi o do Antigo Egito, que não só é conhecido por ser um dos mais antigos, mas também por sua importância cultural e para a humanidade.

Isso porque a antiga sociedade egípcia foi responsável por diversos avanços técnicos que possibilitaram, entre várias coisas, o cultivo, os primeiros passos da medicina e por grandes avanços na área da arquitetura.

Graças a esses progressos que envolveram os estudos da arquitetura no Egito Antigo, entre outros elementos culturais — como o governo por um faraó, uma representação divina na terra; e os avanços na medicina que levaram aos rituais de mumificação —, foi naquele império que surgiram as famosas pirâmides.

Algumas pirâmides

Até novembro de 2008, acreditava-se existir entre 118 e 138 pirâmides no território onde, no passado, reinava o Império Antigo. Mas uma informação importante sobre as construções é que elas não eram erguidas à toa: seriam usadas, na verdade, como túmulo para os faraós e seus consortes — os que reinaram entre o Reino Antigo (2.686 a.C. - 2.181 a.C.) e o Médio (2.055 a.C. - 1.650 a.C.).

Entre as pirâmides mais famosas, destacam-se as chamadas "três pirâmides de Gizé", túmulos dos faraós Quéops, Quéfren e Miquerinos.

Fotografia aérea das pirâmides de Miquerinos, Quéfren e Quéops, respectivamente
Fotografia aérea das pirâmides de Miquerinos, Quéfren e Quéops, respectivamente / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Uma curiosidade é que o costume de construir pirâmides como túmulos aos faraós foi deixado de lado no Novo Império (1.550 a.C. - 1.070 a.C.). Em seguida, os faraós passaram a ser exclusivamente enterrados no Vale dos Reis, localizado a cerca de 483 quilômetros de Gizé, como informa o Live Science.

Escravizados?

Para quem não tem a oportunidade de ver as pirâmides de perto, é difícil ter noção do tamanho colossal que essas estruturas possuem. Porém, o tamanho impressiona tanto — a mais alta das três mencionadas anteriormente, Quéops, possui 140 metros de altura — a ponto de que algumas pessoas ao longo da história buscaram até mesmo respostas em teorias conspiratórias, como "a cidade perdida de Atlântida" e extra-terrestres, e até algumas bem plausíveis, como grandes equipes de judeus escravizados.

Claro que a última, mais comum, seria também a mais conhecida. Porém, mesmo essa teoria pode não ser real, visto que nenhum registro arqueológico referente ao povo judeu encontrado na região data do mesmo período em que as pirâmides de Gizé foram erguidas.

Além do mais, os antigos judeus foram sim escravizados, mas a própria Bíblia hebraica atesta que isso ocorreu em uma cidade chamada Ramsés. Esta, por sua vez, poderia ser Pi-Ramsés, uma cidade fundada durante a 19ª dinastia (entre 1.295 a.C. e 1.186 a.C.) em homenagem ao faraó Ramsés II.

Não temos nenhuma pista, nem mesmo uma única palavra, sobre os primeiros israelitas no Egito: nem em inscrições monumentais nas paredes dos templos, nem em inscrições de túmulos, nem em papiros", escrevem os arqueólogos Israel Finkelstein e Neil Asher Silberman no livro 'A Bíblia desenterrada: A nova visão arqueológica do antigo Israel e das origens dos seus textos sagrados' (2018).

No entanto, o que as evidências referentes às pirâmides encontradas sugerem é que os verdadeiros responsáveis pelas construções são, na verdade, os próprios egípcios antigos. O que ainda é parcialmente um mistério seria a maneira como esses construtores eram tratados ou compensados.

Pirâmides de Gizé
Pirâmides de Gizé / Crédito: Foto por Jerome Bon pelo Wikimedia Commons

Verdadeiros construtores

Conforme descrito pela Live Science, em 2013 foram descobertos na região de Wadi al-Jarf, na costa do Mar Vermelho do Egito, antigos registros escritos em papiros que descreviam grandes grupos de trabalhadores que auxiliavam no transporte de materiais para as construções em Gizé.

Alguns egiptólogos teorizam que as pessoas por trás da construção das pirâmides seriam, em maioria, trabalhadores agrícolas sazonais que, em dado período do ano, ficavam desocupados. No entanto, ainda não há nenhuma descoberta que possa confirmar isso.

Em um dos registros encontrados em Wadi al-Jarf, é descrito um grupo de 200 homens que, liderados por um inspetor chamado Merer, transportou calcário de Turca até Gizé, para ser utilizado nas construções. Porém, aparentemente a "gangue" não trabalhou só no local: eles podem ter viajado por grande parte do Egito realizando diversos projetos de construção; ou seja, seriam, na verdade, uma espécie de força profissional permanente.

Trabalhadores remunerados

Além do mais, os papiros também indicavam que os trabalhadores recebiam uma dieta bastante saudável, incluindo tâmaras, legumes, aves e carne. E não só isso, esses homens também recebiam regularmente alguns tecidos que "provavelmente eram considerados uma espécie de dinheiro na época", de acordo com o professor de egiptologia da Universidade Paris-Sorbonne, Pierre Tallet, que trabalha na tradução dos documentos, repercute a Live Science.

Vale destacar que funcionários de cargos mais importantes que eram envolvidos nas construções das pirâmides "podem ter recebido doações de terras", disse Mark Lehner, diretor do Ancient Egypt Research Associates. Isso é teorizado, pois, em alguns momentos da história do Antigo Egito, eram concebidas concessões de terras a funcionários públicos; mas não se sabe se isso inclui os funcionários das construções das pirâmides.

Escavações ministradas por uma equipe comandada por Lehner, em uma cidade de Gizé habitada por trabalhadores que construíram a pirâmide de Menkaure, revelaram ainda mais indícios de que esses construtores não tinham uma vida miserável: costumavam assar pão em abundância, abater 1.800 kg de animais — entre bois, ovelhas e cabras — todos os dias e ainda produzir bastante cerveja.

Ademais, restos mortais de trabalhadores enterrados próximos às pirâmides mostram que vários deles tinham ossos curados de fraturas, o que sugere que eles tinham acesso a cuidados médicos eficientes o suficiente para auxiliar na fixação óssea. Assim, considerando a possibilidade de acesso a terras, cuidados médicos e pagamentos têxteis, muitos egiptólogos entram em consenso de que estes trabalhadores não eram escravos. A questão, no entanto, ainda é alvo de debate.

Ainda assim, nem todos os homens tinham acomodações semelhantes ou as mesmas condições. Escavações mostram também que funcionários mais importantes contavam com casas maiores e recebiam os melhores cortes de carne, ao passo que outros, de escalão inferior, dormiam em habitações simples ou mesmo em "coberturas" nas pirâmides.