Em nova série documental da Netflix, especialistas discutem como Alexandre obteve suas conquistas militares e se tornou um ‘deus’
Isabelly de Lima Publicado em 31/01/2024, às 18h44
Alexandre, o Grande, pode ser considerado um dos maiores gênios de guerra que já existiu. Levando em conta o período em que viveu e todas as conquistas que realizou, é impressionante que um jovem rapaz da Macedônia, até então, pouco leigo em batalhas corporais de fato, teria conquistado muitos territórios e todo um legado de “herói”.
Na nova série da Netflix, um docudrama que estreou hoje, 31, intitulado ‘Alexandre: O Nascimento de um Deus’, especialistas falam sobre a vida do protagonista, enquanto dividem espaço com algumas cenas ficcionais, com atores que interpretam as figuras históricas.
Especificamente, no segundo episódio da trama, a série exibe como Alexandre (Buck Braithwaite) agia em momentos de conflito. No entanto, antes de entender, de fato, como o líder agia em situações de guerra, é preciso se atentar em alguns fatores que fizeram parte da construção da imagem de Alexandre como um grande líder militar.
Alexandre vivia um período complicado em sua vida ao se tornar rei tão jovem — e de maneira suspeita, já que ninguém sabe quem realmente mandou matar seu pai, o rei Philip — que precisava, a todo momento, tentar provar seu valor.
Sua ânsia de tomar novas terras era motivada exatamente pela necessidade de mostrar aos seus rivais que o pequeno menino da Macedônia não estava brincando e queria conquistar o que desejava. Ele também precisava provar aos gregos (seu próprio povo) que era confiável e digno da devoção deles.
Como resultado, Alexandre focou em um estilo de propaganda de sua imagem que funcionou muito bem com o passar do tempo. Ele trabalhou em cima da ideia de que seria o maior conquistador de seu tempo e tentou passar essa mensagem a todos. Assim, ele apelou para algumas estratégias, como a de manter uma imagem completamente grega através da religião, explica a produção da Netflix.
Acreditando ser um semideus (metade humano e metade ser divino, filho de um deus), Alexandre tinha como ídolo Aquiles, um soldado grego famoso, que tinha como ato mais conhecido o golpe em Troia. Quando na Ásia Menor, com seus 32 mil soldados e 5 mil na cavalaria, tentou se reconectar com suas origens.
O primeiro ato de Alexandre não é de guerra, mas de peregrinação”, explica na série documental a Dra. Carolyn Willekes, da Universidade Mount Royal, em Calgary, Canadá. "Ele vai com Heféstio à famosa cidade de Troia. [...] Antes de iniciar sua campanha contra a Pérsia, que não seria fácil, Alexandre busca inspiração em grandes heróis gregos, como Aquiles”.
Ele teria acreditado que visitar o altar de Aquiles mudaria o desfecho da batalha, pois, seria “abençoado”. Inclusive, pegou um escudo do local para usar durante os conflitos. Como filho de Zeus que acreditava ser, quanto mais perto de seus antepassados gregos, para ele seria melhor.
O líder conseguiu deter uma investida persa logo no início de sua campanha militar, atacando antes que os oponentes pudessem investir, o que foi uma nova tática para seu próprio exército. Nessa batalha, alguns gregos contratados pelo rei Darius (Mido Hamada na produção) foram mortos a sangue-frio, como forma de aviso para possíveis traidores de seu reino.
Conforme conquistava outras terras, seu lado mais agressivo aparecia. Matando quem estivesse na frente, levando a vitória, mas sempre com muito sangue nas mãos. Como dito na série pela Dra. Salima Ikram, da Universidade Americana, no Cairo:
Alexandre costumava ser visto como um grande guerreiro, uma pessoa justa, um intelectual. E ele era mesmo tudo isso. Mas havia outro lado. Ele poderia ser brutal, matar cidades inteiras. [...] De um lado temos o Alexandre nobre. Do outro, temos o cruel. E nunca sabiam qual deles iriam encontrar”.
Quando eles chegam no território que hoje seria equivalente a Turquia, chamado Górdio, ele encontra um dos itens mais emblemáticos de sua propaganda: o nó górdio.
Segundo a lenda, quem fosse capaz de desatar esse nó, se tornaria o senhor de toda a Ásia. Entretanto, não há regras para isso, então, Alexandre apenas o corta com a espada, se tornando aquele que cumpriria a tal profecia.
Apesar de um gesto simples, isso acarretou ainda mais propaganda para o rei, que chegou aos ouvidos do rei Darius. Com a informação da morte de seu braço-direito, o general do exército da Pérsia, o rei decide combater Alexandre frente a frente.
Para saber o restante da história, basta conferir os outros episódios da série que já estão disponíveis na plataforma de streaming Netflix.
