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Matérias / Oppenheimer

A animação japonesa de 1988 que você precisa assistir após ver 'Oppenheimer'

Premiada animação do Studio Ghibli retrata os horrores da guerra aos olhos de crianças

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 27/07/2023, às 18h04 - Atualizado em 28/07/2023, às 18h28

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Cena de 'O Túmulo dos Vagalumes' (1988) e Oppenheimer (2023) - Reprodução/Toho
Cena de 'O Túmulo dos Vagalumes' (1988) e Oppenheimer (2023) - Reprodução/Toho

Na última semana, o foco de quase todas as rodas de conversa girou em torno de dois lançamentos cinematográficos: 'Barbie', de Greta Gerwig, e 'Oppenheimer', de Christopher Nolan. Embora os dois filmes tenham propostas bastante diferentes, eles foram os responsáveis por mobilizações nos cinemas de todo o mundo, que registraram bilheterias bastante agradáveis aos produtores.

E é claro que a efervescência de dois filmes aclamados lançados simultaneamente levou os fãs até mesmo a compará-los, por mais que muito divergentes e visando contar histórias diferentes. Enquanto um é uma ficção acerca da história da boneca mais famosa do mundo, a Barbie, outro é um recorte da vida do homem conhecido como "pai da bomba atômica", J. Robert Oppenheimer.

No entanto, enquanto a obra recente de Nolan apresenta o dilema existencial de um físico angustiado por criar uma arma de destruição em massa, uma animação japonesa de 1988 é quem deveria realmente ser lembrada por aqueles que assistem a 'Oppenheimer'. Afinal, 'O Túmulo dos Vagalumes', de Isao Takahata, acompanha dois irmãos que lutam para sobreviver em um Japão assolado pela Segunda Guerra.

Cena de 'O Túmulo dos Vagalumes' (1988)
Cena de 'O Túmulo dos Vagalumes' (1988) / Crédito: Reprodução/Toho

História cruel

Quando se pensa na Segunda Guerra Mundial, muita gente associa os lados combatentes de maneira simples: Eixo e Aliados. Os aliados representavam majoritariamente o lado ocidental, sendo o lado composto por França, Inglaterra, Estados Unidos e URSS; já o Eixo, é normalmente visto como "o inimigo": a Alemanha nazista, a Itália fascista e o Japão imperialista.

Durante o conflito, os japoneses promoveram o Ataque a Pearl Harbor e incontáveis experimentos em humanos. Porém, um fato inerente às guerras é que quem mais sai prejudicado, independente do seu lado no conflito, são os civis.

E 'O Túmulo dos Vagalumes' é prova disso. Ainda que não seja uma obra com um perfeito embasamento histórico, parte de sua história deriva dos escritos semi-autobiográficos do autor, cantor e político Akiyuki Nosaka.

Ele, que atingiu a maioridade em meio à Segunda Guerra, vivia na cidade de Kōbe, uma das mais populosas do Japão. A população, posteriormente, seria vítima, depois que os Estados Unidos a bombardeou, provocando inclusive a morte do pai adotivo de Akiyuki Nosaka; sua irmã mais nova, Keiko, morreu logo depois.

É importante dizer que toda história possui dois lados. Enquanto os Estados Unidos atestam que os bombardeios no Japão eram uma retaliação comum em meio à guerra, e de fato era, a destruição provocada pelos americanos sempre teve proporções inesquecíveis. Tóquio sofrera, de acordo com a Enciclopédia Britânica, "um dos atos de guerra mais destrutivos da história", quando inúmeras pessoas morreram em apenas uma noite de ataques, em março de 1945.

Antiga fotografia de 1945 de Tóquio bombardeada
Antiga fotografia de 1945 de Tóquio bombardeada / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

'O Túmulo dos Vagalumes'

Na animação do Studio Ghibli, conforme descrito pela Collider, os irmãos Seita Yokokawa, um jovem adolescente, e a pequena Setsuko lutam para sobreviver em um Japão que, em meio à guerra, é dominado pela apatia, indiferença e maldade. Isso tudo, após terem presenciado a morte da mãe, com queimaduras catastróficas.

Juntos, Seita tenta ajudar Setsuko a redescobrir a beleza no mundo — afinal, sentindo-se responsável pela irmã, não queria vê-la sofrer —, enquanto enfrentam toda a maldade e dificuldades daquele contexto em que viviam. E, bem, para não estragar a experiência daqueles que não conhecem a obra (disponível na Netflix), é melhor não entregar mais detalhes; mas esteja preparado para assistir a um filme que muda as percepções da guerra para qualquer um.

Semelhantes, mas diferentes

Enquanto 'O Túmulo dos Vagalumes' faz um recorte da vida em meio à guerra, a partir do ponto de vista e vivências de duas crianças que perderam tudo, 'Oppenheimer' acompanha um cientista que lida com o peso do conhecimento.

Como pode-se ver, um se passa no Japão, outro nos Estados Unidos; um sofre com a bomba, o outro, mostra a mente por trás de sua criação. No fim, todos são infelizes.