Conhecido como geleia-do-pente-sangrento, animal chama atenção com sua cor vermelho-sangue e cabelos cintilantes
Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 15/02/2023, às 18h00 - Atualizado em 18/05/2023, às 18h09
Embora a tecnologia avance mais a cada dia, nos possibilitando ter acesso a informações cada vez mais complexas e lugares mais difíceis de se explorar, é surpreendente pensar que, segundo a Organização Nacional Francesa de Hidrografia, somente 10% do que se encontra abaixo de 200 m de profundidade no mar já foi explorado. Alguns pesquisadores apontam até mesmo que se sabe mais sobre a superfície da Lua do que sobre a profundeza dos mares.
Com isso, é claro que uma quantidade impensável de paisagens submersas e espécies diferentes existam no nosso planeta, sem que tenhamos a menor noção de suas existências. Porém, ocasionalmente temos alguns vislumbres da surpreendente vida marinha: desde peixes pré-históricos com pele "blindada" até outros de aparência bizarra, os mais diferentes animais vivem nos locais mais profundos do planeta.
Tendo isso em mente, confira a seguir a história da curiosa geleia-do-pente-sangrento, um animal que lembra as águas-vivas e chama bastante atenção por sua chamativa cor vermelho-sangue.
Vivendo em uma profundidade que varia de 300 a 3 mil metros, a exuberante geleia-do-pente-sangrento chama bastante atenção por sua aparência. Com uma barriga em vermelho-sangue — daí o nome pelo qual é conhecida — e estruturas que parecem cabelos cintilantes, ela parece bastante uma água-viva, sendo confundida facilmente com uma, mas não pertencem ao mesmo grupo de animais.
Esse curioso animal foi descrito pela primeira vez há 20 anos por cientistas do Monterey Bay Aquarium Research Institute, na Califórnia, segundo o site oficial do centro de pesquisas, pela equipe do biólogo marinho George Matsumoto, especialista sênior do instituto.
Com nome científico Lampocteis cruentiventer, o animal, apesar de viver geralmente nas profundezas, não é incomum: de acordo com Matsumoto, espécimes podem ser facilmente encontradas em todo o litoral do Oceano Pacífico, além de já ter sido registrada também na costa atlântica. "Nós vemos essa criatura na maioria dos nossos mergulhos ROV [sigla em inglês para veículo subaquático operado remotamente] então eu diria que eles são relativamente comuns", explicou o pesquisador à Newsweek.
Conhecidas tecnicamente como ctenóforos, todas as geleias-de-pente possuem oito bandas ou fileiras de pequenos cílios — que, quando atingidos por luz, refletem as cores do arco-íris —, que utilizam batendo continuamente, para se locomover na água. Além do mais, os exemplares desse bicho podem chegar a até 15 cm.
Já sua intensa cor predominante, embora pareça chamativa e um problema para a sobrevivência da espécie, também possui uma importante função, mas para explicá-la é necessário compreender um pouco de física: como vive em lugares profundos, a escuridão predomina o habitat da geleia-do-pente-sangrento, e tendo em vista que o vermelho é o primeiro cumprimento de onda de luz absorvido à medida que se desce no oceano profundo, elas ficam parecendo pretas — logo, quase invisíveis.
Como já mencionado, o fundo do mar é abrigo para as mais diferentes espécies animais, muitas delas ainda não descobertas pela humanidade. Tendo isso em mente, o próprio George Matsumoto já afirmou que "é provável que haja mais espécies a serem descobertas neste gênero, pois temos visto alguma diversidade na coloração e na estrutura do canal."
Sabe-se que o tom de vermelho do animal pode variar, dependendo do que ele se alimenta, indo desde um transparente até o âmbar e vermelho profundo. Porém, sempre com a barriga em vermelho-sangue.
