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Matérias / África

O motorista alcoolizado que dizimou a Árvore do Téneré, um resquício no Saara

A grande árvore era o único sinal de vida nos km² de areia, no entanto, um insano episódio deixou a região ainda mais sem vida

Fabio Previdelli Publicado em 10/07/2020, às 08h00

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Foto rara da Árvore do Téneré - Wikimedia Commons
Foto rara da Árvore do Téneré - Wikimedia Commons

Onde esqueletos de camelos poderiam ser encontrados espalhados na região, a Árvore do Téneré, ou a árvore mais isolada do mundo (como ficou conhecida), dava um sopro de vida para os 400 km² de rocha e areia que a cercavam.

Enfrentando temperaturas que podiam passar dos 45ºC durante o dia, ela se tornou um marco das caravanas que passavam na região centro sul do Deserto do Saara — na parte centro-oeste do Níger conhecida como Téneré — e chegou até a servir de referência em mapas militares europeus da década de 1930.

A enorme acácia de três metros de altura era um ponto singular em todo aquele cenário monótono e, também, era a última sobrevivente de um verdadeiro oásis que existiu na região. Mas como aquela enorme árvore solitária sobrevivia em um território sem vida?

Em 1939, uma equipe do Exército francês recebeu ordens para escavar um poço próximo ao local. Após nove meses, a equipe encontrou uma fonte de água junto às raízes da Árvore do Téneré, a 35 metros no subterrâneo.

Nos anos seguintes, a árvore ganhou notoriedade e passou a receber um número cada vez maior de visitantes. Mas essa interação com as caravanas não fez muito bem para saúde da acácia. No início da década de 1960, o etnólogo Henri Lhote relatou em seu livro A Epopeia do Teneré que um dos dois galhos da árvore foi arrancado e afirmou que “anteriormente a árvore era verde e repleta de flores, agora é sem cor, nua”.

O fim da vida da Árvore do Téreré aconteceu em setembro de 1973, quando participantes do Rali do deserto da Citröen a encontraram morta. O responsável teria sido um motorista líbio que estava bêbado e que colidiu com o caminhão no único obstáculo presente em uma imensidão de areia.

Os restos da árvore foram levados ao Museu Nacional de Niamei, na capital do país, onde estão guardados até hoje. Em seu lugar, foi erguida uma escultura de metal. O ponto de referência permanece, mas ironicamente, a região ficou mais deserta sem a árvore mais isolada do mundo.