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Matérias / Imperadores

As mortes violentas de imperadores romanos seguiam um padrão?

As figuras majestosas fundamentais na história, muitas vezes, faleceram por condições aleatórias, mas um estudo revela que isso não é coincidência

Isabelly de Lima Publicado em 18/02/2024, às 09h00 - Atualizado em 19/02/2024, às 20h33

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Busto de Alexandre, o Grande (esq.) e retrato de Júlio César (dir.) - Wikimedia Commons, sob licença Creative Commons
Busto de Alexandre, o Grande (esq.) e retrato de Júlio César (dir.) - Wikimedia Commons, sob licença Creative Commons

Os imperadores, figuras majestosas que moldaram a história, transcenderam o tempo como símbolos de poder, conquista e legado. Através de seus reinados, deixaram marcas eternas na cultura, na política e na sociedade, influenciando o curso da história para as futuras gerações.

Alguns dos nomes mais famosos ecoam através dos séculos: Marco Aurélio, o último dos Cinco Bons Imperadores romanos; Constantino I, o primeiro imperador romano a se converter ao cristianismo; Augusto, o primeiro imperador romano que consolidou o poder e inaugurou a Pax Romana.

As mortes dos imperadores, muitas vezes brutais e dramáticas, também marcaram a História. Marco Aurélio morreu aos 58 anos em 180 d.C., durante uma campanha militar contra os Marcomanos na Germânia.

A causa oficial de sua morte foi uma peste que assolava o acampamento romano. No entanto, há especulação que ele possa ter sido assassinado por seu filho Commodus, que o sucedeu como imperador, mas sem confirmação, segundo o History.

Constantino I faleceu aos 64 anos em 337 d.C. enquanto se preparava para uma campanha militar contra os Persas. A causa de sua morte também é incerta, de acordo com o Gaudium Press.

O imperador Constantino I - Domínio público

No entanto, será que todas essas mortes aconteceram da mesma maneira? Analisando a História, também é possível se perguntar: essas mortes são tão aleatórias como parecem?

Estudo 

Em 2019, num estudo inovador, que combinou história e engenharia, Joseph Saleh, engenheiro aeroespacial do Georgia Tech, nos EUA, descobriu um padrão intrigante nas mortes dos imperadores romanos do Ocidente. Analisando 69 governantes ao longo de quatro séculos, Saleh observou que 43 (ou seja, 62%) pereceram de forma violenta — por assassinato, suicídio ou em batalha.

O estudo revela ainda que os imperadores enfrentavam um risco altíssimo de morte logo no primeiro ano de reinado. Essa probabilidade, que diminuía gradualmente nos sete anos seguintes, se estabilizava entre o oitavo e o décimo segundo ano, e voltava a subir, repercutiu a Super Interessante.

Saleh utilizou modelos estatísticos tradicionalmente empregados para calcular a confiabilidade de componentes de um sistema, ou seja, o tempo em que as peças de uma máquina levam para falhar.

Essa abordagem inovadora gerou resultados surpreendentes, pois, o padrão entre o tempo até a falha das peças e a morte dos imperadores apresentou uma similaridade notável.

O imperador Marco Aurélio - Domínio público

Risco do primeiro ano

A comparação entre imperadores e engrenagens de uma linha de produção se baseia no fato de que ambos enfrentam maior risco no primeiro ano. As peças podem operar de forma inadequada, enquanto o imperador pode se mostrar inepto para as responsabilidades do cargo. Já o desgaste das peças, equivalente ao desgaste político do líder, aumenta o risco de falha posteriormente.

Saleh destaca que, embora a morte violenta de um imperador possa parecer um evento aleatório, o estudo indica a existência de um processo subjacente que rege a duração de cada governo até a morte.

“É interessante que um processo não-convencional e perigoso, que parece randômico, como a morte violenta de um imperador romano — ao longo de um período de quatro séculos em um mundo vastamente mudado — aparente ter uma estrutura sistemática incrivelmente bem descrita por um modelo estatístico usado de forma ampla na engenharia”, disse Saleh em um comunicado.

Mesmo que pareçam eventos aleatórios quando avaliados separadamente, esses resultados indicam que deve ter havido processos subjacentes regendo a duração de cada governo até a morte”, continuou.

As limitações

O método utilizado no estudo possui limitações, pois, se baseia em relatos históricos, que podem ser divergentes e inconsistentes. No entanto, a técnica abre portas para pesquisas futuras que explorem com mais profundidade o tema.

O imperador Augusto, de Roma - Domínio público

Para o estudo, Saleh utilizou dados do siteDe Imperatoribus Romanis, uma enciclopédia online com conteúdo revisado por pares que reúne um vasto material sobre os imperadores romanos e suas famílias.

A pesquisa de Saleh oferece uma nova perspectiva sobre a vida e a morte dos imperadores romanos, revelando um padrão intrigante que desafia a visão tradicional de eventos “aleatórios e imprevisíveis”, não é mesmo?