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Matérias / Personagem

Bernard Loiseau: O fim melancólico do chef que inspirou 'Ratatouille'

Usado como base para o chef da animação da Disney, sua comovente trajetória abriu um debate histórico na França

Wallacy Ferrari Publicado em 13/09/2022, às 17h27

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Montagem do personagem do filme 'Ratatouille' com Bernard Loiseau - Divulgação/Pixar - Reprodução/Youtube/DIGITAL FOOD NETWORK
Montagem do personagem do filme 'Ratatouille' com Bernard Loiseau - Divulgação/Pixar - Reprodução/Youtube/DIGITAL FOOD NETWORK

A animação 'Ratatouille', produzida pelo estúdio Pixar junto a Disney, marcou o início do século 21 nas animações com a história de um ratinho de nome Remy que se hospeda em no chapéu de um aprendiz de chef e o orienta para realizar pratos da alta gastronomia.

A conturbada invasão do ratinho é feita no restaurante dos sonhos dele na ficção, chamado de 'Gusteau's' e dirigido pelo chef August Gusteau, que obtém bastante fama com a frase "qualquer um pode cozinhar". Contudo, ao receber uma crítica do antagonista na trama, Anton Ego, ele falece.

O tom cômico da animação alivia a morte com muito humor e exageros, mas na vida real, um episódio semelhante ganhou traços macabros devido a uma crítica gastronômica na França, inspirando o personagem da história infantil.

História real

Gusteau foi baseado em Bernard Loiseau, um chefe que emergiu nas décadas de 1980 e 1990 inclusive em programas televisivos especializados em gastronomia, tornando conhecido no mundo inteiro por obter não uma, mas três estrelas Michelin, uma das honrarias mais notórias que um restaurante pode obter.

Obcecado pela conquista de classificações altas, seu restaurante La Côte d’Or figurava os principais guias de restaurantes da Europa, incluindo o renomado Gault-Millau, no qual ostentou, por anos, uma nota quase máxima de 19 de 20 pontos possíveis.

Contudo, tais notas e as estrelas Michelin não são permanentes; para ostentá-las, o restaurante deverá sempre manter a qualidade e inovar em seu atendimento e pratos, fazendo com que o padrão mantenha-se alto, beirando o perfeccionismo. Tal fator orgulhava o chef, mas o colocava sob pressão diariamente.

Crítica destrutiva

No desenho, o chef de cozinha que lidera o restaurante recebe uma crítica negativa capaz de lhe causar um mal-súbito que o leva ao óbito. Contudo, na vida real, a tragédia ocorreu de forma mais lenta e dolorida do que uma simples queda ao chão.

De acordo com a revista Recreio, um crítico publicou, em janeiro de 2003, um artigo com críticas duras ao restaurante, afirmando que ele não era mais relevante como antigamente e que, por isso, perderia suas estrelas e pontos no guia Gault-Millau.

Temendo que as palavras se fizessem verdadeiras, Loiseau passou todo o mês seguinte dando seu máximo e, após um dia longo de trabalho, chegou em sua residência e, aos 52 anos, disparou um tiro contra a própria cabeça, falecendo imediatamente.

Tal episódio comoveu o mundo da gastronomia, iniciando um debate sobre as duras falas de críticos sem estarem presentes na massiva rotina de trabalho na cozinha.

Posteriormente, o restaurante realmente viria a perder dois pontos no guia, mas suas estrelas Michelin são mantidas até os dias atuais, com seu restaurante sendo administrado pela viúva do chef.