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Matérias / Bhopal

Mortes e caos em Bhopal: Há 38 anos, acontecia o maior desastre químico da História

Cidade de Bhopal dormia quando foi atingida por uma silenciosa e mortífera nuvem de gases tóxicos expelida pela fábrica de agrotóxicos próxima

Redação Publicado em 03/12/2020, às 00h00 - Atualizado às 09h00

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Fotografia da fábrica onde se originou o vazamento - Wikimedia Commons
Fotografia da fábrica onde se originou o vazamento - Wikimedia Commons

Na noite de 3 de dezembro de 1984 teve início aquele que ficou conhecido como o maior desastre químico da História. O local onde ocorreu foi na cidade de Bhopal, Índia, onde ficava a fábrica de agrotóxicos Union Carbide India Limited (UCIL). 

Pouco antes da meia-noite, um dos tanques dessa fábrica começou a ter um vazamento de gases como isocianato de metila e hidrocianeto, que são altamente prejudiciais à saúde.

Embora Bhopal contasse com 9 mil habitantes, o número total de pessoas expostas aos gases tóxicos expelidos é estimado em meio milhão de pessoas. 

Pensando nisso, o site Aventuras na História separou 5 fatos sobre o episódio, ocorrido há exatos 38 anos e ainda desconhecido por muitas pessoas. Confira!

1. Gases 

Fábrica anos após o desastre / Crédito: Wikimedia Commons

Por serem mais pesados que o ar, os gases se uniram em uma nuvem densa que se espalhou pelas favelas próximas à UCIL. Os primeiros sinais de sua presença mortífera foram um cheiro forte, ardência nos olhos e ânsia de vômito.

Logo veio a dificuldade para respirar, que seria uma das principais causas de morte entre os moradores da cidade indiana.  

''Acordei por volta da meia-noite. As pessoas estavam na rua vestindo o que usavam para dormir, algumas com apenas suas roupas íntimas. As pessoas começaram a cair no chão, espumando pela boca. Muitos não podiam abrir os olhos", relatou uma das sobreviventes, Hasira Bi, em entrevista à BBC.


2. Caos

Os moradores que não morreram durante o sono começaram a ocupar as ruas em desespero. Muitos caíram mortos no caminho, assim como os milhares de animais de Bhopal: gatos, cães, vacas e pássaros. 

Apenas nos primeiros três dias, 8 mil habitantes da cidade tiveram suas vidas tiradas pelo contato direto com os gases venenosos, seja na noite onde tudo aconteceu ou já na emergência do hospital mais próximo. 

Muitos sobreviventes enfrentaram uma variedade de sequelas graves, como a cegueira e problemas em todos os sistemas do corpo, precisando lidar com dificuldades respiratórias, neurológicas, imunológicas, reprodutivas, musculares e esqueléticas, por exemplo. O total de mortos indiretos nos meses seguintes é estimado entre 13 e 20 mil. 

3. Falhas 

Memorial em homenagem às vítimas do desastre / Crédito: Wikimedia Commons

A Union Carbide India Limited possuía seis medidas de segurança diferentes para o caso de um acidente desses ganhar vida, contudo, todos esses procedimentos apresentaram erros, ou estavam desligados naquele momento. Inclusive, estava também desligada a sirene que tinha a função de alertar as pessoas próximas à fábrica que começara uma situação de perigo. 

Outra falta da UCIL foi não divulgar quais foram os gases liberados naquele dia, o que dificultou o tratamento médico dos habitantes expostos a eles, que lotaram o hospital local nos dias seguintes. 

4. Consequências 

Protesto em Bhopal pedindo por justiça pela catástrofe / Crédito: WIkimedia Commons

Segundo divulgado pela BBC em 2014, estudos posteriores com a população de Bhopal mostraram um risco elevado de câncer, além de ser constatado que mais de 150.000 dos sobreviventes desenvolveram doenças crônicas que necessitam de cuidados constantes. 

A segunda geração de crianças após o acidente também sofre com frequência de problemas congênitos e deficiências de crescimento, um resultado claro das marcas que os gases tóxicos deixaram em suas vítimas. 

Outra questão é o dano ambiental que o vazamento da indústria causou ao solo e à água da região. Um relatório do Greenpeace documentou a presença de níveis elevados de metais pesados em amostras retiradas da cidade indiana por uma equipe de voluntários. 

5. Justiça?

Em 2010, vinte e seis anos após o desastre, sete ex-funcionários da fábrica de pesticidas foram condenados por morte por negligência, recebendo penas de dois anos de prisão, e multas de 2.000 dólares, que são as punições máximas da legislação indiana. 

O Greenpeace acredita que a Dow Química, multinacional que comprou a UCIL posteriormente ao acidente, precisa ser responsabilizada pela descontaminação do local afetado, pagar indenizações às vítimas e suas famílias e prover água potável para a população de Bhopal, que teve seus lençóis freáticos contaminados.  

Um documentário recente produzido pela Brasil de Fato, chamado “Bhopal 84” relembra mais detalhes a respeito da catástrofe química.