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Matérias / Crimes

Caso Favela Naval: Quando a corrupção policial chocou o Brasil

Em 1997, a revelação de imagens amadoras de militares agredindo inocentes resultou em expulsão e revolta

Redação Publicado em 21/08/2021, às 07h00

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Imagem foca em momento de disparos no caso Favela Naval - Divulgação / YouTube / TV Globo
Imagem foca em momento de disparos no caso Favela Naval - Divulgação / YouTube / TV Globo

Na noite de 31 de março de 1997, o Jornal Nacional, transmitido pela TV Globo, iniciava com um aviso aos espectadores.

As seguintes imagens ilustrariam violência gráfica e até morte em vídeo, mas deveriam ser transmitidas para contextualizar o extenso trabalho jornalístico que  revelava o chocante caso. 

Instantes depois, o Brasil tomava conhecimento do caso Favela Naval, popularizado com este nome por ter ocorrido um uma comunidade carente de mesmo nome, em Diadema, município localizado na Região Metropolitana de São Paulo, conforme revelado pelo portal de memória e acervo da Globo.

Em vídeo, um cinegrafista amador — que posteriormente teve a identidade revelada como Francisco Romeu Vanni — aproveitou a visão estratégica de uma janela para filmar uma blitz policial irregular, com registros de abusos de poder, agressões e disparos contra pessoas sem relação com crimes, ao longo de três dias.

Cadeia nacional

A emissora carioca teve acesso ao material após a proposta de Francisco a diversos veículos brasileiros, tendo o maior lance arrematado pela Globo.

Após a compra, o jornalista Marcelo Rezende foi designado para investigar o material e buscar a identidade das vítimas e policiais envolvidos, revelando um esquema de corrupção histórico na Polícia Militar de São Paulo.

As imagens transmitidas pelo telejornal foram narradas por Rezende, mas eram autoexplicativas devido ao contexto, qualidade de som e imagem; nelas, um grupo de agentes liderados pelo soldado Otávio Lourenço Gambra, apelidado de Rambo, abordavam condutores locais para revistas com tapas, socos e golpes de cassetetes em troca de valores para serem liberados sem incriminá-los. 

Quando não tinham dinheiro ou ousaram justificar a circulação na região, tiveram os pneus do carro furados, a carcaça amassada com cacetadas, e foram estapeados enquanto rendidos ou, no caso de Mário José Josino, um pedreiro de 29 anos, morto à tiros logo após a liberação, já dentro do carro.

O registro da morte do homem sem envolvimento com crimes foi exibido em rede nacional como seu último momento em vida, logo após ser espancado com colegas que visitava na região. A revelação foi suficiente para causar uma revolta nacional e iniciar uma investigação para identificar as vítimas e punir os policiais presentes nas batidas.

Investigação e pena

O repórter Ernesto Paglia foi responsável por identificar, no dia seguinte à denúncia, seis dos dez envolvidos, sendo eles o sargento Reginaldo José dos Santos, o cabo João Batista de Queiroz e os soldados Nelson Soares da Silva Júnior, Paulo Rogério Garcia Barreto, Rogério Neri Bonfim e Otávio Lourenço Gambra.

Assim que localizados, a fita foi entregue à polícia, que associou os envolvidos restantes na operação e os prendeu, respondendo processos na Justiça Militar. O escândalo não apenas resultou no afastamento e expulsão de 9 dos 10 policiais, como ainda gerou um pedido de desculpas do então governador de São Paulo, Mário Covas, como noticiou a Folha de S. Paulo na época.

Essa coisa (divulgação das imagens da violência) atinge o governo como um todo e a mim, em particular. Não abro mão desse tipo de responsabilidade. [...] As cenas são profundamente constrangedoras. Portanto, eu quero declarar que deploro profundamente (as cenas) e me desculpo com o povo de São Paulo pelo acontecido”, disse o político.

Nos anos seguintes, sete dos envolvidos foram condenados a pelo menos 1 ano e meio de detenção, destacando a participação de Otávio "Rambo", que pegou inicialmente 65 anos de reclusão, e Maurício Louzada, com 27 anos.


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