Filme baseado em romance imagina a vida de Marilyn Monroe, mulher que se tornou símbolo de Hollywood
Thiago Lincolins Publicado em 30/09/2022, às 10h00
No momento em que o mundo mergulha nos 60 anos da melancólica morte de Marilyn Monroe, a Netflix lançou duas obras que relembram a tumultuada saga da mulher que se tornou símbolo máximo de Hollywood.
Meses atrás, o lançamento de ‘O Mistério de Marilyn Monroe: Gravações Inéditas’ veio como um prato cheio para aqueles que até hoje tentam entender o que aconteceu no dia 4 de agosto de 1962, data que marca o último suspiro de uma talentosa atriz que sucumbiu a pressão da indústria do entretenimento.
Agora, a nova aposta da Netflix se deu com o lançamento de ‘Blonde’. Seguindo o legado de filmes que causam polêmica antes mesmo da estreia, rumores sobre cenas de sexo explícitas e uma alta classificação indicativa já cravaram o filme na cabeça do público. O longa, vale destacar, não configura uma cinebiografia. Afinal, é baseado na obra homônima escrita por Joyce Carol Oates. E como se trata de um romance, a própria autora deixa claro que sua obra não deve ser usada na busca de fatos precisos.
"É empolgante saber que haverá uma adaptação de Blonde a ser produzida pela Netflix em 2021. E por um ilustre cineasta, Andrew Dominik. Sua versão do meu romance concentra-se em apenas alguns episódios selecionados entre vários, mas apresenta Marilyn Monroe como uma mulher explorada, desfalcada da mais elevada reputação que deveria ter tido como excelente atriz, além de ter seus rendimentos usurpados. Os leitores contemporâneos poderão ter mais simpatia por uma protagonista feminina que suporta muitas das humilhações expostas hoje pelo movimento #MeToo", disse a autora em entrevista à Folha.
Retratando estupro, aborto, descontrole e angústia, ‘Blonde’ choca ao imaginar a vida de Monroe em meio a tantos episódios turbulentos. Todavia, quem assiste ao filme de Andrew Dominik se encanta com a maneira como a talentosa Ana de Armas se entregou ao encarar o desafio de reviver uma das maiores artistas que já existiram.
Antes de ‘Blonde’, Ana de Armas atuou em filmes como ‘Entre facas e segredos’ e ‘Águas Profundas’, mas foi a sua atuação como Marilynque resultou em 11 minutos de aplausos no Festival de Veneza. Mergulhar na vida de Monroe destacou o brilho de uma atriz promissora.
“Ana tem a mesma qualidade de Marilyn Monroe: o filme gira em torno dela quando aparece na tela. É como se ela fosse o sol, e tudo orbita à sua volta. O que acontece com ela no filme é o que importa, não o filme em si”, destacou Andrew Dominik no festival, conforme repercutido pelo Omelete. “O desafio de escalar alguém para fazer Marilyn Monroe é que você precisa entender para que tanto alvoroço. E no caso dos filmes de Marilyn, dá para ver que ela é sempre a coisa mais importante no filme.”
Com figurinos e maquiagens impressionantes, Armas encarou o papel com fidelidade, e chegou a destacar que acredita que tem a aprovação de Monroe sobre o filme.
"Ela era tudo em que eu pensava, ela era tudo que eu sonhava, ela era tudo o que eu conseguia falar. Ela estava comigo e foi lindo. Acho que ela estava feliz", disse ela no festival. "Estando nos mesmos lugares que ela esteve, filmando em sua casa, foi uma sensação muito forte de que havia algo no ar, e acho que ela estava aprovando o que estávamos fazendo."
Além de Ana de Armas, o filme também impressiona pela fotografia. Em alguns momentos, é possível se sentir ao lado da própria Marilyn, e se comover com o drama de uma personagem que não teve o apoio que precisava.
Para os fãs, o que fica é a esperança de que Hollywood consiga fazer um filme que destaque a mulher forte, doce e extremamente talentosa que foi Norma Jeane, mulher que possibilitou o nascimento de um ícone da cultura pop.
