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Matérias / Brasil

Das angústias de Leopoldina ao desabafo de Dona Amélia: as intrigantes cartas do Brasil Império

As correspondências revelam declarações pouco conhecidas envolvendo a vida íntima e política de personalidades icônicas da História Brasileira

Vanessa Centamori Publicado em 27/08/2020, às 14h20 - Atualizado em 12/11/2021, às 10h00

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(canto superior)- à dir: Dom Pedro I; esq: Imperatriz Leopoldina; (canto inferior)- à dir: Dom Pedro II; esq: Dona Amélia - Wikimedia Commons
(canto superior)- à dir: Dom Pedro I; esq: Imperatriz Leopoldina; (canto inferior)- à dir: Dom Pedro II; esq: Dona Amélia - Wikimedia Commons

Desabafos, apelos e declarações apaixonadas. Quem nunca escreveu um textão emocionado aos amigos ou ao crush no WhatsApp? De modo não muito diferente, as figuras históricas do Brasil Império também tinham seus sentimentos à flor da pele. Só que expressavam suas angústias em cartas longas e que demoravam bem mais para chegarem. 

Algumas delas revelam não só a intimidade da realeza, como também as decisões políticas dos imperadores, que serviram para moldar a História como ela é contada hoje. Confira abaixo algumas personalidades que escreveram correspondências intrigantes: 

Dom Pedro I / Crédito: Wikimedia Commons 

As correspondências picantes de Dom Pedro I 

O monarca traía abertamente sua esposa, a imperatriz Leopoldina. A sua amante predileta era Domitila de Castro, conhecida como Marquesa de Santos. Com ela, Dom Pedro I teve filhos que chegou até a assumir ao público, para o tormento da cônjuge. 

Bastante infiel ao matrimônio, o imperador se correspondia com Domitila em cartas quentes, nas quais os dois trocavam apelidos: ela era "Titília" e ele “Fogo Foguinho” e “Demonão”. Em uma das cartas, o monarca chegava até a descrever o seu órgão genital enrijecido. Já não fosse suficiente, mandava de lembrança seus pelos pubianos no envelope da carta. E também muitos presentes caros para a amante. 

Exemplo disso é uma das cartas do imperador apaixonado, que hoje pertence ao Museu Mariano Procópio, de Juiz de Fora (MG). O documento começa com Dom Pedro I chamando a Marquesa de "Meu Benzinho". "Tenho o gosto de lhe enviar esta cestinha com um delicado mimo dentro, estes dois cravos para que cravando-se no seu coração lhe farão conhecer a fidelidade do meu, que lhe todo é seu (...). Este seu amante, o Demonão”.

As angustiadas cartas de Leopoldina

Já a austríaca desabafava sobre Dom Pedro I com sua irmã, Maria Luiza da Áustria, em uma série de correspondências. Algumas das cartas foram recuperadas por um colecionador do Brasil em um leilão europeu. Elas mostram que a imperatriz reclamava da atitude do monarca para com os filhos dela. 

Segundo escreveu Leopoldina, Dom Pedro I ensinava ao filho, João Carlos, todas as desobediências possíveis. E a dama ainda criticava o comportamento do cônjuge não só como pai, mas de modo geral.

“O caráter do meu marido é extremamente exaltado por causa do tratamento contraditório, duro e injusto em relação a todas as mudanças, de modo que tudo que denote levemente liberdade lhe é odioso. Assim só posso continuar observado e chorando em silêncio”, lamentou a austríaca.

Retrato da imperatriz Leopoldina / Crédito: Wikimedia Commons 

Por outro lado, outra carta de Leopoldina revela a astúcia política da imperatriz na hora de convencer Dom Pedro I. Na ocasião em que a escreveu, ela tinha já liderado uma reunião do Conselho de Ministros e assinado o decreto da Independência, declarando o Brasil separado de Portugal. Só faltava a formalização do marido para que a emancipação fosse oficial. 

Logo, em uma carta que chegou para Dom Pedro I, no emblemático dia 7 de setembro de 1822, ela diz que o país o queria como monarca e que a independência já era inevitável.  “Pedro, o Brasil está como um vulcão. Até no paço há revolucionários. Até oficiais das tropas são revolucionários. As Cortes Portuguesas ordenam vossa partida imediata, ameaçam-vos e humilham-vos. O Conselho de Estado aconselha-vos para ficar", escreve.

Comparando, a seguir, o território brasileiro independente com um pomo maduro, que está prestes a ser colhido — senão apodrece — a imperatriz também redigiu: "Com o vosso apoio ou sem o vosso apoio ele [o Brasil] fará a sua separação", argumentou.

A saudosa madrasta Amélia

Passou a proclamação da independência e também o reinado de Dom Pedro I. Após a morte de Leopoldina, aos 29 anos de idade, o soberano se casa com a segunda esposa, a nobre alemã Amélia de Leuchtenberg. Em 1831, ele decide voltar para Portugal, onde disputaria o trono contra seu irmão, Miguel.

Dona Amélia / Crédito: Wikimedia Commons 

Quando Dom Pedro I deixa o Brasil, ele também deixa no seu lugar o seu filho, Dom Pedro II, então com apenas cinco anos de idade. O jovem assumiria o poder precocemente, pouco antes dos 15 anos, com o golpe da maioridade, em 23 de julho de 1840. 

Madrasta do menino, Dona Amélia escreve para o enteado, que ficou no Brasil, na intenção de manifestar a enorme saudade que sentiria do garoto. “Meu filho do coração e meu imperador, adeus, menino querido, delícia de minha alma, alegria dos meus olhos, filho que meu coração tinha adotado. Adeus para sempre", redige. 

"A púrpura ainda não serve senão para estofo, e tu, que comandas exércitos e reges um Império, ainda careces de todos os desvelos e carinhos de mãe.(...)Dorme, criança querida, enquanto nós, teu pai e tua mãe de adoção, partimos para o exílio, sem esperança de nunca mais te vermos...", completa. 

Dom Pedro II / Crédito: Wikimedia Commons 

As brigas de Dom Pedro II 

O herdeiro de Dom Pedro I era um homem tímido, que se casou com a imperatriz Teresa Cristina de Bourbon. Porém, ele nutria, assim como o pai, casos extraconjugais. O seu maior encanto era a Condessa de Barral, uma moça chamada Luísa Margarida de Barros. 

Em algumas das cartas apaixonadas que o imperador trocava com a dama, ele revela que os dois tinham algumas discussões acaloradas. "Perdão dos agravos, e sobretudo se tenho sido injusto a respeito de sua amizade. Brigue; tenha os repentes a que não puder resistir, que eu sou cada vez mais seu amigo, e apenas verei nessas manifestações a prova de que você não é indiferente à afeição que lhe consagro", enviou Dom Pedro II, em 29 de março de 1877. 


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