Em julho de 1874, o menino brincava com o irmão na rua, quando ambos avistaram dois homens em uma carroça; era o inicio de um pesadelo
A tarde do dia 27 de junho de 1874 estava sendo tranquila para o comerciante de produtos secos da Filadélfia, Christian Ross. Ele morava com sua família no subúrbio norte-americano de Germantown e estava sentado em casa, enquanto seus filhos, Walter, de 5 anos, e Charley, 4, brincavam na rua.
De repente, o mais velho entrou pela porta, com alguns doces na mão. A origem daqueles quitutes? "Um homem em uma carroça", explicou o pequeno Walter Ross, com sua voz infantil.
Segundo o menininho, um cidadão misterioso havia dado guloseimas a ele e a seu irmão Charley. Ao ser questionado pelo pai se "sabia quem era o homem", Walter disse que não.
“O único pensamento que me ocorreu foi que alguém que gosta de crianças, como ato de bondade, deu doce aos meninos", comentou o pai dos pequenos, conforme informou o site Yale Review, da Universidade de Yale. Christian Ross deixou o assunto de lado. Mas foi inevitável: alguns dias depois, aquele episódio nublado se tornou uma memória sinistra e perturbadora.
O sumiço
Já era dia 1 de julho de 1874, quarta-feira. Christian Ross voltou do trabalho às 6h da tarde. Naquela altura, as crianças deveriam estar brincando no jardim. A empregada as viu pela última vez na calçada, onde os meninos se divertiam com amigos do bairro. Mas eles ainda não tinham voltado para casa.
O Sr. Ross não se preocupou, pensando que as crianças deveriam estar apenas em algum lugar próximo na vizinhança e já retornariam. Tratou de seus negócios, até a hora do chá, quando saiu para procurá-los.
Ao falar com uma vizinha, uma mulher chamada Mary Kidder, ele descobriu algo preocupante. Algumas horas antes, a Sra. Kidder havia notado uma carroça parada na calçada do lado de fora da casa dos Ross. Notou que Walter e Charley estavam conversando com o motorista do veículo e com outro homem que estava sentado ao lado.
Já desesperado, o pai correu para a delegacia mais próxima; no caminho, avistou Walter. O menino estava na companhia de um homem adulto - o Sr. Henry Peacock, que disse ter encontrado o garoto chorando e perdido no bairro de Kensington.
Quando o pai perguntou a Walter sobre seu irmão Charley, o menino contou que ele e o garoto estavam na companhia de um homem de bigode e óculos avermelhados - a mesma pessoa que dera doces aos meninos no último sábado.
Junto ao homem misterioso, estava também um indivíduo mais velho, que, segundo a descrição ingênua de Walter, tinha um “nariz de macaco engraçado". Os adultos tinham sugerido aos meninos comprar doces e fogos de artifício para o Dia da Independência dos EUA, comemorado em 4 de julho.
Encantadas pela oferta, as crianças haviam entrado então na carroça dos desconhecidos. O veículo estacionou em uma loja de charutos e fogos. Walter ganhou vinte e cinco centavos da dupla de homens. Foi ordenado a entrar e comprar os rojões para ele e o irmão. Charley ficou sozinho. Quando Walter voltou, a surpresa: a carroça havia desaparecido.
Onde está Charley?
Ouvindo essa história de Walter, o pai dos garotos notificou a polícia. No dia 3 de julho, Christian Ross recebeu vinte e três terríveis cartas pedindo resgate pelo filho. Todos os documentos estavam incorretos e mal escritos. “Nós o pegamos”, dizia um trecho. “E nenhum poder na terra pode o libertar de nossas mãos”.
Os sequestradores pediam uma quantia de US$ 20 mil dólares (cerca de US $ 400 mil hoje em dia). Por ordens da polícia, Ross não pagou a quantia. Nas semanas seguintes, envolveu-se em negociações prolongadas com os captores de seu filho, respondendo às cartas deles através de anúncios pessoais nos jornais.
O caso ficou conhecido como o sequestro de Little Charley Ross e virou assunto nacional. Até uma editora de música de Nova York lançou uma canção com o título Bring Back Our Darling, em homenagem ao garoto. A partitura, adornada com o retrato do menino raptado, vendeu rapidamente milhares de cópias.
Desdobramentos
Em agosto de 1874, um informante disse à polícia de Nova York os possíveis nomes dos sequestradores: seriam os ladrões profissionais William Mosher e Douglass. Em 13 de dezembro do mesmo ano, os dois suspeitos foram baleados enquanto assaltavam uma casa em Long Island.
Mosher morreu instantaneamente. O pequeno Walter, por solicitação da polícia, reconheceu o corpo do criminoso, que tinha um nariz deformado por conta de um câncer. Douglass, por sua vez, ficou ferido de modo grave. Confessou antes de morrer que ele e seu grupo haviam sequestrado Charley Ross - porém o criminoso não sabia mais qual era o paradeiro da criança.
Em 1875, um terceiro elemento, William Westervelt, o cunhado de Mosher, um ex-policial da polícia de Nova York, foi julgado e condenado por conspirar com o sequestro, mas nunca admitiu a culpa. Jamais também ficou comprovado que Westervelt estava na carruagem quando Charley Ross foi raptado, mas a polícia acredita que ele ajudou a planejar o crime.
O pai do menino desaparecido nunca mais viu o filho. Passou a vida toda em sua busca. Dois anos após o rapto, em 1878, ele escreveu o livro A história do pai de Charley Ross, a criança sequestrada. O objetivo era arrecadar dinheiro pra reencontrar o menininho.
Um possível Charley
Segundo a biblioteca do Congresso dos EUA, décadas após o desaparecimento, o carpinteiro Gustave Blair disse ser o próprio Charley. Em 1939, um tribunal do Arizona decidiu que ele era realmente o menino raptado.
O carpinteiro contou a um júri que se lembrava vagamente de ter sido prisioneiro em uma caverna quando menino e que a família que o criou disse que ele era uma vítima de sequestro. Após a decisão judicial sobre sua identidade, Gustave Blair mudou oficialmente seu nome e viajou para a Pensilvânia.
Porém, a família Ross se recusou a aceitá-lo. Ao longo de anos, junto da esposa, Christian Ross entrevistou 570 meninos, adolescentes e, eventualmente, homens adultos, que poderiam ser Charley. Mas a busca não deu resultado algum. O pai morreu em 1897 e a mãe em 1912 - ambos sem nunca mais ter notícias confirmadas do filho.
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