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Matérias / A Garota da Foto

'A Garota da Foto': a perturbadora história de Suzanne Marie Sevakis

A perturbadora história de Suzanne, que chegou a ter outros dois nomes, é contada no documentário 'A Garota da Foto', da Netflix

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 12/07/2022, às 14h06

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'A Garota da Foto' entrou no catálogo da Netflix na última quarta-feira, 6. - Divulgação/Netflix
'A Garota da Foto' entrou no catálogo da Netflix na última quarta-feira, 6. - Divulgação/Netflix

'A Garota da Foto' é um documentário que teve sua estreia na Netflix na última quarta-feira, 6. A produção conta a história de um caso real envolto em mudanças de nome, assassinatos, sequestros, gravidez e casamento entre familiares, e tem chocado diversos espectadores ao assistirem em decorrência de toda a crueldade sofrida por Suzanne Marie Sevakis.

O filme é dirigido por Skye Borgman e atualmente conta com uma avaliação de 7,3 de 10 no IMDB, tendo não só chocado quem o assiste, mas também tendo sido muito bem avaliado

Abaixo, você confere a história presente na produção da Netflix (VOCÊ PODE VER SPOILERS NOS PRÓXIMOS PARÁGRAFOS).

O corpo na estrada

Em uma noite chuvosa em abril de 1990, em Oklahoma, nos Estados Unidos, três homens estavam a caminho de um motel até que encontraram um sapato azul no meio da rua. A alguns metros de distância, por fim, os homens encontraram ainda uma mulher, a beira da estrada, deitada e convulsionando.

Lá, na beira da estrada, estava o que parecia ser uma jovem deitada de bruços na vala, seu corpo convulsionando, seus braços e pernas se movendo em direções diferentes", escreveu Matt Birkbeck, jornalista e um dos homens presentes, em seu livro 'Uma Linda Criança'.

Quando levada ao hospital pelos homens, logo seu marido, que se chamava Clarence Hughes, a identificou: Tonya Hughes. No entanto, a investigação sobre a morte se estendeu por caminhos cada vez menos previsíveis, e culminou em descobertas terríveis sobre a vida da mulher morta, seu marido e os crimes que o homem cometeu, inspirando a produção do comentário.

Sandra Willet

Sandra Willet deu à luz à sua filha Suzanne Marie Sevakis em setembro de 1969, em Michigan, nos EUA. Em 1974, ela conheceu um homem chamado Franklin Floyd, enquanto lidava com transtorno de estresse pós-traumático depois que um tornado destruiu o trailer onde Sandra morava com seus filhos. 

Um dia, quando Willet precisou comprar fraldas para seus filhos, ela fez um cheque sem fundo em uma loja de conveniência, e por isso foi condenada a passar 30 dias na prisão. No período, Floyd — que já apresentava comportamentos estranhos, como andar com uma faca e ameaçar a família — teria, segundo Sandra no documentário, levado seus filhos embora.

Enquanto Sandra Willet cumpria pena na prisão, Floyd teria entregado duas de suas crianças e um orfanato e levado Suzanne consigo. Quando os policiais perguntaram se Sandra era casada legalmente com Floyd, ela disse que sim, e eles apenas afirmaram que a responsabilidade de lidar com os problemas era dela. Então, Suzanne nunca mais seria chamada por esse nome por mais 40 anos.

O sequestro de Michael

De volta ao momento em que três homens encontraram um corpo na estrada, em 1990, o filho de Tonya Hughes, o jovem Michael — que não era filho biológico de Clarence Hughes —, foi colocado sob cuidados de pais adotivos, o casal Merle e Ernest Bean. No entanto, em 1994, Clarence invadiu a escola de Michael e sequestrou o garoto e o diretor.

O diretor foi deixado amarrado em uma árvore por Clarence, mas a criança sequestrada levantou uma investigação, que foi reportada pela mídia na época. Na investigação, a polícia descobriu que o sequestrador, Clarence Hughes, na verdade se chamava Franklin Floyd, e que ele havia sequestrado uma garota anteriormente, além de roubado um banco e agredido uma mulher.

No entanto, uma mulher chamada Jenny Fisher, quando viu imagens de Tonya — falecida mãe do garoto Michael, que havia sido sequestrado — na televisão, se surpreendeu ao identificar mais uma camada de mistério sobre a mulher morta: ela era sua ex-melhor amiga do ensino médio, mas na época era conhecida como Sharon Marshall.

Sharon e Warren Marshall

Sharon Marshall era lembrada por suas amigas do ensino médio como uma estudante brilhante e ambiciosa, que havia sido aceita no Instituto de Tecnologia da Georgia e sonhava em ser engenheira aeroespacial. No entanto, mesmo na época, os amigos de Sharon percebiam que seu pai era um homem estranho, e que as vezes parecia inadequado com a filha.

O homem no caso era o próprio Franklin Floyd — nesse período, chamado de Warren Marshall —, e se apresentava como pai de Sharon. Jenny Fisher, por sua vez, relatou até mesmo situação em que o homem ameaçou a própria filha e a amiga com uma arma, enquanto estupravaSharon

Quando as autoridades disseram, anos após a morte de Suzanne/Sharon/Tonya, que o sequestrador da criança era o marido, Fisher ficou incrédula, pois sempre enxergava o homem e tinha a imagem dele como pai da jovem, como dito no documentário. 

Em 1989, um ano antes da morte [de Suzanne] eles mudaram seus nomes", disse Joe Fitzpatrick, agente do FBI que trabalhou no caso. "Sharon Marshall se tornou Tonya e Warren Marshall se tornou Clarence Hughes. Os nomes que eles usaram foram tirados de lápides no Alabama. E então eles se casaram com seus novos nomes em Nova Orleans, o que significa que esse homem se casou com sua própria filha. Era inconcebível."

Prostituição

Heather Lane, uma mulher que trabalhava em uma boate de strip, lembra também de ter conhecido Sharon no período entre o fim do ensino médio e a morte da jovem. Segundo Lane, ela era uma mulher "muito tímida" e que "não falava sobre ela mesma", mas que se prostituía porque seu 'pai' havia dito para fazer isso, e tinha lhe comprado preservativos.

Isso foi nojento", diz Heather Lane. "Eu não podia acreditar que um homem colocaria sua filha naquela situação."

Logo, foi descoberto que Sharon havia ficado grávida — do jovem que veio a se chamar Michael — e, segundo Lane, "foi a melhor coisa que já aconteceu com ela", e menciona que Sharon tinha se tornado muito mais feliz após o nascimento de seu filho. 

Por fim, Franklin Floyd — que também passou pelas alcunhas de Warren Marshall e Clarence Hughes — foi preso em 1995 pelo sequestro do pequeno Michael. A investigação abriu outras portas, e em 1997 ele também foi indiciado pela morte de Cheryl Ann Comesso, amiga de Suzanne que também trabalhou na boate.

Em 2014, por sua vez, Floyd ainda respondeu definitivamente 'quem era Sharon Marshall?' ao FBI e confessou que havia matado o jovem Michael logo após o sequestro.