Heróis dos Trilhos, nova série eletrizante da Netflix, é inspirada em incidente com gás tóxico que assolou Bhopal, na Índia
Redação Publicado em 21/11/2023, às 18h56 - Atualizado em 23/11/2023, às 17h40
No último sábado, 18, a Netflix adicionou ao seu catálogo uma minissérie de quatro episódios chamada ‘Heróis dos Trilhos’. Este drama histórico, produzido pela YRF Entertainment, retrata a história real da tragédia industrial que assolou Bhopal em 1984 e dos trabalhadores ferroviários que se tornaram heróis.
Pensando na estreia dos episódios, que possuem cerca de uma hora de duração, o site Aventuras na História foi atrás da tragédia que inspirou a nova produção.
Na madrugada, entre os dias 2 e 3 de dezembro de 1984, o pior desastre industrial do mundo tirou a vida de inúmeras pessoas. Tudo começou em uma fábrica de pesticidas chamada Union Carbide India Limited, localizada em Bhopal, no estado indiano de Madhya Pradesh.
Na madrugada do dia 2, houve um vazamento de isocianato de metila, um gás altamente tóxico. É importante ressaltar que o acidente ocorreu após funcionários observarem uma série de problemas no sistema de segurança do local, que incluía válvulas em mau estado de conservação e outros vazamentos, nos três anos anteriores.
O fatídico vazamento de 1984 gerou confusão entre os moradores, em razão do péssimo cheiro no ar. No meio da noite, os habitantes das redondezas da fábrica começaram a desmaiar subitamente, gerando pânico entre os que permaneceram conscientes e correram para buscar socorro.
Segundo o jornal Financial Express, outras consequências do vazamento de gás incluíam: irritação nos olhos, vômitos, tosse e falta de ar. Na manhã seguinte, dezenas de pessoas morreram como resultado de um colapso circulatório. Já os que não faleceram por exposição ao gás, apresentaram sequelas como cegueira e câncer.
Este trágico desastre que atingiu Bhopal em 1984 culminou na interdição imediata da fábrica pelo governo indiano, resultando na falta de transparência na divulgação de informações-chave, obtidas na investigação. A apuração do caso foi liderada por entidades cientificas indianas e autoridades policiais.
A Union Carbide Corporation (UCC), empresa responsável pela fábrica, chegou a enviar uma equipa técnica para avaliar a situação, porém, seu presidente, Warren Anderson, foi colocado em prisão domiciliar e solicitado a sair da Índia imediatamente.
O sistema de saúde local ficou sobrecarregado, em razão da falta de funcionários qualificados para tratar pacientes contaminados com o gás. Além disso, a cidade de Bhopal observou funerais em massa, extenso dano ambiental e evacuações, pois, o gás tóxico que restava nos tanques da fábrica foi esvaziado no ar, mesmo com as preocupações de segurança.
Nos anos que sucederam o desastre, a UCC e o governo indiano foram alvos de críticas pela maneira como lidaram como o ocorrido, chegando a enfrentar acusações de priorizar seus interesses pessoais em detrimento das vítimas. Em 1989, a empresa estadunidense foi condenada a pagar US$ 470 milhões em um acordo extrajudicial.
As consequências podem ser observadas em batalhas legais que persistem até hoje, incluindo esforços para extraditar Warren Anderson, recursos judiciais, a busca por atendimento médico e apoio financeiro para as vítimas.
Apesar das múltiplas tentativas por meios legais, os afetados pelo incidente enfrentam obstáculos na busca por compensações substanciais: os tribunais rejeitando os pedidos por maior restituição.
Essa prolongada disputa legal, que persiste há anos, mesmo com o falecimento de figuras-chave ligadas à tragédia, teve seu desfecho em março de 2023, quando o Supremo Tribunal Indianorejeitou uma petição para aumentar as indenizações, adicionando mais um capítulo à extensa busca por justiça para as vítimas do desastre de gás em Bhopal.
