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Matérias / Catástrofe

583 mortos: Tenerife, a mais devastadora tragédia da história da aviação

Em 27 de março de 1977, a colisão de dois Boeings 747, nas Ilhas Canárias, matou centenas de pessoas

Thiago Lincolins Publicado em 27/03/2020, às 08h00 - Atualizado em 30/04/2022, às 08h00

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Os destroços de uma das aeronaves - Arquivos Nacionais Holandeses via Wikimedia Commons
Os destroços de uma das aeronaves - Arquivos Nacionais Holandeses via Wikimedia Commons

O dia 27 de março de 1977 já começara sombrio para os passageiros do voo 4805 da companhia holandesa KLM e do 1736 da americana Pan American Airlines (Pan Am). Os dois Boeings 747 tinham como destino a Ilha de Grã Canária, uma das Canárias, territórios espanhóis na costa da África. Uma bomba — implantada pelo movimento separatista das Canárias — explodiu no terminal do aeroporto da ilha.

Logo a seguir, um telefonema informou sobre a existência de uma segunda bomba. O caos estava instalado e o aeroporto foi fechado. O piloto teve de informar aos passageiros que eles aterrissariam no Aeroporto de Los Rodeos, na ilha de Tenerife, outra das Canárias. 

Com a transferência dos voos, o aeroporto ficou totalmente congestionado. A única pista de taxeamento — que auxilia o tráfego de aviões enquanto ainda estão no solo — ficou bloqueada diante da abundante quantidade de aviões tentando achar onde encostar. 

Quando a pista em Grã Canária foi reaberta, os aviões se prepararam para decolar novamente. O jato da KLM, que havia deixado seus passageiros no terminal, pegou-os novamente, com exceção de uma sortuda que morava em Tenerife e aproveitou a oportunidade para ficar por lá mesmo. 

A espessa neblina que tomava conta do aeroporto naquele dia dificultou o contato entre as aeronaves e a torre de controle, que não conseguia enxergar a pista. Com este péssimo cenário, o jato da KLM, com 14 tripulantes e 235 passageiros — dos quais 52 eram crianças —, iniciou a corrida de decolagem. Sem saber ou poder ver que o Boeing da Pan American, com 25 tripulantes e 380 passageiros, estava taxeando na pista.

Representação do choque entre as duas aeronaves/ Crédito: SafetyCard via Wikimedia Commons 

O 747 da KLM atingiu o da Pan Am de barriga, logo no começo de sua decolagem. Conseguiu voar brevemente, mas, com a turbina esquerda destruída, perdeu sustentação e caiu a 150 metros dali, arrastando mais 300 pela pista. Com seus tanques cheios, o resultado foi um incêndio que levou horas para ser apagado, e que matou todos os que não faleceram no impacto na pista. 

"O piloto da Pan American estava prestes a fazer uma curva", disse Jim Naik, um dos sobreviventes do acidente em entrevista ao Daily News. “Depois, houve um grande impacto. Tudo começou a explodir e desmoronar. Dentro de cinco minutos, todo o avião estava em cinzas".

Foram necessários apenas cinco minutos para que o avião da Pan American ficasse em cinzas. Mas, neste, 61 passageiros que estavam na parte dianteira conseguiram escapar. 

As investigações concluíram que a tragédia foi causada devido à decolagem não autorizada do Boeing da KLM, que estava sendo comandado pelo piloto Jacob Veldhuyzen van Zanten. No caos daquele dia, ele acreditou ter recebido a autorização do controle de tráfego aéreo. A KLM admitiu o erro e se responsabilizou pela indenização de todos os parentes das vítimas. 

583 pessoas faleceram no pior acidente aéreo de todos os tempos. Os ataques de 11 de setembro de 2001, que, é óbvio, não foram acidente, mataram 2731 pessoas em solo, mas menos da metade de Tenerife, 265, nos aviões.