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Matérias / Nazismo

Ajudante do Anjo da Morte: Miklós Nyiszli, o médico judeu de Auschwitz

Vivendo a contradição de trabalhar para quem queria exterminar seu povo, o judeu realizou pesquisas nas quais seu supervisor, Mengele, tinha o intuito de comprovar a “inferioridade da raça judaica”

Isabela Barreiros Publicado em 28/01/2020, às 16h50

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Miklós Nyiszli - Wikimedia Commons
Miklós Nyiszli - Wikimedia Commons

Em meio à Alemanha Nazista, farmacêuticos, médicos e enfermeiros se renderam ao horror da ciência de Hitler, responsável pela morte de milhões de vítimas. Por mais terrível que fossem essas atuações, o esperado era que alemães ocupassem tais cargos. No entanto, um desses médicos era nada mais nada menos que aquilo que a ciência nazista tentava aniquilar: Miklós Nyiszli era judeu.

Judeu e prisioneiro em Auschwitz juntamente com sua família, Nyiszli teve uma trajetória insólita dentro do campo de concentração, despertando até mesmo os olhares de um dos médicos mais terríveis da Alemanha Nazista.

Josef Mengele jogou prisioneiros em caldeirões ferventes, injetou tinta em olhos de crianças, uniu gêmeos cirurgicamente e dissecou anões vivos. E, ao observar como o judeu trabalhava operando outros presos utilizando poucos recursos, decidiu “subir” seu cargo dentro do sistema.

Josef Mengele / Crédito: WIkimedia Commons

Assim que chegou à Auschwitz, o médico se ofereceu para ajudar os outros prisioneiros que estivessem passando por problemas físicos dentro do campo. Ele foi enviado ao quartel de número 12, dentro do local, para cuidar de doentes utilizando apenas suprimentos e ferramentas médicas muito escassas.

Foi assim que Nyiszli tornou-se funcionário do mesmo sistema que tentava aniquilar seus semelhantes. As contradições não pareceram impedir Mengele de colocá-lo para atuar em uma sala de autópsia e operações, realizando um serviço muito parecido com o seu próprio.

Dessa forma, ele passou a realizar autópsias em milhares de cadáveres que chegavam em sua sala. Mas mais do que isso, ele exercia papel importante nas pesquisas sobre nanismo e também geração de gêmeos. A maioria dos cadáveres analisados era de anões e gêmeos — e essas informações eram repassadas ao “Anjo da morte de Auschwitz”, que tinha um interesse peculiar em tais pessoas.

Além deles, o judeu também inspecionou corpos de pessoas mortas, principalmente, por doenças infecciosas. Isso acontecia porque o nazista em questão estava procurando por evidências biológicas da “inferioridade da raça judaica”. E sim, Nyiszli tinha que realizar tal tarefa ambígua.

Prisioneiros em Auschwitz / Crédito: Getty Images

Acredita-se que ele tenha sido “poupado” da morte nos campos de concentração para colaborar com essas pesquisas e fazer autópsias em cadáveres assassinados nas câmaras de gás, por mais divergente que essa ideia fosse. Ele também confiava que, por ter conseguido mais tempo de vida, poderia fugir da Alemanha Nazista, o que de fato aconteceu.

Foram oito meses de atrocidades vistas por Nyiszli em Auschwitz. Assassinatos de milhares de pessoas, dizimação de campos de concentração inteiros e o medo por sua esposa e filha faziam parte da rotina do médico.

Depois do campo da Polônia, ele foi transferido para Mauthausen, e depois para Melk der Donau, ambos na Áustria. Em 5 de maio de 1945, os prisioneiros foram libertados pelas tropas estadunidenses, no dia que ficou marcado como a derrota oficial dos nazistas na Segunda Guerra Mundial. Um ano depois, ele lançou o livro Auschwitz: A Doctor's Eyewitness Account, onde narrou sua experiência médica na Alemanha Nazista.

Tanto Nyiszli quanto sua família sobreviveram aos horrores do nazismo, cada um fazendo o possível — e o quase impossível — para resistirem a esse período histórico. Ele morreu apenas em maio 1956, devido a um ataque cardíaco.


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