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Matérias / World Trade Center

A história por trás do telefone encontrado nos destroços do World Trade Center

Celular que pertencia a Andrea Haberman ajuda a contar os minutos finais de uma das vítimas do 11 de setembro

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 16/07/2023, às 15h00 - Atualizado em 11/09/2023, às 09h35

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WTC em chamas em montagem com celular de Andrea - Getty Images e 9/11 Memorial
WTC em chamas em montagem com celular de Andrea - Getty Images e 9/11 Memorial

Todo mundo sabe o que estava fazendo em 11 de setembro de 2001 quando dois aviões comerciais sequestrados pela Al-Qaeda colidiram contra as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York.

O ataque orquestrado pelo grupo fundamentalista islâmico liderado por Osama Bin Laden marcou o mundo. Ao todo, 2.996 pessoas morreram na tragédia. Suas histórias jamais serão esquecidas. Como o caso de Andrea Haberman.

+ Tourist Guy: A FALSA foto do avião atingindo as Torres Gêmeas

A última ligação

Em 10 de setembro de 2001, Andrea Haberman considerou desistir de sua viagem para Nova York. Afinal, seu voo que sairia do Aeroporto Internacional O'Hare de Chicago havia sido cancelado duas vezes por conta do mau tempo. Ela já tinha feito planos: caso mais um cancelamento ocorresse, ela só partiria para Nova York na manhã seguinte.

Seria, então, a primeira vez de Andrea em Nova York, onde conheceria o World Trade Center para uma reunião de negócios no escritório da Carr Futures, corretora onde ela trabalhava.

Foto de Andrea Haberman/ Crédito: Arquivo Pessoal

Conforme recorda o portal 9/11 Memorial, a mulher havia confidenciado ao seu pai, Gordon Haberman, que estava com certo nervosismo em relação à viagem e pensava seriamente em não ir. Mas como Andrea era uma mulher muito dedicada em sua vida profissional, era contra sua natureza faltar em compromissos. O terceiro voo partiu naquela noite conforme planejado.

Andrea Haberman tinha apenas 25 anos e muitos planos pela frente. Em apenas alguns anos de formada, a carreira da garota criada em uma pequena cidade de Wisconsin avançava consideravelmente.

Recentemente, ela também havia ficado noiva de seu namorado de faculdade, Allen Kolodzik. O casal se mudou para uma casa comprada por eles no lado noroeste de Chicago. Além disso, ela passou todo o verão daquele ano planejando seu casamento.

Andrea Haberman junto de seu noivo/ Crédito: Arquivo Pessoal

No dia 11 de setembro, Andrea começou o dia com um ritual que mantinha com o noivo quando estavam separados: quem acordasse primeiro, ligaria para o outro pela manhã. Uma 'competição' que ela havia vencido naquele dia.

Aproveitando a vantagem do fuso horário, Andrea ligou para Allen de uma das mesas nos escritórios da Carr Future, no alto da Torre Norte. Ela havia chegado mais cedo para a reunião marcada para as 9 horas. Cerca de 40 minutos após o telefonema, um avião comercial atingiu o andar acima ao dela. Escapar com vida era uma tarefa impossível.

Meses depois da tragédia, alguns itens pessoais de Andrea foram encontrados entre os escombros no marco zero. Entre eles o celular que ela usou para conversar com seu noivo pela última vez.

O celular de Andrea/ Crédito: 9/11Memorial

20 anos depois

Por todos esses anos, duas vezes por semana, Gordon Haberman faz uma curta viagem de carro entre sua casa na cidade de Farmington até Kewaskum, ambas em Wisconsin, para visitar o Memorial e Centro de Educação do 11 de setembro.

Para mim, todo dia é 11 de setembro", diz em entrevista ao Fox 6 News. "Quando você perde um filho, você não pode deixar isso de lado."

Naquele fatídico dia, ele e sua esposa estavam no andar de cima de sua casa quando Gordon desceu para ver o que estava sendo noticiado na televisão. Aquela altura, o primeiro avião sequestrado já havia atingido a Torre Norte. "Desci a tempo de ver o segundo avião atingir a Torre Sul".

As horas seguintes foram frenéticas. Gordon recorda que Andrea estava preocupada antes mesmo da viagem acontecer. Ela tinha certo receio de viajar para Nova York depois que ataques terroristas foram cometidos contra o World Trade Center em 1993.

"Ela estava ao telefone com seu colega de trabalho em Chicago, descrevendo a vista da Estátua da Liberdade quando o avião caiu", disse Gordon.

Anos mais tarde, o pai de Andrea soube que a filha e seus colegas de escritório tentaram encontrar uma saída de segurança, mas não tiveram sucesso. "Todas as três escadas estavam cheias de escombros. Claro, os elevadores sumiram. As portas explodiram", relatou.

Visão aérea de Nova York em 11 de setembro/ Crédito: National Institute of Standards and Technology

17 minutos após o avião atingir o prédio de Andrea, o voo 175 da United Airlines colidiu contra a Torre Sul, que desabou por volta das 9h59, projetando uma nuvem de fumaça por toda a cidade de Nova York. A Torre Norte colapsou cerca de meia hora depois.

Incrédulo com o que via na televisão, Haberman ainda tinha um objetivo: encontrar Andrea. Após uma enxurrada de telefonemas, tentando entrar em contato com qualquer pessoa que pudesse dar alguma informação, ele acabou conversando com um agente do FBI por volta das 23 horas.

E ele apenas disse: 'Sr. Haberman, há 20 postos de comando diferentes aqui. Eles estão sem energia lá embaixo. Ninguém está procurando por sua filha'.