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Matérias / Cinema

The Conqueror: O filme que matou o elenco

A produção chegou a ser incluída no livro Os 50 Piores Filmes de Todos os Tempos, de 1978

Thiago Lincolins Publicado em 13/11/2019, às 10h00

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The Conqueror - Divulgação
The Conqueror - Divulgação

Lançado em 1956, o filme The Conqueror (Sangue de Bárbaros, em tradução livre) foi um relativo sucesso de bilheteria – com 4,5 milhões de dólares, foi o décimo primeiro filme mais visto nos EUA em 1956. O elenco contava com grandes nomes de Hollywood: John Wayne, Susan Hayward, Agnes Moorehead, John Hoyt e Pedro Armendáriz.

Cena do filme The Conqueror / Crédito: RKO Radio Pictures / Universal Pictures

Não agradou a crítica. Ainda hoje aparece em listas um dos piores filmes da década de 1950 e de toda a História. John Wayne fazendo o papel de um Gengis Khan em yellowface (um branco disfarçado de asiático) não convenceu. 

A crítica, porém, seria o menor dos problemas para o elenco e equipe envolvida nas gravações.

PERIGO RADIOATIVO

O filme foi rodado por 13 semanas no Parque Estadual de Snow Canyon, próximo a St.George, Utah, situado a apenas 220 km da Área de Testes de Nevada – local estabelecido para a realização de testes nucleares ao ar livre.

Em 1953, 11 bombas atômicas já haviam sido detonadas como parte da Operação Upshot-Knothole. O pó radioativo – levado pelo vento – se precipitou justamente sobre o parque de Snow Canyon. 

Um dos muitos testes realizados na área / Crédito: Wikimedia Commons

O produtor do filme, Howard Hughes (a colorida figura retratada em O Aviador), e o diretor, Bill Powell, estavam cientes sobre os perigos decorrentes da radiação. John Wayne levou até um contador Geiger para o set. Ainda assim, a Comissão de Energia Atômica dos EUA garantiu que a área era segura  e que os envolvidos no filme estavam livres de qualquer risco. 

As péssimas condições do set – como temperaturas altas, chegando a 49° e a grande quantidade de poeira – forçaram o elenco a finalizar as gravações nos estúdios de Hollywood. Para dar um ar realista, Hughes levou 60 toneladas de areia contaminada para Los Angeles. Jocosamente, a RKO Radio Pictures – produtora do filme — pasou a ser chamada de RKO Radioactive Pictures.

TRAGÉDIA

Com o passar dos anos, o elenco e a equipe começaram a desenvolver câncer numa escala assustadora. Sete anos após o lançamento do filme, Powell morreu da doença. Em 1960, Armendáriz foi diagnosticado com um tumor nos rins e cometeria suicídio 3 anos depois.

Hayward, Wayne e Moorehead padeceram também de cânder na década de 1970. Na seguinte, 90 membros da equipe de 220 pessoas desenvolveram tumores malignos e 46 morreram. Já em 1991, seria a vez de Hoyt, que veio a óbito após adquirir câncer no pulmão. 

Cena do filme The Conqueror / Crédito: RKO Radio Pictures / Universal Pictures

Alguns desculparam a produção, apontando o cigarro como principal responsável pela morte de Moore e principalmente Wayne – que fumava seis maços por dia. Em 1980, Robert Pendleton, na época professor de biologia da Universidade de Utah, classificou as mortes como uma epidemia.

"Tem sido praticamente impossível provar a conexão entre a radiação e o câncer desenvolvidos em casos individuais. Mas em um grupo desse tamanho, você esperaria que apenas 30 casos de câncer fossem desenvolvidos. Com 91 casos, acho que o vínculo com a exposição no set de filmagens de The Conqueror deveria ser levado ao tribunal."

Outros membros da equipe e os parentes dos que morreram consideraram processar o governo dos EUA por negligência.

Hughes conseguiu escapar do câncer, mas não do peso na consciência. Ele gastou 12 milhões de dólares ao comprar todas as cópias existentes do filme, impedindo que ele fosse visto.

Em seus últimos anos, o excêntrico aviador, industrial e cineasta se tornou um recluso, trancando-se numa sala de cinema em sua casa e enchendo garrafinhas com a própria urina. Um dos filmes que ele reprisava compulsivamente era The Conqueror.

Três anos a morte de Hughes em 1976, a Universal Pictures adquiriu os créditos.


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