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Matérias / Ditadura militar

De Érico Veríssimo a Leonel Brizola: Os gaúchos espionados pelos EUA durante a ditadura militar

Qualquer um que contrariasse os interesses americanos, ou fosse minimamente avermelhado, era considerado uma ameaça, e logo entrava na mira da CIA

André Nogueira Publicado em 30/01/2020, às 12h30

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Leonel Brizola em sua fazenda no Uruguai - Divulgação/Partido Democrático Trabalhista
Leonel Brizola em sua fazenda no Uruguai - Divulgação/Partido Democrático Trabalhista

O sul da América Latina foi uma das principais regiões a abrigar fugitivos perseguidos pela Ditadura Militar — antes dos golpes ocorridos no restante do continente. Diversos gaúchos no Brasil e no exterior eram membros da oposição e, assim, tinham sua segurança ameaçada.

Mas, para além dos sistemas de inteligência das próprias ditaduras latino-americanas, os regimes ditatoriais contaram com a vigilância da Cia, a Agência de inteligência Americana, que tinha grande preocupação com um projeto de libertação nacional da América do Sul, representado por figuras da política e das artes, incluindo no Brasil.

Documentos revelados em 2016 comprovam que os EUA espionavam desde nomes como Erico Verissimo e Josué Guimarães, e até mesmo políticos como Leonel Brizola. A CIA também se dedicou ao controle de locações que pudessem ameaçar as ditaduras que beneficiavam os Estados Unidos, como uma fábrica têxtil de Porto Alegre, vista como recanto de comunistas, ou o jornal Tribuna Gaúcha.

Erico Veríssimo / Crédito: Wikimedia Commons

Muitos dos alvos artísticos tinham sua cabeça na mira dos yankees devido a antigas relações com grupos nacionalistas, comunistas ou trabalhistas, que se posicionavam em favor de reformas econômicas no país que levariam à autonomia, ou ao programa da Política Externa Independente, que pleiteava uma relação dócil do Brasil tanto em relação aos EUA quanto à China e à URSS.

O principal alvo visto como ameaça aos interesses estadunidenses era Leonel Brizola, cujos relatórios de espionagem indicam que penejava um ataque à Conferência das Américas de 1967, em Punta del Este (Uruguai), em que o alvo era Arthur da Costa e Silva. O ataque nunca ocorreu, mas Brizola era alvo de possível retaliação estrangeira.

O ex-governador do Rio Grande do Sul era taxado na documentação como ultranacionalista e extremista de esquerda. Também era associado ao importante alvo dos EUA, João Goulart.

A Campanha da Legalidade foi, na prática, uma guerrilha / Crédito: Arquivo Nacional

Era claro o medo do governo americano de uma súbita ascensão politica de Brizola, que ameaçava o imperialismo vigente: já em seu governo, o gaúcho expropriou bens estrangeiros, fez a reforma agraria, nacionalizou fontes de petróleo, comandou a resistência armada contra o golpe militar e, depois, ainda organizou guerrilhas.

Os documentos revelados em 2016 são alguns de uma vasta gama de fontes da espionagem que os EUA faziam ao redor do mundo durante a Guerra Fria, quando a disputa por informações tinha sua forma característica. Quando alguém aparentava ter ligações com cúpulas alinhadas à URSS ou grupos em favor da luta contra o imperialismo, em defesa da autossoberania, essa pessoa logo se tornava alvo da CIA.


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