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Matérias / Personagem

Julia Ozorio, a mulher que revelou o perturbador harém do ditador Alfredo Stroessner

Segundo a paraguaia contou para a Comissão da Verdade, os locais possuíam meninas entre 10 e 15 anos

Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 07/02/2021, às 09h00

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Fotografia de Julia Ozorio - Divulgação / Youtube
Fotografia de Julia Ozorio - Divulgação / Youtube

A paraguaia Julia Ozorio tinha apenas 12 anos de idade quando foi sequestrada da residência de sua família pelo coronel Pedro Julián Miers. O pior de tudo é que ela foi apenas uma de muitas meninas que passaram por experiências semelhantes na época.  

O contexto era o regime ditatorial do general Alfredo Stroessner. Seus relatos indicam que durante o comando do tirânico, oficiais militares não apenas tinham permissão para sequestrar e estuprar crianças, como eram incentivados pelo próprio líder, que também tomava parte na crueldade. 

“Os militares caçavam garotas e as arrancavam de suas casas em troca de posições em instituições públicas para seus parentes. Ninguém podia dizer nada. Nós fomos estupradas sem piedade”, revelou Julia depois de adulta em uma investigação da Comissão da Verdade e Justiça (CVJ). 

Ela é uma das poucas sobreviventes dos haréns do regime militar paraguaio que teve coragem de revelar as atrocidades pelo qual passou. Sua história foi repercutida pelo jornal Última Hora em matéria de 2019

Horror 

Após seu rapto em 1968, Ozorio passou dois anos em uma fazenda, onde havia várias outras meninas entre 10 e 15 anos, todas sendo obrigadas realizar atos sexuais forçados. “Eles não queriam ninguém com mais de 15 anos porque falavam que já tinham ossos duros”, contou.

No entanto, não foi a única revelação chocante. Ela explicou que o local onde fora mantida era de vez em quando visitado pelo próprio Stroessner. “Havia uma pilha de fotos de meninas virgens nuas ou com vestidos curtos, de onde as vítimas eram escolhidas. Eles tiraram fotos minhas semelhantes. As ‘melhores’ eram levadas a Stroessner para serem estupradas”, disse ela, de acordo com o Diário Centro do Mundo. 

Fotografia de Alfredo Stroessner / Crédito: Wikimedia Commons 

Aos 14 anos, Julia pôde finalmente deixar o pesadelo que era aquela fazenda. Todavia, não teve sua liberdade de volta imediatamente, pelo contrário: passou de uma prisão para outra. Foi só depois de mais 15 anos dentro do sistema carcerário do Paraguai que conseguiu voltar à sociedade. 

Essa transição da vida captiva para a vida livre ainda envolveu ameaças que tinham como objetivo coagi-la a manter silêncio sobre as atrocidades cometidas contra ela quando era nova. Depois disso, Ozorio não teve dúvida: deixou seu país imediatamente.  Sua história é relatada na obra Duas Rosas e mil Soldados.

De acordo com os relatórios da Comissão da Verdade, diversos líderes do regime possuíam haréns como esse, não só o coronel Miers

História cruel 

Fotografia meramente ilustrativa a respeito de pedofilia / Crédito: Divulgação/ Patrick Pleul  

Segundo o livro “O Último Supremo”, escrito pelo historiador Bernardo Neri Farina, Leopoldo Perrier, um tenente aposentado, era outro oficial a manter um harém. Nesse local, "moças trazidas especialmente do interior do país, que se preparavam para serem posteriormente oferecidas como guloseimas ao presidente e sua corte", como documentou a pesada obra. 

O artigo “Stroessner”, de Aníbal Miranda, descreve um caso perturbador envolvendo esse mesmo harém. Uma moça chamada Sra.Malena Ashwell, que morava perto da residência onde ocorriam os estupros, avistou uma menina correndo desesperadamente pela rua, sem roupa e ensanguentada. 

A mulher paraguaia foi capaz de ajudar a jovem em fuga, todavia quando procurou denunciar o ocorrido para o resto da sociedade, acabou desenhando um alvo nas próprias costas, tornando-se imediatamente uma das pessoas perseguidas pela ditadura.


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