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Matérias / Brasil

Maria Lacerda de Moura: feminista, anarquista e educadora brasileira

Junto com a bióloga Bertha Lutz, a pioneira anarcofeminista fundou a Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher, que lutou pelo sufrágio feminino no Brasil

Isabela Barreiros Publicado em 26/02/2020, às 18h53 - Atualizado em 08/03/2022, às 11h18

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A anarcofeminista Maria Lacerda de Moura - Wikimedia Commons
A anarcofeminista Maria Lacerda de Moura - Wikimedia Commons

O movimento decisivo para a conquista do voto pelas brasileiras chegou na bagagem da bióloga Bertha Lutz, que voltava de uma temporada de estudos em Paris, em 1919. De lá, ela trouxe os ideais sufragistas e não tardou para organizá-los por aqui. Lutz e a feminista anarquista Maria Lacerda de Moura fundaram, juntas, a Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher, que lutava pelo sufrágio feminino no país.

Para Maria Lacerda, no entanto, o voto não era o suficiente: sua luta almejava muito mais. Considerando essa demanda um ponto muito pequeno e até mesmo simbólico no movimento feminista, rompeu com a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino e passou a atuar sozinha em sua militância anarquista.

Nasceu em Manhuaçu, no interior de Minas Gerais, em 1887, mas cresceu na cidade de Barbacena. Lá, formou-se professora pela Escola Normal Municipal de Barbacena e iniciou sua trajetória em defesa da alfabetização no país, principalmente por meio de reformas educacionais.

Pouco tempo depois, começou a publicar crônicas em um jornal local. Levando em conta o período, Maria Lacerda foi criticada por sua família e pessoas próximas por estar exercendo um papel que não lhe era cabido. De acordo com Míriam Leite, na biografia Outra Face do Feminismo: Maria Lacerda de Moura, seus familiares constantemente a pediam “mais moderação”.

Crédito: Wikimedia Commons

A partir dessa maior exposição, passou a ter contato com jornalistas e escritores de capitais principalmente do sudeste. E é aí que entra em contato com as teorias feministas e anarquistas, além de práticas pedagógicas renovadoras.

Mudou-se para São Paulo em 1921 e associou-se com Bertha Lutz na Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher, que, posteriormente, passou a levar o nome a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Também se envolveu com movimentos proletários, colaborando principalmente com artigos de cunho anticapitalista para a imprensa progressista. Chegou a fundar sua própria, a Renascença, em 1923.

“Já não é mais de votos que precisamos e sim de derrubar o sistema hipócrita, carcomido, das representações parlamentares escolhidas pelos pseudo-representantes do povo, sob a capa mentirosa do sufrágio, uma burla como todas as burlas dos nossos sistemas governamentais, uma superstição como tantas outras superstições arcaicas”, escreveu Maria Lacerda em um de seus textos, organizados por Míriam Leite.

Seu pensamento era influenciado principalmente pelos escritos sobre pedagogia renovadora da médica feminista Maria Montessori, pelos anarquistas Paul Robin, Sebastien Faure e Francisco Ferrer y Guardia e anarquista individualista Han Ryner, que, segundo ela mesma, lhe deu um "a noção mais alta da liberdade ética; livre de escolas, livre de igrejas, livre de dogmas, livre de academias, livre de muletas, livre de prejuízos governamentais, religiosos e sociais".

Os temas estudados pela militante estavam quase sempre ligados à condição feminina e á opressão causada pelo capitalismo. Amor livre, prazer sexual das mulheres, divórcio, maternidade, prostituição faziam parte da sua gama de estudos sobre a experiência da mulher no Brasil. Além disso, também questionava a posição do indivíduo— homens e mulheres — dentro do sistema vigente.

Seus posicionamentos estavam à frente de seu tempo: apenas movimentos feministas de décadas depois de sua morte levantariam as questões que ela já discutia naquela época. Entre a década de 1970, o corpo e a sexualidade da mulher passariam a ser temas marcantes em sua luta por direitos.


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