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Matérias / Cinema

Matrix Resurrections: Um Déjà vu de novas histórias

Novo filme da saga apresenta um Matrix diferente, mas que se prende ao passado para inovar

Fabio Previdelli | @fabioprevidelli_ Publicado em 22/12/2021, às 16h18

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Cartaz de Matrix Resurrections (2021) - Divulgação/ Warner Bros. Pictures
Cartaz de Matrix Resurrections (2021) - Divulgação/ Warner Bros. Pictures

A saga Matrix, das irmãs Wachowskis, revolucionou o cinema no início dos anos 2000 não só por suas tecnologias e efeitos gráficos esplendorosos, mas também pela maneira que uma mesma história oferece níveis diferentes de reflexões em seus espectadores. 

Apesar de, a grosso modo, os três primeiros filmes da saga nos apresentar uma história onde seres humanos viviam, sem saber, em uma realidade virtual (a Matrix), sendo manipulados mentalmente por sistemas de inteligência artificial, que só queriam sugar e produzir energia através das pessoas; a trilogia clássica também propõem uma reflexão coletiva sobre o paradoxo livre-arbítrio x determinismo. 

Cena de Matrix (1999)/ Crédito: Divulgação/ Warner Bros. Pictures

Afinal, realmente fazemos nossas próprias escolhas ou estamos presos ao nosso destino, mesmo que, por vezes, o negamos veementemente? Como Oráculo (Gloria Foster) responde à Neo (Keanu Reeves): “Você não veio aqui para fazer uma escolha. Você já a fez antes. Você está aqui para tentar entender o porquê da sua escolha.”

A relação liberdade x doutrina continua sendo um dos focos de Matrix Resurrections, mas de uma maneira muito mais emblemática. Após quase duas décadas do lançamento do último filme da saga, 'Matrix Reloaded' (2003), voltamos a ver personagens conhecidos, mas em contextos completamente inéditos que, em um primeiro momento, colocam em xeque tudo aquilo que pensávamos saber. Reatando despedidas que pareciam inevitáveis. Atenção: a partir da imagem abaixo, o texto contém spoilers sobre Matrix Resurrections! 

Ceana de de Matrix Resurrections (2021)/ Crédito: Divulgação/ Warner Bros. Pictures

Resurrection começa nos apresentando Neo, ou melhor, Thomas Anderson, como um premiado desenvolvedor de jogos, que se consagrou por criar a saga Matrix. Baseando diversos aspectos de sua vida no game, Anderson passa por momentos de incertezas ao questionar se sua criação é fruto de experiências que ele realmente viveu ou apenas de pensamentos mega criativos. 

Com alucinações — ou chamados da realidade —,o desenvolvedor passa a ver personagens de seu jogo interagindo com ele em sua vida real, embora as pessoas ao seu redor questionem se aquilo aconteceu. Aqui temos o primeiro déjà vu em Matrix: será que a realidade simulada está mais forte e perigosa do que nunca? As reviravoltas ficam no ar ao melhor estilo Black Mirror. Uma incrível sequência de deijar qualquer confuso e ansioso pela próxima cena.

A trajetória de Thomas Anderson até se redescobrir como Neo é feito através de diversas referências ao passado, com flashbacks de cenas memoráveis dos filmes anteriores, o que aflora nossa nostalgia e ajuda a introduzir novos personagens que possuem grande importância para narrativa. 

O recurso também insere velhos conhecidos, mas com uma ‘nova cara’, literalmente, como é o caso de Yahya Abdul-Mateen II na pele de Morpheus — consagrado anteriormente por Laurence Fishburne. Importante ressaltar que, por mais que o papel de Abdul-Mateen II não seja uma 'adaptação' do legado deixado Fishburne, o personagem não perde sua essência, embora a preferência pelo ator original seja quase uma unanimidade. 

Yahya Abdul-Mateen II na pele de Morpheus/ Crédito: Divulgação/ Warner Bros. Pictures

Com uma forma mais leve de contar sua história, Matrix Resurrection pode decepcionar um pouco quem esperava cenas de luta ainda mais brutais devido a tecnologia que o cinema dispõe hoje; embora elas existam e sejam muito bem construídas — momentos de encher os olhos na alta resolução das telonas, mas nada de muito fora do estilo Matrix nos é apresentado. Pelo menos nesse quesito.

Uma mudança evidente é que o filme se rendeu aos alívios cômicos que já se tornaram clichê em longas do gênero. Não que esse ponto seja algo negativo, mas é surpreendente pensar que Matrix lhe faça dar boas gargalhadas — sim, com risos genuínos. 

Outro ponto que sempre marcou os filmes de 2000, mas que agora foram 'esquecidos', é a latente excitação sexual entre os personagens, muito em virtude de Tiffany, ou melhor Trinity (Carrie-Anne Moss), também fazer parte da vida de Thomas Anderson de uma maneira menos pessoal. No primeiro ato do filme, ela é apresentada como uma amor platônico de Anderson, uma mulher casada com dois filhos em que o desenvolvedor fantosiou nela seus maiores desejos. Afinal, Tiffany é a inspiração para a Trinity do jogo. 

Mas isso não se manterá por muito tempo, o reencontro com Neo e o despertar da personagem são os pontos altos do filme. Trinity, aliás, depois de muito tempo, enfim teve reconhecida sua importância dentro da saga e para o desenvolvimento/sucesso de Neo

Carrie-Anne Moss ao lado de Keanu Reeves/ Crédito: Divulgação/ Warner Bros. Pictures

Afinal, como o próprio filme mostra, o Escolhido não é nada sem o apoio de sua amada. O que nos faz, retomando o ponto sobre as diversas interpretações que Matrix é capaz de causar, também entendê-lo como um belo filme de amor. Por que não? 

Por fim, Matrix Resurrection nada mais é do que aquele filme que a gente acha totalmente desnecessário antes de ver, mas entende sua importância e até gosta de sua história após cerca de 2h30 de narrativa. Um Matrix de um jeito diferente, mas que têm muito a dizer. 

Parafraseando duas falas icônicas da saga, "abra sua mente" e apenas "siga o coelho branco".