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Matérias / Arqueologia

Muro submerso de 11 mil anos é descoberto na Alemanha

Segundo pesquisadores, a estrutura pode ter sido utilizada para caçar renas, sendo uma das construções do tipo mais antigas conhecidas

Éric Moreira Publicado em 13/02/2024, às 08h32 - Atualizado em 15/02/2024, às 15h15

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Modelo em 3D representando estrutura descoberta submersa na Alemanha - Divulgação/Universidade de Rostock/P. Hoy
Modelo em 3D representando estrutura descoberta submersa na Alemanha - Divulgação/Universidade de Rostock/P. Hoy

Em uma viagem de barco à Baía de Mecklenburg para ensinar técnicas geofísica marinha a estudantes, o geofísico marinho Jacob Geersen, da Universidade de Kiel, na Alemanha, descobriu um curioso muro submerso no Mar Báltico, a cerca de 10 quilômetros a leste da cidade de Rerick e a uma profundidade de 21 metros, em 2021. Um estudo recente aponta que a estrutura pode ter sido utilizada para a caça, no passado.

Datada de aproximadamente 11 mil anos atrás, conforme descrito em um novo estudo publicado na última segunda-feira, 12, na revista PNAS, a estrutura teria sido utilizada pelos antigos humanos para caçar renas, quando aquele local ainda era terra firme, em vez de solo marinho.

O muro é composto por 1.670 pedras e se estende por aproximadamente 975 metros, com um metro de altura e dois metros de largura, e pode ser a maior descoberta do gênero desde o início do Holoceno da Europa.

Foi um pouco inesperada [a descoberta]", explicou Jacob Geersen ao WordsSideKick.com. "Não procuramos a estrutura porque não sabíamos que ela estava lá. Mas resolvemos o problema no fundo do mar a partir dos dados da nossa ecossonda multifeixe."

Segundo os pesquisadores, a razão para o muro de pedra ter sido encontrado submerso se deve à mudança do nível do mar ocorrida após o derretimento de camadas de gelo depois da última era glacial, que inundou a área há cerca de 8.500 anos.

Para a descoberta da estrutura, os investigadores utilizaram equipamentos de sonar em barcos e em um veículo subaquático autônomo, além de realizarem mergulhos em diferentes locais da extensão da construção.

Foi a partir dessas investigações que os pesquisadores constataram que a construção foi feita ainda em terra firme, em vez de ser uma característica natural da paisagem. De acordo com Marcel Bradtmöller, pré-historiador da Universidade de Rostock, também da Alemanha, explica no estudo que o muro, aparentemente, foi construído ao lado da margem de um antigo pântano ou lago que impedia que animais de rebanho escapassem para aquela direção.

Conforme repercutido pelo Live Science, não é possível estimar a data em que o muro foi construído com precisão, mas estima-se que tenha sido há cerca de 11 mil anos. Lembrando que as renas foram extintas naquela região há 9 mil anos, apenas alguns séculos antes de a área ser inundada.

Vale mencionar que os pesquisadores ainda esperam encontrar artefatos ao longo da extensão do muro que possam revelar detalhes sobre suas origens e seu uso. O que é sugerido é que a estrutura tenha servido para auxiliar na caça de animais, incluindo as renas — algumas partes do muro poderiam ter sido "persianas", nas quais pessoas encarregadas de abater os animais teriam se escondido para não assustar o rebanho.

Modelo de como seria a paisagem do muro no passado, com renas presas na margem de um lago hoje submerso / Crédito: Divulgação/Michał Grabowski

Habitações submersas

Vincent Gaffney, arqueólogo da Universidade de Bradford, no Reino Unido, que não esteve envolvido no estudo recente, mas que já era um investigador da região submersa conhecida como Doggerland, disse em entrevista a Live Science que, caso se confirme que a estrutura descoberta em 2021 tenha sido realmente construída pelo homem, pode demonstrar "que as nossas plataformas costeiras, muitas das quais eram habitáveis ​​antes da subida do nível do mar após a última glaciação, provavelmente preservaram evidências de estilos de vida pré-históricos raramente preservados em terra."

+ Verdadeira Atlântida: A região submersa de Doggerland

Dessa forma, a descoberta mostra "a necessidade de explorar essas áreas, que atualmente são Terra Incognita [latim para 'terras desconhecidas']", completou ele em e-mail.