Representando a grandeza agrícola local, o Palácio tem a primeira estrutura pré-fabricada do Brasil usando ferro e vidro
Na segunda metade do século 19, a sociedade hortícola de Petrópolis, no Rio de Janeiro, se expandia com o agronegócio e com operações comerciais, para chamar atenção pela qualidade local. Além disso, tinha uma grande apoiadora; a Princesa Isabel, que também compartilhava sua atuação com produtos advindos da natureza pela plantação.
Dada a projeção na comunidade, exposições agrícolas e eventos especiais se tornaram comercialmente necessários, obrigando a criação de um espaço dedicado a exposição de flores, verduras, legumes e outros produtos, para abrigar as tais feiras, que ocorriam na cidade desde 1875.
Buscando agradar à esposa, o Conde d'Eu, marido da princesaIsabel, encomendou um palácio especialmente projetado para servir de pavilhão para as exposições, prover elegância e, ainda por cima, possibilitar os itens agrícolas do local recebessem luz natural. Dessa forma, aproveitou o espaço de outro pavilhão provisório, que havia recebido a 1ª Exposição de Horticultura de Petrópolis.
De acordo com o jornal Tribuna de Petrópolis, assim nascia o Palácio de Cristal, dado como um presente para a filha mais velha do imperador Dom Pedro II, inaugurado em 1884. Contudo, antes mesmo de sua edificação ser concluída, um curioso fato sobre a estrutura chamou atenção ao quão ambicioso era o projeto.
Ainda segundo o veículo local, a estrutura foi especialmente importada de oficinas de St. Sauver-les-Arras, localizadas da França e inspiradas no Palácio de Cristal de Londres, na Inglaterra. Dessa forma, já chegou ao Brasil pronta para encaixe e montagem, sendo a primeira estrutura pré-fabricada do Brasil usando ferro e vidro.
A arquitetura, apesar de ter uma inspiração, mistura técnicas simbólicas da era Vitoriana e da Revolução Industrial. Curiosamente, as exposições agrícolas anuais só ocorreram no local nos três anos seguintes a sua inauguração, com a última datada de 1886.
No início do século seguinte, com a administração pública, tornou-se o Museu Histórico municipal e chegou a ser ameaçado de demolição para a construção de um complexo esportivo. Contudo, em 1970, foi inteiramente restaurado e arborizado meticulosamente, passando a receber eventos locais e até visitação pública.
Nos últimos anos, no entanto, seu jardim ao redor do Palácio tornou-se alvo de arqueólogos que, entre maio de setembro de 2021, localizaram milhares de peças do século 19, incluindo louças inglesas, cerâmicas germânicas, belgas e holandesas, vidros e até porcelana, mostrando a riqueza e poder que o local representava em sua criação.
