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Matérias / Filosofia

O que é o Código de Platão, investigado por professor 13 anos atrás

Código supostamente usado pelo filósofo grego chamou atenção de professor há 10 anos

Eduardo Lima, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 04/05/2023, às 20h05 - Atualizado em 30/11/2023, às 14h43

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Estátua de Platão que se encontra na Academia de Atenas, na Grécia - Divulgação/Edgar Serrano/World History Encyclopedia
Estátua de Platão que se encontra na Academia de Atenas, na Grécia - Divulgação/Edgar Serrano/World History Encyclopedia

Jay Kennedy é um professor de história da ciência na Universidade de Manchester, na Inglaterra. Esse acadêmico declarou, 13 anos atrás, que tinha desvendado alguns segredos ocultos deixados por Platão (cerca de 427 - 347 a.C.) em suas obras, que foram escritas há mais de 2000 anos, na Grécia Antiga.

De acordo com a BBC, em reportagem de 2010, esse 'Código de Platão', que Kennedy afirma ter interpretado, já era objeto de debate entre os estudiosos de filosofia há tempos. Esses especialistas discutiam se essas mensagens ocultas realmente existiam nos textos do pensador que é considerado um dos pais da filosofia, ao lado de seu professor Sócrates e de seu aprendiz, Aristóteles.

Em 2010, durante entrevista à BBC, Kennedy explicou que muitos dos seguidores de Platão na antiguidade acreditavam que os livros dele tivessem algo mais, como códigos secretos e camadas de compreensão ocultas. Essas ideias foram rejeitadas pela maioria dos especialistas modernos que estudam Platão, como afirmou o próprio professor.

Para Kennedy, esse código aparece como um padrão regular de símbolos, que teriam sido aprendidos com seguidores de Pitágoras, o filósofo e matemático. Essas marcas recorrentes nos escritos de Platão teriam a intenção de imprimir em seus livros uma estrutura musical, descoberta que poderia mudar a maneira como o pensamento de um dos maiores filósofos da história é interpretado.

Música espacial?

Muito conhecido por seu famoso teorema, usado como uma relação entre as medidas dos lados de triângulos retângulos, Pitágoras também desenvolveu outras ideias no campo da ciência matemática. Cerca de 100 anos antes de Platão, ele afirmou que os planetas e as estrelas produziam uma música que não pode ser escutada, a "harmonia das esferas". Platão gostou dessa ideia de 'música espacial' e, segundo Kennedy, em um estudo de 2010 publicado na revista Apeiron, aplicou-a em suas obras. 

Ilustração de 1913 que mostra o filósofo Pitágoras ensinando uma classe de mulheres, já que muitas de suas alunas eram do sexo feminino - Domínio Público/Creative Commons

Durante cinco anos de estudo, Kennedy analisou as obras de Platão e encontrou, no livro "A República", um dos escritos mais famosos do filósofo, uma relação entre como o texto se comporta e como funciona a escala musical grega.

Código de Platão

Segundo a teoria de Jay Kennedy, grupos de palavras relacionados ao universo da música foram colocados por Platão depois de cada duodécimo (intervalo de doze em uma série) do texto. Assim, cada um desses termos representaria uma das doze notas da escala musical da Grécia Antiga.

As notas harmônicas seriam ligadas a descrições de sons associados a coisas positivas, como o amor e o riso, enquanto notas dissonantes eram relacionadas a descrições de chiados, guerra e morte. Essa estrutura musical percorre todo o texto da obra "A República", e isso não foi só uma coincidência ou uma brincadeira linguística.

Kennedy afirma que Platão teria escrito sua obra dessa maneira, seguindo essa estrutura complexa, para passar a mensagem de que o mundo é controlado e organizado por leis matemáticas, e não pelas divindades gregas, algo que ameaçaria a segurança do filósofo, visto que era uma ideia contrária à crença religiosa comum da época.

O pesquisador também baseia sua teoria das mensagens ocultas de Platão na relação que ele tinha com seu mestreSócrates, que foi morto por heresia. Assim, esconder essa ideia na estrutura de seus livros, usando a forma e não o conteúdo, teria sido a maneira de Platão fugir desse mesmo perigo.